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Estado de Minas ENTREVISTA

'Medicina de guerra': m�dico exp�e luta da rotina das UTIs na pandemia

S�rie de entrevistas revela aprendizados dos profissionais da sa�de ao longo da pandemia do novo coronav�rus, causador da COVID-19


05/07/2021 18:30 - atualizado 05/07/2021 23:26

Ap�s um um ano e tr�s meses da chegada do novo coronav�rus no Brasil, o pa�s ultrapassou a triste marca de 500 mil mortes pela COVID-19.

Na linha de frente do tratamento e cuidado desses pacientes, profissionais de sa�de tiveram que aprender sobre um inimigo que ainda era desconhecido. M�dicos, enfermeiros e toda a equipe precisaram correr atr�s de conhecimento para salvar vidas.

Estes profissionais contaram ao Estado de Minas o que tiveram de aprender na pr�tica e hoje funciona para o tratamento dos pacientes.

Desta vez, quem fala � o m�dico intensivista Norberto de S�. O profissional se formou h� 21 anos e atualmente trabalha no Hospital Metropolitano Unimed Vale do A�o, no Hospital Municipal de Ipatinga e ainda � professor na Faculdade de Medicina do Vale do A�o.

“Foi um per�odo de muito aprendizado. Costumo falar que a gente consertou o carro com o motor ligado”, comparou o m�dico durante a entrevista. 

Al�m de chamar o per�odo de “medicina de guerra”, o profissional conta os diversos aprendizados durante a pandemia dentro dos hospitais e confidencia suas ang�stias. “� como se o paciente estivesse morrendo afogado sem �gua, sem �gua no pulm�o”, lembra.

Estado de Minas entrevista o médico e professor Noberto de Sá(foto: Arquivo Pessoal/Arte EM)
Estado de Minas entrevista o m�dico e professor Noberto de S� (foto: Arquivo Pessoal/Arte EM)


Confira a entrevista completa

Voc� j� presenciou alguma crise como esta da pandemia desde quando come�ou a exercer a medicina?

Eu presenciei algumas situa��es muito menores, como a H1N1, a gripe avi�ria, mas proporcionalmente nem se compara � atual. Na �poca, a gente at� se preparou para uma pandemia, porque a expectativa � que virasse uma pandemia mundial. Os hospitais p�blicos e privados se prepararam e se estruturaram, mas n�o chega nem perto ao que vivemos hoje. A mortalidade dos pacientes era muito baixa e a gente nem tinha UTI espec�fica para o H1N1, porque eram poucos pacientes e os cuidados eram muito parecidos. 

Havia pouqu�ssima informa��o no in�cio da pandemia do novo coronav�rus, como foi tratar os pacientes desta forma? Como era o protocolo desde os casos mais leves aos graves?
A gente passou por v�rias coisas. Desde a fase inicial que a gente tratava como se fosse uma sepse normal, que � uma infec��o generalizada. Depois, come�aram a chegar algumas informa��es, principalmente da It�lia, do que dava resultado por l� e o que n�o dava.

Leia tamb�m: Em 15 meses, sa�de acumula arsenal de conhecimentos no combate � COVID-19

Ent�o, a gente come�ou a modificar os atendimentos baseados na experi�ncia italiana e alem�. As drogas que as pessoas falam de evid�ncia ou n�o cient�fica, a maioria dos hospitais testou no in�cio e abandonou logo no in�cio quando vimos que n�o funcionava, suspendeu o uso rapidamente.

Mas testamos muita coisa que n�o deu certo. Algumas coisas deram certo e s�o as que a gente utiliza at� hoje, que s�o corticoides, ventila��o, posi��o prona e a maioria das coisas que a gente utiliza hoje, testamos no in�cio, e muito pouca teve resultado efetivo. Talvez o corticoide seja a �nica coisa que fez grande impacto de todos que usamos no in�cio.

Costumo falar que a gente consertou o carro com o motor ligado.

Noberto de S�, m�dico intensivista



Foi um per�odo de muito aprendizado. Costumo falar que a gente consertou o carro com o motor ligado. Ent�o n�o teve tempo, igual outras drogas que a gente aprende na escola, simula e treina. A gente foi aprendendo com os doentes graves desde o in�cio.

Hoje tamb�m temos esses pacientes graves, mas temos uma no��o muito boa e sabe-se o que vai acontecer em 24 e 48 horas, consegue-se calcular o risco de cada paciente. No in�cio tudo era surpresa, tudo era medo, muito medo de contamina��o da equipe e agora as coisas v�o melhorando. 

