
O Brasil ultrapassou na quarta-feira (13/10) a marca de 100 milh�es de pessoas completamente vacinadas contra a covid-19.
O n�mero simb�lico acontece num momento em que outros indicadores tamb�m mostram uma melhora consider�vel no cen�rio da pandemia no pa�s.
- Por que mesmo quem teve covid deve tomar vacina, ao contr�rio do que disse Bolsonaro
- Covid: taxas de interna��o mostram que, mesmo antes de 3ª dose, vacinas evitaram mortes
E uma coisa tem a ver com a outra: embora diversos fatores possam contribuir, a vacina��o � o principal ingrediente que ajuda a explicar essa mudan�a positiva, de acordo com uma s�rie de estudos e an�lises estat�sticas.
Confira a seguir cinco n�meros que ajudam a entender o atual momento da crise sanit�ria no Brasil e o que eles sinalizam para os pr�ximos meses.
1) Quase metade da popula��o vacinada
At� o momento, pouco mais de 150 milh�es de brasileiros receberam a primeira dose do imunizante que protege contra a covid-19, segundo o Minist�rio da Sa�de.Desses, 100 milh�es est�o totalmente imunizados — seja com as duas doses da vacina ou com o produto da Janssen, que � de dose �nica.
Se fizermos uma r�pida compara��o com os Estados Unidos, por exemplo, fica f�cil de ver como o ritmo de vacina��o no Brasil segue em alta.
Segundo o site Our World In Data, que compila dados sobre a pandemia, 65% dos americanos tomaram ao menos a primeira dose da vacina. Esse percentual j� passa dos 72% entre os brasileiros.
No n�mero de doses aplicadas diariamente, os EUA atingiram um pico em abril e, desde ent�o, o ritmo de novos vacinados est� em queda constante.
J� o Brasil, que teve um primeiro semestre marcado por falta de doses, o que certamente afetou o ritmo da campanha naquele momento, passou por um crescimento consider�vel na campanha a partir de junho e julho. Foram v�rios os dias em que mais de 2 milh�es de brasileiros foram tomar a vacina.
2) Um d�cimo das mortes di�rias
Um gr�fico disponibilizado no Boletim Observat�rio Covid-19, da Funda��o Oswaldo Cruz (FioCruz), publicado em 6 de outubro, mostra que, enquanto o percentual de brasileiros vacinados sobe, os �bitos caem de forma consistente no pa�s.

A m�dia m�vel di�ria de mortes, que contempla os dados dos �ltimos sete dias, tamb�m teve uma redu��o consider�vel: segundo o levantamento do Conselho Nacional de Secret�rios de Sa�de, o Conass, o Brasil tem cerca de 300 mortes di�rias atualmente.
Essa taxa se repete pela primeira vez desde novembro de 2020, quando est�vamos no fim da primeira onda da covid-19 no pa�s.
No momento mais grave da pandemia at� agora, em abril de 2021, o Brasil chegou a registrar uma m�dia m�vel de 3.124 mortes por dia — n�mero que � dez vezes maior que o observado hoje.
Isso n�o significa que 300 �bitos a cada 24 horas seja algo bom, pelo contr�rio. � necess�rio que esse n�mero caia ainda mais para o pa�s ficar numa situa��o realmente tranquila.

3) N�mero sete vezes menor de casos
Os gr�ficos de m�dia m�vel do Conass tamb�m mostram que a taxa de diagn�sticos de covid-19 caiu bastante: em julho, o Brasil bateu o pico de 77 mil casos di�rios.
Atualmente, estamos com 11 mil, uma taxa quase sete vezes inferior.
Novamente, n�o se pode considerar que 11 mil diagn�sticos seja pouco. Mas a �ltima vez que t�nhamos atingido um patamar desses tinha sido em maio de 2020.

4) Menos de 50% dos leitos ocupados na maioria dos Estados
Al�m de impactar de forma positiva os casos e as mortes por covid-19, a vacina��o tamb�m tem um efeito claro sobre as hospitaliza��es relacionadas �s infec��es respirat�rias no pa�s.
Vale lembrar aqui que as vacinas dispon�veis foram testadas e aprovadas justamente com esse objetivo: barrar os casos mais graves, que costumam exigir interna��o e intuba��o.
Os �ltimos boletins do Observat�rio Covid-19 da FioCruz mostram que a taxa de ocupa��o de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) est� num n�vel de alerta baixo na maioria dos Estados brasileiros.
As �nicas exce��es s�o o Esp�rito Santo, que tem 75% dos leitos ocupados e fica num n�vel de alerta m�dio, e o Distrito Federal, que est� numa situa��o cr�tica, com 83% das unidades em uso atualmente.

