
Mas, como a infla��o dos alimentos segue em patamar elevado, o morador do Rio de Janeiro busca op��es para economizar na ceia.
Uma delas j� est� definida: Pacheco vai substituir o chester, tradicional ave do per�odo natalino, pelo frango de padaria.
Al�m de gastar menos com o principal produto da ceia, ele planeja poupar o g�s de cozinha, outro item que ficou mais caro no pa�s.
"Vou gastar uns R$ 36 para comprar um frango na padaria. O chester sairia bem mais caro, sem contar o trabalho de assar no forno", diz Pacheco, que � camel� e tem uma barraca de yakissoba na capital fluminense.
O �ndice geral de infla��o teve tr�gua no segundo semestre deste ano, mas os pre�os da comida ainda mostram alta de dois d�gitos.
O grupo alimenta��o e bebidas avan�ou 11,84% no acumulado de 12 meses at� novembro, segundo o IPCA (�ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo). � o dobro da infla��o geral medida pelo indicador oficial no mesmo per�odo (5,90%).
A estudante de publicidade e propaganda Camila Mazzochin, 21, afirma que a ceia de Natal da sua fam�lia n�o ter� carne pela primeira vez.
A moradora de Caxias do Sul (a cerca de 120 km de Porto Alegre), na serra ga�cha, � a �nica vegetariana da casa. Por�m, como os pre�os da prote�na animal subiram nos �ltimos anos, o consumo domiciliar foi reduzido.
"Minha fam�lia passou a consumir menos carne, e este ano a gente pensou em fazer algo diferente", conta a jovem.
Para economizar com legumes e hortali�as em uma ceia para cinco pessoas, Camila aposta na horta cultivada por sua m�e. Os pre�os de hortifr�ti foram pressionados pelo clima adverso no primeiro semestre do ano.
"A horta tem ajudado bastante a economizar", relata a jovem.
A fam�lia da economista Ev�nia Rodrigues, 35, tamb�m planeja mudan�as para o card�pio do Natal de 2022. Segundo a moradora de Jo�o Pessoa, toda a ceia ser� preparada em casa.
At� o ano passado, uma parte da refei��o era comprada de um buf�, incluindo pratos como salpic�o, lasanha e estrogonofe.
Apesar de os alimentos para consumo no domic�lio terem subido no ano, Ev�nia projeta uma economia de 50% a 60% nas despesas com a troca -a ceia ser� para 14 pessoas.
"Nos �ltimos dois anos, a gente comprava uma parte da ceia. Agora, resolvemos fazer por conta pr�pria", afirma a moradora da capital paraibana.
CEIA SOBE QUAE 10%
Em m�dia, o pre�o de uma cesta de produtos t�picos da ceia de Natal teve alta de 9,8% no pa�s, apontou pesquisa da Abras (Associa��o Brasileira de Supermercados).
O valor foi calculado em R$ 294,75 no in�cio do m�s, R$ 26,30 a mais do que em igual per�odo de 2021 (R$ 268,45).
A cesta analisada � composta por dez produtos: aves natalinas, azeite, caixa de bombom, espumante, lombo, panetone, pernil, peru, sidra e tender.
Ao divulgar os dados, a Abras ponderou que o c�lculo ainda n�o contemplava o efeito de poss�veis descontos �s v�speras da data festiva.
Mesmo com os pre�os mais altos, 66% dos supermercados projetam consumo superior ao Natal de 2021, segundo a associa��o. Outros 27% esperam o mesmo patamar do ano passado, enquanto 7% estimam um n�vel inferior de neg�cios.
O Natal de 2022 deve movimentar R$ 65,01 bilh�es em vendas no varejo brasileiro, conforme a CNC (Confedera��o Nacional do Com�rcio de Bens, Servi�os e Turismo).
Se a expectativa for confirmada, o setor ter� um aumento real (descontada a infla��o) de 1,2%, o primeiro ap�s dois anos de perdas. Mesmo assim, n�o deve igualar o patamar de 2019 (R$ 67,55 bilh�es), antes da pandemia.
A previs�o foi revisada para baixo, j� que a CNC projetava inicialmente uma alta maior, de 2,1%.
De acordo com a entidade, o ramo de hipermercados e supermercados deve ser o destaque em termos de movimenta��o financeira no Natal, respondendo por 38,6% do volume total -ou R$ 25,12 bilh�es.
Apesar da expectativa ainda positiva, o economista s�nior da CNC, Fabio Bentes, avalia que a carestia dos alimentos for�a o consumidor a buscar op��es para economizar.
"� um comportamento natural em um cen�rio no qual a infla��o de alimentos pressiona muito as fam�lias", afirma.
Bentes considera que os juros altos e o comprometimento da renda com d�vidas tendem a travar uma expans�o mais consistente do varejo como um todo.
Essa combina��o de fatores dificulta sobretudo a venda de produtos que custam mais e est�o associados ao cr�dito, aponta o economista.