Voc� falou que algumas coisas n�o deram certo. Voc� poderia exemplificar?

Sem d�vida as drogas, que as pessoas questionam muito sobre 'tratamento precoce'. Eu n�o quero nem entrar nesse �mbito laboratorial se funciona ou n�o, mas com certeza na parte hospitalar n�o funciona.

N�o existe nenhuma droga, nem os antibi�ticos ou hidroxicloroquina ou qualquer outra coisa que no paciente hospitalizado funcione e que reduz a mortalidade e tem impacto nesses pacientes.

V�rias drogas que foram testadas no in�cio, alguns antivirais tamb�m, como o pr�prio Tamiflu, que a gente usou muito para H1N1 e funcionou. Achamos inicialmente que ele funcionaria para a COVID-19 e n�o deu certo, usamos poucos meses.

N�o existe nenhuma droga, nem os antibi�ticos ou hidroxicloroquina ou qualquer outra coisa que seja que no paciente hospitalizado funcione e que reduz a mortalidade e tem impacto nesses pacientes.

Noberto de S�, m�dico intensivista



Foram testadas drogas tamb�m que s�o para o tratamento da Aids, que tamb�m � um v�rus de RNA mensageiro. Ent�o v�rios antivirais que s�o usados no tratamento do HIV e outras infec��es virais tamb�m n�o funcionaram para a COVID-19.

A gente testou muita coisa que n�o deu certo. �bvio que a gente n�o pode testar em pequenos centros, porque os grandes centros testavam. Mas quando tinha alguma d�vida, a gente acabava utilizando e via que o resultado n�o era satisfat�rio.

Voc� chegou a citar algumas vezes o conhecimento pr�vio de outras doen�as, como a H1N1 (conhecida como gripe su�na). De que forma isso ajudou no come�o da pandemia da COVID-19?

Com certeza ajudou bastante. Aquele preparo que tivemos para gripe su�na de isolamento, UTI e leitos isolados, de paramenta��o, utiliza��o de circuitos fechados em respiradores, que era uma coisa que no Brasil era pouco usado porque � caro. N�o � caro, mas se colocar em um n�mero grande de pacientes tem um impacto importante, principalmente no sistema p�blico.

Uma medicina de guerra que a gente viveu nesses �ltimos meses.

Noberto de S�, m�dico intensivista



Isso tudo a gente se organizou na epidemia da gripe su�na e muitos hospitais mantiveram essa estrutura relativamente funcionante e isso ajudou. �bvio que n�o na propor��o que estamos vendo agora, que � muito exorbitante, uma coisa que a gente nunca viu e nem imaginava ver na vida. Uma medicina de guerra que a gente viveu nesses �ltimos meses, mas essa experi�ncia ajudou a gente. Com certeza os treinamentos e conhecimentos que n�s adquirimos no passado fizeram muita diferen�a.

Quais eram as maiores dificuldades que voc�s tinham para lidar com os casos mais graves de COVID-19?

A maior dificuldade foi estrutural. A gente v� muito a popula��o dizendo 'Ah, mas sempre morreu de infarto, sempre morreu de derrame, de trauma'. Mas eu, que tenho mais de 20 anos em emerg�ncia e UTI, fiquei 15 anos no Samu de Ipatinga e fui fundador do Samu daqui.

Eu falo com meus colegas que sempre atendi trauma e nunca contaminei com trauma, nunca levei trauma para minha fam�lia. Sempre atendi infarto e AVC e nem por isso eu tive um AVC e infarto porque eu atendia o paciente.

Mas o grande problema disso era o medo da contamina��o e passa diretamente pela estrutura do atendimento. Prote��o, EPI, m�scara, �culos, capote, respiradores com circuitos fechados, o que proteger, quando limpar. At� ir ao banheiro, alimentar, qual o risco de contamina��o e n�s tivemos contamina��o na equipe, tivemos at� �bito no hospital municipal de profissionais que trabalhavam com a gente.

Eu falo com meus colegas que sempre atendi trauma e nunca contaminei com trauma, nunca levei trauma para minha fam�lia. Sempre atendi infarto e AVC e nem por isso eu tive um AVC e infarto porque eu atendia o paciente.

