Noite da Liberta��o marca reencontro de terreiros em Belo Horizonte
Patrim�nio imaterial da cidade, festa do Dia de Preto Velho volta a ser realizada na Pra�a 13 de Maio celebrando a liberdade, a for�a e a resist�ncia negra
Pais de santo e ogans conduzem o ritual para gira p�blica com m�diuns de diversas casas espirituais (foto: Leandro Couri/EM/DA PRESS)
Quem passou pela Pra�a 13 de Maio, tamb�m conhecida como pra�a do Preto Velho, no Bairro da Gra�a, Na Regi�o Norte em Belo Horizonte, no s�bado (14/05) encontrou a celebra��o da Noite da Liberta��o. A festa reuniu 63 terreiros da capital depois de dois anos de suspens�o devido � pandemia de COVID-19. O evento reuniu mais de 500 pessoas na celebra��o.
A Noite da Liberta��o celebra n�o apenas o dia 13 de maio, dia da assinatura da Lei Aurea, mas a resist�ncia e ancestralidade negra. A celebra��o contou com a participa��o de dezenas de ogans, que s�o os respons�veis por tocar os atabaques e agog�s. Um dos momentos mais bonitos da festa foi quando o pai de santo e os ogans de diversas casas espirituais conduziram a gira de Preto Velho, o momento que o m�diuns incorporam essa entidade.
“N�o � que a gente celebra que uma branca deu liberdade para quem j� tinha o direito de ser livre. Aconteceu isso? Aconteceu. Mas aconteceu muito mais do que isso. A gente celebra mesmo � a luta, a for�a, a esperteza dos mais velhos que chegaram aqui, a contribui��o para a identidade e cultura colocados em Minas e em todo o Brasil”, conta Pai Ricardo zelador da Casa de Caridade Pai Jacob do Oriente e um dos diretores do RUM (Reuni�o Umbandista Mineira), organizadora da festa.
Noite da Liberta��o � uma festa tombada como Patrim�nio Imaterial de Belo Horizonte desde 2019 (foto: Leandro Couri/EM/DA PRESS)
A celebra��o, tombada em 2019 como Patrim�nio Imaterial de Belo Horizonte, contou com cortejo, roda de capoeira e homenagem � Associa��o Cultural Odum Orix�s, que completa 50 anos em 2022. Em seguida os centros presentes iniciaram seus trabalhos com passes, cantos e defuma��es. Tamb�m houve distribui��o gratuita de comidas t�picas de terreiro. “A gente entende aquela pra�a, naquele momento, como extens�o do terreiro de cada um no espa�o p�blico”, afirma Pai Ricardo.
"A gente n�o quer toler�ncia, a gente quer respeito"
Pai Ricardo
Pai Ricardo ressalta que a cultura negra est� presente no dia a dia de todos os brasileiros, fazendo parte da constru��o da identidade cultural na comida e na m�sica, por exemplo. Frases comuns ditas por m�es e av�s, como “vai benzer” e “a crian�a vai aguar”, al�m da cren�a em mau-olhado e nos benef�cios do banho de sal grosso t�m suas ra�zes em religi�es de matriz africana.
“A gente n�o quer toler�ncia, a gente quer respeito. Falar que n�o conseguiram calar os nossos tambores � muito importante. � nesse lugar que a gente quebra o preconceito, que quebra a ignor�ncia. As pessoas n�o podem mais ignorar uma cultura que faz parte da vida dela, que est� do lado dela no �nibus, que est� dentro da panela dela quando come feijoada, por exemplo”, afirma Pai Ricardo.
13 de maio � o Dia de Preto Velho
Noite da Liberta��o celebra a aboli��o da escravid�o no Brasil e a resist�ncia negra (foto: Leandro Couri/EM/DA PRESS)
Os pretos velhos s�o entidades muito reverenciadas na Umbanda. Eles s�o conselheiros, guias e orientadores. Na tradi��o umbandista, os Pretos Velhos foram na maioria negros escravizados. Muitos deles foram trazidos da �frica e, por toda a viv�ncia na Terra, adquiriram muita sabedoria. Por essa raz�o, o dia 13 de maio � dedicado � celebra��o aos Pretos Velhos. Os Pretos Velhos resistiram ao cativeiro e se elevaram espiritualmente . Uma das sauda��es usadas na Umbanda, 'adorei �s almas', faz refer�ncia � sabedoria dessas almas elevadas.