(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas FEMINIC�DIO EM MINAS

Homem mata mulher na v�spera do anivers�rio dela e diz que foi suic�dio

Matheus Cindra, de 29 anos, estava foragido e foi preso nesta sexta (31/12). Ele � suspeito de matar a companheira Iara Natali e forjar suic�dio da v�tima


31/12/2021 19:42 - atualizado 31/12/2021 23:52

Foto de Iara Natali Silveira
Jovem foi morta nas v�spera do anivers�rio (foto: Reprodu��o/Redes sociais)
Iara Natali Silveira, 28 anos, dois filhos e uma vida pela frente, em fase profissional promissora. Os sonhos da jovem foram interrompidos na v�spera do anivers�rio dela, no dia 24 de dezembro, quando foi assassinada em Tiradentes, Regi�o Central de Minas. Parte do sofrimento de familiares e amigos, que viram a ocorr�ncia ser registrada inicialmente como suic�dio, terminou hoje (31/12), com a pris�o do suspeito.

 

O apontado como autor do crime pelas autoridades policiais � Matheus Cindra, de 29 anos, companheiro de Iara. Foi ele que acionou a Pol�cia Militar na madrugada do dia 23, quando a body piercing e tatuadora foi morta. Ele contou aos militares que Iara havia se matado. "Eu sabia que isso n�o aconteceu, eu sabia que ela tinha sido assassinada", diz, sem titubear, a m�e de Iara, Leonor das Merces Matias, de 52 anos. 

 

A corpora��o ouviu o homem, liberou e, dias depois, informa��es da per�cia criminal revelaram que o exame de necropsia da v�tima era incompat�vel com a vers�o do homem. Depois de nove dias foragido, Matheus foi preso nesta sexta-feira (31/12) no interior do Rio de Janeiro (veja mais abaixo). 

 

A reportagem tentou contato com a defesa do homem, mas n�o obteve sucesso. T�o logo os advogados respondam os contatos, esta reportagem ser� atualizada. 

 

Relacionamento 

 

Uma amiga de Iara ouvida pelo Estado de Minas conta que o casal se conheceu h� cerca de tr�s anos. No in�cio da rela��o, Matheus se mostrava um companheiro. Mas, com o passar do tempo, as brigas n�o s� come�aram, como se intensificaram.

 

Assim como a m�e da Iara, a amiga n�o acreditou na vers�o de suic�dio - e tinha certeza da autoria. "Ela estava em uma boa fase da vida profissional, estava crescendo. Homem n�o pode ver mulher se tornar independente, n�?", pontua a Kaya Sottani, de 36 anos.

 

Recentemente, Iara se destacava como tatuadora e body piercing, mas tamb�m atuava como manicure e cabelereira. "Eu ensinei a ela que precis�vamos fazer v�rias coisas. A gente precisava de dinheiro. Ela aprendia muito r�pido", relembra a m�e da jovem, Leonor.   

 

Ela lembra com orgulho sobre o mochil�o para o Chile feito por Iara e dos programas em fam�lia. "Gost�vamos de acampar, de verde, de mato. Era s� alegria", disse. "Iara n�o era apenas minha filha, era tamb�m minha m�e, minha amiga". 

 

Vers�o do namorado

 

Na vers�o registrada no Boletim de Ocorr�ncia, Matheus chamou a pol�cia. Ele afirmou que estava junto com Iara em um bar, no Centro de Tiradentes, bebendo. Depois disso, se deslocaram sentido Bairro Mococa, onde fizeram uso de maconha e, em seguida, foram para casa, no Bairro Sant�ssima Trindade.

Ele contou que, no momento em que entrou no banheiro para tomar banho, eles come�aram a discutir. Na vers�o do homem, para evitar briga, ele trocou de roupa para sair. E Iara teria dito: 'se voc� sair n�o vai me encontrar mais'.

Ainda de acordo com o registro policial, Matheus disse que saiu e ficou na escadaria da igreja e que, depois de algum tempo, mandou mensagem no celular de Iara perguntando se ele j� poderia voltar.

Segundo o homem, como n�o teve resposta, deslocou-se para casa e, quando abriu a porta da sala, se deparou com Iara ca�da no ch�o. Ainda de acordo com o suspeito, havia muito sangue pela casa e uma faca pr�ximo de Iara.

Indigna��o 


A fam�lia e amigos se indignaram com a vers�o dada a pol�cia. "Se ele fosse negro, teria sido levado no mesmo dia para a delegacia. Mas como � branco, bonitinho e falou com propriedade, a pol�cia acreditou. Isso s� mostra como a palavra do homem tem valor na sociedade machista em que vivemos", pontua Kaya. "Ela foi uma guerreira at� o fim. N�o conseguiu desvincular. Ela era uma mulher com grande potencial".