Noberto de S�, m�dico intensivista

Esse medo foi muito grande no in�cio. Hoje j� temos conhecimento muito bom, j� trabalhamos muito parecido com uma prote��o normal de UTI, um pouco maior em vias a�reas, como boca, olho, nariz, e muito mais seguro do que no passado. Esse medo no in�cio foi muito grande, com certeza maior empecilho no in�cio que a gente tinha.

A gente ficava vendo os v�deos dos chineses e italianos se paramentando, colocando muitos e muitos equipamentos e ficava pensando 'poxa vida, e no Brasil que a gente passa por problemas estruturais graves na rede p�blica, ser� que vamos ter equipamento, material para nos proteger desse jeito, ser� que vai sobrar EPI para a gente, para usar m�scara para todos os profissionais de sa�de, para os da limpeza, e toda equipe?'.


Gra�as a Deus isso aconteceu, com todos os problemas que a gente vive, o pa�s conseguiu se organizar. Por exemplo, eu trabalho em Ipatinga, com hospital p�blico que � 100% SUS e hoje tem uma estrutura boa, n�o falta equipamento de prote��o individual, n�o falta respirador, n�o falta leito de UTI Covid, com todos os problemas tem tudo l�.

Mas no in�cio a gente passou muito aperto tanto para comprar material, para saber o que comprar, medo de contamina��o, como vai intubar, o que usar na intuba��o. Ent�o foi um grande aprendizado para a gente. 

Voc� citou a intuba��o, que virou um marco para a fam�lia saber se seu parente estava ou n�o em uma situa��o grave. No in�cio, muitos profissionais n�o tinham experi�ncia com essa t�cnica. Como era no in�cio e o que foi poss�vel aprender para melhorar a execu��o dessa t�cnica?

Especialmente no meu caso, eu dou aula de medicina na faculdade h� quase 15 anos e � de emerg�ncia cl�nica, principalmente com intuba��o, vendo os alunos intubar, tendo o manequim. Anos e anos, eu tenho uma experi�ncia boa com isso.

L� no in�cio, foi uma coisa interessante que aconteceu comigo que foi h� uns 10 anos atr�s, eu tinha desenvolvido um prot�tipo de laringosc�pio, que eu tirei a l�mpada dele - � um aparelho que a gente usa para intubar - e eu adaptei uma c�mera chamada borosc�pio, que os mec�nicos usam para examinar motor, e adaptei ela no laringosc�pio para eu filmar a intuba��o e mostrar para os meus alunos.

Médico e professor Noberto de Sá(foto: Arquivo Pessoal)
M�dico e professor Noberto de S� (foto: Arquivo Pessoal)
Ent�o eu comecei a usar isso na sala de aula, no laborat�rio da faculdade e muitos anos usando isso, nunca divulguei para ningu�m. Quando veio a pandemia, eu lembrei 'aquele projeto que eu fiz, talvez vai ser um dispositivo interessante de usar para intubar, que al�m de poder intubar mais de longe, n�o preciso chegar perto da boca do paciente, eu evito de me contaminar e tamb�m os profissionais ao meu redor'.

Ent�o, na �poca, esse v�deo viralizou na internet, a Unimed, a Faculdade de Medicina e o hospital municipal se juntaram para produzir um v�deo comigo, colocaram nas redes sociais e isso foi para os Estados Unidos, para a Europa, rodou na Alemanha e em v�rios locais. A UFMG pediu autoriza��o e reproduziu esse v�deo, e todo mundo come�ou a fazer no Brasil inteiro igual ao que eu tinha feito.

Isso ajudou muito os m�dicos no in�cio, porque a gente n�o sabia se a gente ia contaminar durante a intuba��o. Hoje n�s j� sabemos que isso n�o � necess�rio, que n�o � 100% obrigat�rio utilizar esse dispositivo. D� para intubar com o laringosc�pio normal se protegendo totalmente sem risco. Mas ainda sim alguns lugares est�o utilizando esse projeto que desenvolvi. A gente exagerou nos preparos da intuba��o e fomos diminuindo as coisas que eram desnecess�rias. 

Ainda hoje a intuba��o � um dos momentos mais cr�ticos, � um dos crit�rios de gravidade, os pacientes mais graves v�o para o tubo e ainda hoje � preciso muito cuidado no procedimento, mas com muito mais seguran�a e preparo do que era no passado.

O que voc� n�o sabia antes da pandemia e que acabou aprendendo no tratamento dos doentes?