Numa perspectiva hist�rica, d� pra ver como a situa��o evoluiu entre janeiro e outubro de 2021. No in�cio do ano, a situa��o ficou bem cr�tica, a come�ar pelo Amazonas.
No final de mar�o, praticamente o Brasil todo estava pintado de vermelho, o que indica um n�vel de alerta m�ximo, segundo os par�metros da FioCruz.

A partir de agosto, o cen�rio ficou aos poucos mais est�vel e tranquilo, com algumas varia��es pontuais, como um aumento repentino no Rio de Janeiro que logo voltou a normalizar.
E, segundo alguns estudos publicados nos �ltimos meses, as hospitaliza��es e as mortes se concentram, em sua maioria, justamente nas pessoas que n�o foram vacinadas ou est�o com o esquema incompleto, o que s� refor�a a import�ncia da campanha de imuniza��o.
5) Taxa de transmiss�o cortada pela metade
O �ltimo dado positivo vem do Imperial College, do Reino Unido: o Brasil est� com a menor taxa de transmiss�o desde que o levantamento peri�dico foi iniciado, em abril de 2020.
Esse �ndice est� atualmente em 0,60. Na pr�tica, isso significa que cada 100 pessoas infectadas transmitem o v�rus para outras 60.
Pela margem de erro do estudo, o n�mero pode variar entre 0,24 a 0,79 — ou seja, 100 indiv�duos infectados transmitem o v�rus para outros 24 a 79, respectivamente.
Em mar�o, quando a segunda onda come�ava a se formar no pa�s inteiro, esse n�mero chegou a ficar acima de 1,23 (o dobro do �ndice atual), o que significa que 100 infectados "passavam" o v�rus para outras 123 pessoas.
Segundo o Imperial College, quando o �ndice fica abaixo de 1, isso significa uma queda no ritmo de cont�gio, pois o n�mero de transmiss�o � menor do que o de pessoas que j� est�o infectadas. Agora, se a taxa ficar superior a 1, isso � um sinal de que a pandemia est� em expans�o, j� que mais e mais gente est� entrando em contato com o v�rus.
O pior j� passou?
Diante de tantas boas not�cias, ser� que � seguro afirmar que o Brasil est� se encaminhando para o fim da pandemia?
No momento, os especialistas e os relat�rios epidemiol�gicos t�m adotado uma posi��o de otimismo cauteloso. Isso significa que a melhora deve, sim, ser celebrada e exaltada, mas � preciso tomar alguns cuidados para que a situa��o n�o volte a piorar nos pr�ximos meses.
O primeiro passo � manter o ritmo da vacina��o. Quem ainda necessita tomar a segunda dose deve ir ao posto na data estipulada, enquanto idosos e profissionais da sa�de tamb�m precisam ficar atentos aos cronogramas para receber a terceira dose.

As avalia��es dos cientistas e m�dicos tamb�m refor�am a necessidade de seguir as medidas preventivas b�sicas, especialmente o uso de m�scaras de boa qualidade, que vedam bem todo o rosto, e o cuidado com as aglomera��es, principalmente em lugares fechados e com pouca circula��o de ar.
Com um ano e meio de pandemia e uma sensa��o generalizada de cansa�o, o momento atual parece n�o exigir mais aqueles lockdowns rigorosos.
"� de se esperar que, ap�s 18 meses da pandemia, a exaust�o da popula��o e a urg�ncia da retomada de algumas atividades acabem por influenciar em um certo relaxamento das medidas. Mesmo com medidas restritivas em curso, a circula��o � intensa. A expectativa de libera��o para grandes eventos, como o R�veillon e o Carnaval, pode criar uma impress�o equivocada de que � o momento de se pensar, em n�vel nacional, na abertura completa das atividades presenciais", aponta o Boletim Observat�rio Covid-19, da FioCruz.
Mas � importante evitar, mesmo quem j� est� com duas ou tr�s doses no bra�o, espa�os fechados e mal ventilados, locais onde h� aglomera��es, com pessoas muito pr�ximas umas das outras, e intera��es sociais com muita proximidade f�sica e por um tempo prolongado.
"A recomenda��o � de que, enquanto o pa�s caminha para um patamar ideal de cobertura vacinal, medidas de distanciamento f�sico, uso de m�scaras e higieniza��o das m�os sejam mantidas e que a realiza��o de atividades que representem maior concentra��o e aglomera��o de pessoas s� sejam realizadas com comprovante de vacina��o", concluem os especialistas da FioCruz.
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