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Estado de Minas CHECAMOS

Teste sorol�gico n�o � recomendado para avaliar imunidade adquirida com vacinas contra a covid-19

Afirma��o de m�dico brasileiro em v�deo compartilhado milhares de vezes em redes sociais � enganosa


16/07/2021 20:42 - atualizado 17/07/2021 07:23

“Eu n�o tenho anticorpos contra o coronav�rus, mesmo ap�s vacinado”, afirma um m�dico em um v�deo compartilhado mais de 38 mil vezes nas redes sociais desde o dia 12 de julho de 2021.
Ele detalha ter tomado duas doses da vacina CoronaVac e ter realizado um teste de “titula��o de anticorpos”, que teve resultado negativo.

Mas isso � enganoso. �rg�os regulat�rios do Brasil e Estados Unidos, assim como especialistas consultados pela AFP, alertam que testes de detec��o de anticorpos n�o servem para medir o n�vel de prote��o contra o v�rus.
“CUIDADO. Voc� pode ter tido o mesmo PROBLEMA que eu . UMA FALSA PROTE��O”, disse o m�dico na legenda do v�deo compartilhado no Facebook e no TikTok.

O v�deo foi compartilhado tamb�m no Twitter e no Youtube em outros perfis. “Dr. Delano tomou as duas doses de Coronavac e fez a testagem de anticorpos 6 meses depois. Resultado? N�o est� imunizado! Calcinha Apertada sua vacina vale tanto quanto voc�. Nada!”, diz um usu�rio.

Algumas das cr�ticas fazem parte da rivalidade entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de S�o Paulo, Jo�o Doria, que protagonizaram embates durante a pandemia relacionados � vacina CoronaVac. “Calcinha apertada” � como alguns dos apoiadores do presidente chamam o governador, em refer�ncia �s suas vestimentas.


No v�deo, o m�dico afirma ter realizado um teste de titula��o de anticorpos para verificar se estava imune ao SARS-CoV-2, v�rus causador da covid-19. Ele mostra o resultado de seu exame e diz que teve “10% de resultado, quando deveria ter dado acima de 20 ou 50%”. Ele afirma, ainda, que essa � a prova de que ele n�o tem anticorpos contra o novo coronav�rus, mesmo tendo sido vacinado. Depois, exige a aplica��o de uma nova dose de imunizante.

Sorologia e prote��o vacinal

O exame realizado pelo m�dico � um tipo de teste sorol�gico, que identifica a quantidade de anticorpos contra o v�rus que o organismo tem em circula��o.

Larissa Brussa, doutora em gen�tica e biologia molecular e divulgadora cient�fica da Rede An�lise Covid-19, explicou ao AFP Checamos que o teste sorol�gico “seria como um teste para detec��o [de anticorpos]. J� a “titula��o de anticorpos”, � qual se refere o autor do v�deo, pode ser inclusa no resultado oferecido pelo teste sorol�gico e identifica a quantidade de anticorpos existentes, explicou a pesquisadora.

Esses testes, no entanto, n�o s�o recomendados para indicar se uma pessoa est� imune ou n�o ao v�rus, pois os anticorpos neutralizantes encontrados nesses testes n�o s�o os �nicos que comp�em o sistema imunol�gico. “A imunidade conta com v�rios outros agentes, como a imunidade celular, atrav�s das c�lulas de defesa. [...] A imunidade � um mecanismo muito complexo”, destaca a pesquisadora.

A Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) desaconselha o uso de tais testes sorol�gicos para atestar a prote��o vacinal desde mar�o de 2021, quando publicou uma nota t�cnica sobre o assunto.

Nela, a Anvisa destaca que “n�o existe at� o momento defini��o da quantidade m�nima de anticorpos neutralizantes necess�ria para conferir prote��o imunol�gica contra a infec��o pelo SARS-Cov-2”.

Assim, a afirma��o do m�dico de que em seu exame era preciso ter acima de 20% ou 50% de anticorpos neutralizantes para ser considerado imune tamb�m � enganosa, pois n�o h� evid�ncias cient�ficas que fundamentem esses dados.
Captura de tela feita em 15 de julho de 2021 de uma publicação no TikTok
Captura de tela feita em 15 de julho de 2021 de uma publica��o no TikTok

Em um comunicado emitido em junho de 2021, a Anvisa informou que os produtos atualmente registrados no Brasil permitem somente identificar se uma pessoa j� se infectou pelo SARS-CoV-2. “Os testes dispon�veis n�o foram avaliados para verificar o n�vel de prote��o [natural ou vacinal] contra o novo coronav�rus”.

A Ag�ncia de Medicamentos e Alimentos (FDA) dos Estados Unidos tamb�m desaconselha o uso dos testes sorol�gicos para avaliar se algu�m est� protegido contra o v�rus, “especialmente ap�s a pessoa ter recebido a vacina contra a COVID-19”, e recomenda que sejam usados apenas com a finalidade de identificar se j� ocorreu uma infec��o pelo novo coronav�rus.