A gente achava que era uma infec��o viral inicialmente, como aconteceu com o H1N1, e agora a gente sabe que a COVID � uma doen�a muito sist�mica. Causa uma vasculite, uma inflama��o vascular difusa, e � uma doen�a sist�mica.

O acometimento pulmonar � uma das fases dessa doen�a, que � muito sist�mica. Acomete rim, cora��o, pulm�o, existe um grande grau de acometimento muscular tamb�m. �bvio que � secund�rio �s drogas que a gente utiliza para sedar o paciente, mas tamb�m pela pr�pria infec��o viral.

N�o � uma gripe que na semana seguinte voc� est� normal.

Noberto de S�, m�dico intensivista



Isso a gente viu que al�m das infec��es agudas e inflama��es e acometimentos agudos, que a gente chama de disfun��es org�nicas que ele causa na fase inicial, ele causa les�es secund�rias que o paciente vai apresentar em longo prazo e ent�o existe a chamada S�ndrome P�s-COVID, que a recupera��o � lenta, muitos evoluem com falta de ar, cansa�o a longo prazo. N�o � uma gripe que na semana seguinte voc� est� normal. 

O paciente passa por uma fase importante de 14 a 21 dias com um processo inflamat�rio grave. � inflama��o pulmonar, card�aca, intestinal, renal e muscular. Depois vem a fase cr�nica de recupera��o que ainda persiste nessa fase dessas inflama��es. Ent�o o paciente tem uma recupera��o muito lenta.

A gente tem visto cada vez mais que o acometimento pulmonar � uma das formas de les�o pulmonar mais graves que j� vimos na hist�ria da medicina. N�o tem nada parecido com isso, nem o primeiro coronav�rus, gripe su�na, gripe espanhola, nada disso chega perto ao que estamos vendo do novo coronav�rus.

Nem mesmo a Sara, a S�ndrome da Ang�stia Respirat�ria Aguda, complica��o que a gente via muito na infec��es generalizadas, em pacientes jovens internados em UTIs e que talvez era a doen�a mais grave que t�nhamos na UTI at� ent�o, hoje � ainda mais leve que a infec��o pulmonar do coronav�rus.


Fora que o coronav�rus predisp�e o paciente a infec��es secund�rias e os hospitais t�m combatido graves infec��es secund�rias, por bact�rias multirresistentes que t�m se proliferado por causa da infec��o por coronav�rus.

Os pacientes s�o graves com infec��es de longa perman�ncia, ent�o fica muito tempo intubado, muito tempo em ventila��o mec�nica e invasiva, e, consequentemente, o pulm�o desse paciente vira uma col�nia de bact�rias e v�rus.

Ver pacientes a todo momento sentindo falta de ar te angustiava?

Eu acho que isso talvez seja o maior problema que n�s passamos, principalmente a equipe multidisciplinar, m�dicos, enfermeiros. � como se o paciente estivesse morrendo afogado sem �gua, ele est� afogando sem �gua no pulm�o.

� como se o paciente estivesse morrendo afogado sem �gua, ele est� afogando sem �gua no pulm�o.

Noberto de S�, m�dico intensivista

Ele est� com uma fome de ar, cansado, pedindo ajuda e oxig�nio, a gente oferecendo o m�ximo de oxig�nio que a gente pode oferecer com os dispositivos que a gente tinha at� ent�o e agora a medicina vem evoluindo, criaram novos dispositivos durante a pandemia.

O cateter nasal de alto fluxo, que era um dispositivo raramente utilizado no Brasil, hoje j� temos em v�rios hospitais p�blicos e privados, o ELMO que � um capacete para oxigena��o e v�rios outros dispositivos.

Ent�o isso criou uma ang�stia na equipe m�dica e multifuncional muito grande. A gente via pessoas que eram normais, n�o tinham doen�a nenhuma e �s vezes doen�as leves, moderadas e control�veis, um diabetico, obesos, alguns idosos no in�cio e agora a gente t� vendo jovens com uma falta de ar desproporcional.

Nada parecido com o que a gente tinha visto anteriormente, com muita falta de ar, n�o respondiam ao oxig�nio, n�o respondiam � ventila��o mec�nica n�o invasiva, que s�o as m�scaras ligadas ao aparelho e �s vezes a gente intubava, sedava, induzia ao coma e ainda sim eles continuavam oxigenando mal, ou seja, o pulm�o estava muito comprometido ao ponto de mesmo intubando e sedando, que resolvia a maioria de outras doen�as, no coronav�rus n�o resolvia.

