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Estado de Minas COVID-19

Veja onde o coronav�rus avan�a com mais rapidez em BH

Levantamento com base em boletins da prefeitura indica bairros e regionais em que doen�a mais se propagou de janeiro a abril


18/05/2021 06:00 - atualizado 18/05/2021 10:12

Adriana Soares, com risco aumentado para a doença, e o marido, Carlos Braga, se protegem no bairro onde o vírus mais avançou(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Adriana Soares, com risco aumentado para a doen�a, e o marido, Carlos Braga, se protegem no bairro onde o v�rus mais avan�ou (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)

Sentada em uma cadeira de rodas desde que a diabetes lhe custou a perna esquerda, a aposentada Adriana Soares, de 63 anos, viu aumentar ainda mais sua ang�stia desde que se instalou a pandemia do novo coronav�rus, que a incluiu em grupo de alto risco. A sensa��o de amargura se agravou com as not�cias incessantes de que ao seu redor a vizinhan�a do Bairro S�o Salvador, na Regi�o Noroeste de Belo Horizonte, vem adoecendo de forma mais acelerada pela COVID-19. “A gente vai ouvindo as ambul�ncias na porta das casas e fica sabendo que internou um ou outro. Minha melhor amiga, Maria Ilza Rocha, foi e n�o voltou. Ficou 12 dias internada e morreu com 52 anos. Outras pessoas simplesmente somem. Ficam em casa, isoladas. Como eu tenho de ficar tamb�m, para n�o morrer”, desabafa.

Apesar da consci�ncia de muitos, exemplos de falta de cuidados e atitudes para preservar pessoas da epidemia saltam aos olhos no Bairro S�o Salvador e se traduzem na realidade descrita pela aposentada. A comunidade foi a que apresentou maior evolu��o de casos e mortes di�rias confirmadas pela COVID-19, no comparativo entre as �ltimas semanas de janeiro e de abril, com um salto de 44% na progress�o, segundo dados compilados pela reportagem do Estado de Minas considerando o Boletim Epidemiol�gico da Prefeitura de Belo Horizonte (veja quadro com  bairros e regi�es).

Esse acompanhamento observa as formas de monitoramento di�rio usadas pela Secretaria Municipal de Sa�de (SMSA) para controle da doen�a em �reas da capital mineira e � uma ferramenta �til, segundo a professora Jordana Coelho dos Reis, do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), inclusive como forma melhorar a preven��o antes da vacina��o dos grupos priorit�rios e potencializar os efeitos da pr�pria imuniza��o.

No Bairro Palmares, um dos cinco com disseminação mais intensa de janeiro a abril, taxistas conversam sem proteção em ponto de parada(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.a press)
No Bairro Palmares, um dos cinco com dissemina��o mais intensa de janeiro a abril, taxistas conversam sem prote��o em ponto de parada (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.a press)

O levantamento teve o objetivo de descobrir onde a COVID-19 mais progrediu em BH, separando as planilhas municipais de casos confirmados nos bairros que apresentaram mais de 10 diagn�sticos durante a �ltima semana de janeiro e, ainda, sob as restri��es da onda roxa do Programa Minas Consciente, tamb�m na �ltima semana de abril de 2021.

Ao todo, foram 179 bairros nessas condi��es. O S�o Salvador n�o se encontra isolado em ritmo acelerado de transmiss�o, sendo acompanhado de outros 17. Isso, em momento em que a maioria das �reas observadas registrou situa��o de controle, uma vez que seis estavam estabilizados e 155 apresentaram queda de casos e mortes no per�odo analisado.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
De acordo com o levantamento, a Regional Nordeste foi a que reuniu mais bairros em alta, com sete, e um �ndice total de 22%. J� a Norte, com apenas o Bairro Juliana em amplia��o, apresentou o �ndice desse bairro sem se diluir com outros, chegando a 27% de acelera��o de casos e mortes, sendo assim a regional com fator mais inflacionado. Em seguida, com 23% de aumento, vem a Regional Leste, com tr�s bairros, a Centro-Sul, tamb�m s� com o �ndice do Sion, de 15%, a Noroeste e seus tr�s bairros identificados, com 13%, e o Barreiro, tamb�m com tr�s bairros e 11% de crescimento.