A certid�o de �bito � qual o Estado de Minas teve acesso j� constava o homic�dio. Em uma live feita em rede social, o legista da Pol�cia Civil S�rgio Veloso disse que a v�tima tinha tr�s les�es: nas costas, no pesco�o e no bra�o. Sendo que duas p�rfuro-cortantes - provocadas pela ponta de um objeto perfurante - e uma les�o cortante provocada pelo deslizamento do objeto perfurante.
 
''A ferida do bra�o � em um local comum quando a v�tima vai se defender. A v�tima, quando est� sendo atacada, coloca os bra�os na frente para se defender do agressor", aponta.
 
Ele ainda explica que o corte no pesco�o de Iara � que matou a v�tima. Mas foi a ferida nas costas que mostrou ser incompat�vel a vers�o de suic�dio. ''A les�o que provocou o �bito dela foi a les�o do pesco�o. Mas a les�o das costas foi a condi��o que demonstrou n�o ter sido uma tentativa de autoexterm�nio'', apontou o especialista.

Investiga��es e pris�o 


Por meio da assessoria de imprensa, na quinta-feira (30/12), a Pol�cia Civil de Minas Gerais (PCMG) apenas informou que abriu inqu�rito policial para apura��o completa dos fatos. Segundo o �rg�o, diversas testemunhas j� foram ouvidas e ainda acontecer�o algumas oitivas ao longo dos dias. 

"Os laudos periciais ainda n�o foram conclu�dos, por�m com a an�lise t�cnica do m�dico legista e do perito respons�vel, foi poss�vel que a autoridade policial solicitasse o mandado de pris�o do investigado, que atualmente se encontra foragido", informou, antes da pris�o realizada hoje.
 
De acordo com a nota, assim que houver a conclus�o do inqu�rito ser�o divulgadas mais informa��es, visando preservar as investiga��es.

Nesta sexta (31/12), as investiga��es da Pol�cia Civil mineira, com apoio da Pol�cia Civil do Rio de Janeiro, resultaram na pris�o de Matheus. O homem foi preso na cidade de Itatiaia, interior do estado do Rio de Janeiro, e ser� encaminhado ao sistema prisional mineiro na pr�xima semana.

Viol�ncia contra a mulher 


Juliana de Morais Ferreira faz parte do Coletivo Mulheres de Tiradentes e aponta um descaso por parte das autoridades. "Tiradentes � uma cidade pequena que carrega o patriarcado, do coronelismo de forma muito forte."

"Os �ndices de viol�ncia contra a mulher em Tiradentes s�o alt�ssimos, principalmente pensando em uma cidade pequena. N�o s�o raras as mulheres que sofrem viol�ncia psicol�gica, fisica ou financeira. Aqui n�o temos nenhum tipo de atendimento especializado", argumenta. 

A dura realidade da viol�ncia contra a mulher em Minas Gerais foi revelada, com n�meros alarmantes, pela delegada-chefe adjunta da Pol�cia Civil de Minas Gerais, Irene Ang�lica Franco e Silva Leroy, nessa quinta-feira (30/12).
 
Em todo o estado, de janeiro a outubro deste ano, foram registradas 130.178 ocorr�ncias contra elas. O total de feminic�dio tentados ou consumados foi de 287, somente no primeiro semestre de 2021. Desse n�mero, 61% foram conclu�dos com indiciamentos. O restante est� em investiga��o.

A reportagem do Estado de Minas entrou em contato com a assessoria da Pol�cia Militar de Minas Gerais e n�o obteve nenhum retorno. A fam�lia vai ser orientada por advogadas a processar a pol�cia e o estado. 

O que � feminic�dio?

Feminic�dio � o nome dado ao assassinato de mulheres por causa do g�nero. Ou seja, elas s�o mortas por serem do sexo feminino. O Brasil � um dos pa�ses em que mais se matam mulheres, segundo dados do Alto Comissariado das Na��es Unidas para os Direitos Humanos.

A tipifica��o do crime de feminic�dio � recente no Brasil. A Lei do Feminic�dio (Lei 13.104) entrou em vigor em 9 de mar�o de 2015.

Entretanto, o feminic�dio � o n�vel mais alto da viol�ncia dom�stica. � um crime de �dio, o desfecho tr�gico de um relacionamento abusivo.

O que diz a Lei do Feminic�dio?

Art. 121, par�grafo 2º, inciso VI
"Considera-se que h� raz�es de condi��o de sexo feminino quando o crime envolve:
I - viol�ncia dom�stica e familiar;
II - menosprezo ou discrimina��o � condi��o de mulher."

Qual a pena por feminic�dio?

Segundo a 13.104, de 2015, "a pena do feminic�dio � aumentada de 1/3 (um ter�o) at� a metade se o crime for praticado durante a gesta��o ou nos 3 (tr�s) meses posteriores ao parto; contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com defici�ncia; na presen�a de descendente ou de ascendente da v�tima."

Como denunciar viol�ncia contra mulheres?

  • Ligue 180 para ajudar v�timas de abusos.
  • Em casos de emerg�ncia, ligue 190.

Leia mais:



receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)