Médico e professor Noberto de Sá(foto: Reprodução/Entrevista Estado de Minas)
M�dico e professor Noberto de S� (foto: Reprodu��o/Entrevista Estado de Minas)


A gente tinha que deitar o paciente de barriga para baixo, que � uma estrat�gia que ainda d� certo nesses paciente, tem melhorado muitos pacientes. Muitos deles n�o respondiam nem mesmo desta forma. A gente fica muito angustiado, vimos muitos profissionais de sa�de afastarem por problemas psicol�gicos, ver morrer mais de uma pessoa por dia ou ter que decidir quem iria para UTI porque tinha pouca vaga.

Tinha tr�s pacientes em insufici�ncia respirat�ria grave com uma vaga de UTI, ter que escolher qual paciente era mais vi�vel ou qual tinha menos risco de morrer ou qual tinha maior risco de morrer e tentar salvar o mais grave e os outros morrerem ou evolu�rem mal. Isso causou muita ang�stia e ainda causa, mas hoje o n�mero de leitos � muito maior do que era no passado. 

A gente tinha muito medo de trazer a doen�a para casa, n�o sabia o que iria acontecer se transmitisse para algum familiar nosso. Uma curiosidade, eu moro a 50 metros da casa dos meus pais e tem 14 meses que eu n�o vou l�. Meu pai � idoso e obeso, minha m�e tem uma doen�a pulmonar, e mesmo j� estando vacinados, eu evito de ir l� porque eu trabalho na linha de frente at� hoje.

Tanto sofrimento nos hospitais vai servir para melhorar as rela��es entre m�dico e paciente. Voc� acredita que essas rela��es v�o ficar mais humanizadas?

Eu estava falando isso com um paciente, um rapaz que se chama Cl�ber, de 34 anos. Ele est� h� 49 dias internado na UTI e hoje deve ter alta para o quarto. Estava intubado, com ventila��o mec�nica, foi pronado dezenas de vezes, j� tomou mais de 20 tipos de medicamentos, ficou sedado por mais de 30 dias.

Eu estava conversando com ele, ele disse: 'Doutor, eu tenho tr�s vontades no momento. Primeira � abra�ar meus filhos, segundo � tomar um copo de �gua gelada [n�o pode porque est� com dieta pela sonda], e terceiro � tomar banho de chuveiro'.

Eu falei exatamente que a pandemia ensinou para n�s, m�dicos, n�o s� pacientes. Nesses 14 meses, todo mundo aprendeu alguma coisa, que as coisas mais importantes s�o as mais simples. Ficar em casa, abra�ar os filhos, ver os amigos, fazer uma reuni�o de fam�lia. Eu passei o dia dos pais, dia das m�es, anivers�rio, natal e ano novo, tudo isso longe dos meus pais.

S�o coisas muito b�sicas e simples, eles moram do meu lado e poderiam estar fazendo. Os pacientes viram isso, os profissionais de sa�de tamb�m. As coisas importantes que a gente vai sair valorizando ap�s isso tudo s�o as mais simples que a gente n�o valorizava tanto. A gente vai sair mais sens�vel, vamos aprender mais.

Nesses 14 meses todo mundo aprendeu alguma coisa, que as coisas mais importantes s�o as mais simples. Ficar em casa, abra�ar os filhos, ver os amigos, fazer uma reuni�o de fam�lia. Eu passei o dia dos pais, dia das m�es, anivers�rio, natal e ano novo, tudo isso longe dos meus pais.

Noberto de S�, m�dico intensivista

A visita familiar nas UTIs a gente tem visto que faz muita diferen�a. Os pacientes que recebem mais visitas ficam mais tranquilos, conseguem sair mais f�cil do respirador, acordam com mais tranquilidade, a gente usa menos sedativo nos pacientes que t�m mais visitas, que a esposa e os filhos vem.

As visitas por intera��o tecnol�gica aumentaram muito, a gente deixa a fam�lia fazer videoconfer�ncia com pacientes. Isso tem humanizado os pacientes da UTI, ent�o tem muita coisa que a gente t� aprendendo com isso e com certeza vamos levar para o resto da vida.

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A COVID-19 � uma doen�a provocada pelo v�rus Sars-CoV2, com os primeiros casos registrados na China no fim de 2019, mas identificada como um novo tipo de coronav�rus pela Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) em janeiro de 2020. Em 11 de mar�o de 2020, a OMS declarou a COVID-19 como pandemia.


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