Para a professora Jordana Coelho dos Reis, a fase controlada observada na maioria dos bairros � uma evid�ncia epidemiol�gica de que a vacina j� est� se traduzindo em redu��o de casos de COVID-19. “� algo que se pode conjecturar, justamente por ser o efeito j� esperado, com desacelera��o da epidemia dois meses depois de a imuniza��o come�ar. Nos EUA, ocorreu at� antes, porque se aplica a vacina a algo como 2 milh�es a 3 milh�es de pessoas por dia.”

Por outro lado, o levantamento mostra que � necess�rio obter condi��es de proporcionar mais isolamento, trabalhadores em home office e pol�ticas de preven��o mais acentuadas, por ainda haver focos de transmiss�o. “At� para a estrat�gia de vacina��o, � importante observar quais regi�es ainda est�o com casos se multiplicando. Depois dos pacientes priorit�rios e profissionais de sa�de, esse indicador vai mostrar onde � preciso refor�o de aplica��es, para o controle local da pandemia”, avalia.

A PBH informou, por meio da Secretaria Municipal de Sa�de (SMSA), que os dados de s�ndrome gripal e s�ndrome respirat�ria aguda grave disponibilizados no boletim epidemiol�gico assistencial e usados pela reportagem s�o alterados diariamente, e por isso t�m um retrato fiel a cada momento consultado. “Sendo assim, as informa��es georreferenciadas por bairros de Belo Horizonte s�o referentes � atualiza��o do dia de exporta��o, conforme descritos nas fontes das tabelas”, ponderou.

A administra��o da sa�de municipal afirma que os dados auxiliam na programa��o de medidas de combates pr�prias e de �rg�os como a BHTrans, a fiscaliza��o, a Guarda Municipal, entre outros. “Nos bairros de maior n�mero de casos, os profissionais das equipes de sa�de das �reas de abrang�ncia s�o orientados a aumentar o monitoramento dos pacientes, al�m de refor�ar medidas de controle e preven��o como o distanciamento social, medidas sanit�rias de higieniza��o e uso de m�scaras. A Secretaria Municipal de Sa�de tamb�m troca informa��es com as demais secretarias para direcionar e amplificar as a��es, conforme a necessidade epidemiol�gica.”

Comportamentos de risco nas ruas

Nas ruas do Bairro São Salvador, é fácil perceber que uso de máscara em locais públicos não é consenso (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.a press)
Nas ruas do Bairro S�o Salvador, � f�cil perceber que uso de m�scara em locais p�blicos n�o � consenso (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.a press)

� nas bordas do pequeno Bairro S�o Salvador, na Regi�o Noroeste de BH, que se observa um vaiv�m mais intenso de pessoas sem m�scaras, aglomera��es e atitudes que favorecem a transmiss�o da COVID-19, sobretudo nas �reas de limite com a Vila P�rola, ao longo do limite com o munic�pio vizinho de Contagem. Por l�, � comum ver mulheres transitando de m�os dadas com crian�as, elas com as m�scaras presas ao queixo e a meninada de rosto nu.

Trabalhadores tamb�m respingam o suor de seus esfor�os sem a prote��o facial dentro de oficinas abafadas, empurrando carrinhos de m�o dos dep�sitos de constru��o para obras ou de empresas de entrega de m�veis e frigor�ficos para dentro de caminh�es-ba�s.

Enquanto n�o recebe a segunda dose da vacina contra a COVID-19, a aposentada Adriana Soares, de 63 anos, depende do marido para continuar saindo apenas para o essencial. “Estamos vendo muito caso de coronav�rus por aqui. N�o � f�cil a gente a cada dia saber que algu�m est� ruim no CTI, ou que n�o vai mais voltar a ver, nem para o enterro”, lamenta.

