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Estado de Minas INFEC��ES SIMULT�NEAS

'Flurona': por que pegar gripe e covid ao mesmo tempo n�o � necessariamente mais grave

Os registros de infec��es simult�neas com os v�rus por tr�s de covid-19 e gripe chamaram a aten��o nos �ltimos dias. Especialistas asseguram que n�o se trata de uma nova doen�a e que os cuidados permanecem os mesmos.


07/01/2022 16:32 - atualizado 08/01/2022 08:14


Influenza e coronavírus
Os casos de flurona, em que h� a detec��o de influenza e coronav�rus ao mesmo tempo, viraram not�cia a partir da virada de 2022 (foto: Getty Images)

O ano de 2022 come�ou com uma not�cia aparentemente preocupante: no dia 3 de janeiro, Israel detectou o primeiro caso de um paciente com covid-19 e gripe ao mesmo tempo.

Nas redes sociais e na imprensa, o quadro logo foi apelidado de "flurona" — jun��o dos termos flu, ou gripe, em ingl�s, e rona, em refer�ncia a "corona", ou coronav�rus.

Logo ap�s a descoberta, as ag�ncias de sa�de de v�rios outros pa�ses tamb�m anunciaram o diagn�stico de casos parecidos. No Brasil, os dois primeiros pacientes foram identificados na ter�a-feira (4/1), no Rio de Janeiro.

Embora o assunto chame a aten��o, especialistas ouvidos pela BBC News Brasil explicam que infec��es por mais de um v�rus s�o comuns na pr�tica cl�nica e, por ora, n�o existem dados suficientes para afirmar que ter gripe e covid ao mesmo tempo leve a um quadro de maior gravidade ou com mais riscos � sa�de.

"Para come�o de conversa, esse nome flurona � p�ssimo e nem deveria ser usado. N�o se trata de uma doen�a nova ou de um v�rus diferente", critica o infectologista Alberto Chebabo, da Dasa.

"Pelo que se sabe at� agora, estamos falando de uma detec��o conjunta de dois v�rus [o influenza, causador da gripe e o coronav�rus, causador da covid] e n�o h� evid�ncias de que isso leve a um aumento de casos graves", continua o m�dico, que tamb�m � diretor do Hospital Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

"E vale ainda destacar que essa detec��o conjunta n�o � nenhuma novidade. O mesmo acontece com outros v�rus", completa.

Coinfec��o ou codetec��o?

A infectologista Carolina Santos L�zari, do Grupo Fleury, explica que h� uma diferen�a importante entre detectar dois v�rus num paciente e esses pat�genos efetivamente causarem infec��es simult�neas.

"Em doen�as infecciosas que afetam o sistema respirat�rio, � comum que o paciente continue excretando o material gen�tico do v�rus algum tempo ap�s a recupera��o", diz.

A confus�o pode acontecer porque parte desse material gen�tico viral � detectado pelos exames de diagn�stico, como o RT-PCR.

Ou seja: alguns indiv�duos podem estar com uma infec��o ativa pelo coronav�rus no momento do exame e ainda excretar o material gen�tico do influenza, resqu�cio de uma gripe que j� foi superada.

Essa situa��o � um exemplo cl�ssico de codetec��o. O teste d� positivo para dois v�rus no organismo, mas apenas um deles est� causando problema de verdade.

Mas tamb�m existe a coinfec��o, em que dois pat�genos diferentes est�o agindo de forma simult�nea e engatilham uma resposta imunol�gica e inflamat�ria no paciente.

"E frequentemente ocorre at� uma intera��o entre esses dois agentes infecciosos, em que a presen�a de um pode mudar o curso da doen�a de outro", informa L�zari, que tamb�m atua no Hospital das Cl�nicas de S�o Paulo.

Como dito no in�cio da reportagem, casos de coinfec��o em geral n�o s�o uma coisa in�dita na medicina. "� poss�vel ter, por exemplo, hepatite B e C juntas. Ou HIV e tuberculose", cita a infectologista.


Profissional de saúde insere swab no nariz de paciente
Nos exames, � relativamente comum encontrar mais de um tipo de v�rus em amostras de pacientes com sintomas de infec��o respirat�ria (foto: Getty Images)

Os especialistas tamb�m lembram que, no caso espec�fico de infec��es respirat�rias, � comum detectar a presen�a de mais de um pat�geno em a��o ao mesmo tempo, especialmente em crian�as com idade escolar que s�o acometidas pelo resfriado, quadro que pode ser provocado por v�rus sincicial respirat�rio, rinov�rus, bocav�rus, parainfluenza…

"J� vimos situa��es em que tr�s v�rus foram detectados. Mas sempre fica a d�vida se todos eles est�o causando a infec��o ou se apenas um est� agindo e os outros est�o s� presentes ali", observa Chebabo.

Nesses casos mais recentes de "flurona", L�zari entende que tanto a codetec��o quanto a coinfec��o s�o poss�veis.

"Em 2020 e em boa parte de 2021, o influenza tinha praticamente desaparecido. A partir de dezembro, houve uma retomada desse v�rus", destaca.

"Os quadros de coinfec��o, portanto, se tornam mais frequentes em per�odos de surtos, como esse que temos agora", destaca o m�dico patologista Helio Magarinos, diretor do laborat�rio Richet, no Rio de Janeiro.