Brussa ainda indicou ao Checamos que n�o h� testes no mercado que permitam identificar se uma pessoa est�, de fato, imune ao SARS-CoV-2, ou que avaliem o n�vel geral da imunidade.

Repercuss�o do v�deo

Um dia ap�s a publica��o do v�deo, em 13 de julho, a Secretaria de Sa�de de Divin�polis (MG) %u23AF cidade do m�dico autor do v�deo %u23AF publicou uma nota de esclarecimento, em resposta aos “crescentes questionamentos sobre a realiza��o de exames para avaliar a efic�cia de vacinas e das solicita��es de doses adicionais de imunobiol�gicos”.

Na nota, a Prefeitura desaconselhou avaliar a imunidade contra o novo coronav�rus a partir de testes que dosam anticorpos neutralizantes.

Cita, tamb�m, um documento no qual a Sociedade Brasileira de Imuniza��es (SBIm) lembra que a resposta imune desenvolvida por meio da vacina��o n�o depende apenas de anticorpos neutralizantes, pois h� a imunidade inata, que tamb�m atua na prote��o contra infec��es. A SBIm conclui:

“A complexidade que envolve a prote��o contra a doen�a torna desaconselh�vel a dosagem de anticorpos neutralizantes com o intuito de se estabelecer um correlato de prote��o cl�nica”.

O Instituto Butantan, que produz a CoronaVac em parceria com a farmac�utica chinesa Sinovac, publicou em sua conta no Twitter que o v�deo � uma “Fake News, um desservi�o � sa�de”. “Testes sorol�gicos n�o servem para avaliar prote��o, contra a Covid-19, como j� alertou a Anvisa”, finalizou.

Procurado pelo AFP Checamos, o instituto reiterou as informa��es divulgadas na nota da SBIm e indicou uma publica��o do Governo de S�o Paulo no Facebook, na qual verifica as informa��es divulgadas pelo m�dico de Divin�polis e desaconselha o uso de testes de anticorpos para medir a prote��o vacinal.

A CoronaVac � eficaz?

O Butantan tamb�m afirmou � AFP que a vacina CoronaVac � eficaz, o que foi comprovado “pelos testes cl�nicos realizados com 12.500 volunt�rios e que embasaram a aprova��o de uso emergencial pela Anvisa e, mais recentemente, pela pr�pria Organiza��o Mundial da Sa�de.
Enfermeira segura amostra de sangue tirada para teste de detecção da covid-19, na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, em 15 de abril de 2020. ( AFP / Florian Plaucheur)
Enfermeira segura amostra de sangue tirada para teste de detec��o da covid-19, na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, em 15 de abril de 2020. ( AFP / Florian Plaucheur)

Um artigo publicado no �ltimo m�s de junho por cientistas do Butantan mostrou que a efic�cia da CoronaVac para casos sintom�ticos atingiu 50,7%. Na an�lise, os pesquisadores apontam que o imunizante pode chegar a uma efic�cia global %u23AF prote��o contra casos leves, moderados ou graves %u23AF de 62,3%.

A publica��o tamb�m constata a efic�cia da vacina contra as variantes P.1 e P.2, surgidas no Brasil, chamadas pela OMS como Gamma e Zeta, respectivamente.

O Instituto Butantan refor�ou ao Checamos “que a vacina��o � uma estrat�gia de sa�de coletiva e n�o somente individual”.

A divulgadora cient�fica e doutora em biologia celular Rafaela Ribeiro disse � AFP que, por ser uma estrat�gia de sa�de coletiva, a vacina��o deve ter a ades�o do maior n�mero de pessoas poss�vel, mesmo que cada indiv�duo possa ter uma resposta imunol�gica diferente.

“O importante � que se muitos se vacinarem, vamos formar um escudo de transmiss�o, no qual alguns geram uma resposta diferente do outro com maior ou menor intensidade, que diminui a circula��o do v�rus e ainda, o mais importante, impede o desenvolvimento da doen�a”, explicou a pesquisadora.

Um exemplo do que Ribeiro apontou � o Projeto S, desenvolvido pelo Instituto Butantan em Serrana (SP). Para o estudo, toda a popula��o adulta da cidade foi imunizada com duas doses da CoronaVac, levando os casos sintom�ticos da covid-19 a diminuirem em 80%. As interna��es ca�ram 86% e as mortes, 95%.

Autoria da publica��o

O m�dico Delano Santiago, que aparece no v�deo viralizado, � registrado no Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG) e atende em uma cl�nica particular em Divin�polis.

Ap�s a repercuss�o de sua postagem, o m�dico publicou outro v�deo, em que reconhece que o teste realizado para identificar os anticorpos neutralizantes n�o � capaz de comprovar sozinho que uma pessoa n�o est� imune ao v�rus.

O AFP Checamos entrou em contato por telefone e e-mail com Laborat�rio Central, onde o m�dico afirmou ter realizado o exame, mas n�o obteve resposta at� a publica��o desta mat�ria.

Um conte�do semelhante tamb�m foi checado pela Ag�ncia Lupa.

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