O marido dela, o vendedor Carlos Ant�nio Braga, de 70, j� est� com suas dores, mas n�o descuida dos cuidados, principalmente por causa da mulher. “Perdi amigos queridos demais. Outro dia mesmo foi embora o Serginho, motorista de caminh�o. Tinha s� 46 anos. Nem chegou a internar, morreu no hospital antes. Nunca mais vamos rir juntos em uma mesa de bar”, lamenta.

Na Regional Nordeste, que concentra o maior n�mero de bairros com a doen�a em progress�o, somando sete, os descuidos tamb�m s�o vis�veis. Dois desses bairros, o Palmares, com avan�o de 32% de casos e mortes por COVID-19 de janeiro a abril, e o Eymard, com 27%, s�o muito pr�ximos, separados por poucos metros e pelo Anel Rodovi�rio de BH.

No Palmares os comportamentos mais perigosos s�o vistos pelo centrinho comercial, onde as pessoas se sentam lado a lado, sem m�scaras, e conversam como se n�o houvesse risco. No ponto de t�xi, � comum observar taxistas sentados no banco e batendo papo despreocupadamente, desprezando o perigo de cont�gio, inclusive para passageiros e familiares. Alguns deles, mais velhos, se inserem no grupo de maior risco para sintomas severos. Entregadores e distribuidores de panfletos tamb�m abandonaram a utiliza��o dos protetores faciais enquanto circulam pelos quarteir�es.

Ap�s tomar a primeira dose da vacina, o artista Eust�quio Silva, conhecido como Drummba Dag�, de 55, lembra de hist�rias tristes nas redondezas. “Minha vizinha de 80 teve a doen�a e estava muito ruim. O posto de sa�de, pelo menos, tem sido uma �tima fonte de informa��es e o pessoal tem se cuidado mais. As equipes s�o dedicadas, nos ajudam muito”, afirma.

Adiante, no Eymard, v�rios pontos de com�rcio funcionam com trabalhadores sem m�scaras, seja lado a lado nos balc�es, carregando produtos ou em outras atividades de rotina. Em um lava-jato, dois funcion�rios, al�m de fazer a limpeza dos ve�culos sem m�scaras de prote��o contra a doen�a, atendiam e cobravam os clientes da mesma forma. Crian�as tamb�m perambulam de rosto descoberto, batendo bola no meio da rua em pequenos grupos, passeando com seus c�es pela vizinhan�a ou em duplas empinando pipas despreocupadamente.

Ainda na Regi�o Nordeste, o Bairro Vista do Sol � o terceiro mais exposto da lista, com 35% mais casos e mortes de janeiro a abril, apesar de seu ar que lembra uma cidade menor. Uma comunidade pequena, de habita��es modestas e debru�ada sobre a BR-381, quase em Sabar�, onde tamb�m � comum observar pessoas caminhando sem m�scaras. Dos �nibus que servem ao bairro, h� passageiros que sobem e descem sem a prote��o no rosto, outros com o acess�rio pendurado de forma ineficiente. Sacol�es, bares, quitandas, a�ougues e armarinhos tamb�m s�o frequentados por adeptos do n�o uso de m�scaras faciais, deixando oportunidades abertas ao cont�gio pelo v�rus.


Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil

  • Oxford/Astrazeneca

Produzida pelo grupo brit�nico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa). No pa�s ela � produzida pela Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz).

  • CoronaVac/Butantan

Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmac�utica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a libera��o de uso emergencial pela Anvisa.

  • Janssen

A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidi�ria da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do �nico no mercado que garante a prote��o em uma s� dose, o que pode acelerar a imuniza��o. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.

  • Pfizer

A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Minist�rio da Sa�de em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autoriza��o para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.

Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades

Como funciona o 'passaporte de vacina��o'?

Os chamados passaportes de vacina��o contra COVID-19 j� est�o em funcionamento em algumas regi�es do mundo e em estudo em v�rios pa�ses. Sistema de controel tem como objetivo garantir tr�nsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacina��o imp�em desafios �ticos e cient�ficos.


Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia

Em casos graves, as v�timas apresentam

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus.

 

 

Entenda as regras de prote��o contra as novas cepas

[VIDEO4]

 

Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 ï¿½ transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.


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