"A pandemia de covid-19 n�o acabou e estamos em meio a uma epidemia de influenza em v�rias cidades brasileiras", complementa.

� mais grave?

Com poucos dias desde que os primeiros casos da "flurona" foram diagnosticados, ainda � cedo para ter certeza sobre o impacto da infec��o em dose dupla na sa�de dos pacientes.

Tamb�m n�o se sabe se o quadro est� relacionado a sintomas diferentes ou a um maior risco de hospitaliza��o e morte.


Profissional de saúde trabalhando em hospital
Por ora, n�o h� evid�ncia de que um quadro de infec��o dupla por coronav�rus e influenza leve a uma maior gravidade (foto: Getty Images)

"Ser� que pegar os dois v�rus pode ser mais perigoso para algum grupo espec�fico, como idosos, crian�as ou indiv�duos com a imunidade comprometida? Ainda n�o temos essa resposta", diz L�zari.

"� claro que estamos falando de influenza e coronav�rus, dois v�rus que j� s�o mais patog�nicos. O fato de eles estarem juntos gera um certo receio", continua a m�dica.

"Mas isso n�o � suficiente para a gente concluir que esse quadro levaria a um pior desfecho", conclui.

Chebabo concorda. "At� agora, n�o temos nenhum dado que demonstre um aumento na gravidade."

Como se proteger?

Se, por um lado, existem v�rias perguntas sem resposta sobre o real significado da infec��o simult�nea por coronav�rus e influenza, por outro, h� muita certeza a respeito dos m�todos mais efetivos para prevenir essas doen�as, independentemente de elas aparecerem juntas ou separadas.

Manter o distanciamento f�sico, usar m�scaras de boa qualidade, lavar as m�os frequentemente e preferir encontros ao ar livre ou em locais com boa circula��o de ar s�o atitudes que diminuem o risco de pegar covid e gripe, indicam os especialistas.

N�o d� pra se esquecer tamb�m das vacinas. No caso do coronav�rus, � primordial complementar o esquema preconizado com duas ou tr�s doses.

J� no caso da gripe, algumas cidades est�o oferecendo atualmente o imunizante para toda a popula��o (ou alguns grupos espec�ficos) nos postos de sa�de.


Homem com máscara passa diante de mural ilustrado com um coronavírus
M�scaras e demais medidas indicadas contra a covid tamb�m funcionam contra a gripe (foto: Getty Images)

"Se voc� n�o se vacinou contra a gripe em 2021 e h� disponibilidade na regi�o onde voc� mora, sempre vale a pena tomar a dose", recomenda L�zari.

"O subtipo do v�rus influenza que est� em circula��o no Brasil agora � H3N2 Darwin, enquanto a vacina oferecida no ano passado confere uma prote��o contra o H3N2 Hong Kong", continua.

"A vacina, portanto, pode surtir um efeito menor. Mesmo assim, ter uma prote��o parcial ainda � melhor do que n�o ter prote��o nenhuma", raciocina a infectologista.

Estou com sintomas. O que fazer?

Se voc� apresenta sinais t�picos de uma infec��o respirat�ria, como tosse, coriza, febre, dor, diarreia e perda de olfato ou paladar, � importante ficar em isolamento (para n�o transmitir os v�rus adiante) e buscar o diagn�stico.

Magarinos conta que os laborat�rios possuem a tecnologia para fazer a detec��o dos casos simult�neos de covid e gripe.

"� poss�vel fazer essa avalia��o tanto pelo RT-PCR quanto pelos testes de ant�geno", diz.

"A indica��o de um ou de outro vai depender da disponibilidade, da avalia��o do profissional de sa�de e de quantos dias se passaram desde o in�cio dos sintomas", lista o m�dico.

Entenda a diferen�a entre esses m�todos e quando eles devem ser feitos nessa reportagem publicada pela BBC News Brasil.

Em algumas situa��es, � poss�vel fazer o chamado painel viral, em que um �nico exame avalia a presen�a de influenza, coronav�rus e v�rios outros pat�genos.

A amplia��o na oferta desses exames mais amplos, inclusive, tende a aumentar a detec��o de "flurona" e de outros "encontros" virais num mesmo indiv�duo — por estarmos num momento de alta circula��o de v�rus respirat�rios, quanto mais eles forem procurados, mais casos ser�o identificados.

Outra possibilidade � testar separadamente para essas duas doen�as e comparar os laudos. Se um resultado der positivo para coronav�rus e o outro aparecer negativo para influenza, por exemplo, o indiv�duo pegou covid, mas est� livre da gripe.

Agora, se uma ou essas duas doen�as forem diagnosticadas de fato, a recomenda��o � seguir em isolamento pelos dez dias seguintes, avisar os contatos pr�ximos, monitorar os sintomas e ir ao hospital caso os inc�modos piorem ou demorem a passar.

"No caso espec�fico do influenza, h� a possibilidade de fazer um tratamento com o antiviral oseltamivir, desde que exista uma recomenda��o e uma prescri��o m�dica para isso", aponta L�zari.

J� contra o coronav�rus, n�o existem antivirais aprovados e dispon�veis no Brasil.

Voc� pode saber mais sobre as orienta��es b�sicas para quem est� com sintomas de infec��es respirat�rias nesta outra reportagem da BBC.

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