
Segundo dados preliminares do Registro Civil Nacional/Portal da Transpar�ncia, nos tr�s primeiros meses deste ano, o n�mero de mortes excedeu o de nascimentos no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro. Em abril, as Regi�es Sul, Sudeste e Centro-Oeste j� registram mais mortes, embora os dados ainda tenham de ser consolidados.
Segundo especialistas, mesmo que haja represamento dos registros de nascimento, n�o seria suficiente para aproximar tanto as duas curvas se n�o houvesse excesso de mortalidade. Em geral, o n�mero de nascimentos no Brasil anualmente � mais que o dobro do n�mero de mortes.
Mesmo que a tend�ncia n�o se confirme para todo o Brasil at� o fim do m�s, dizem, � significativo que o Pa�s tenha registrado tais n�meros pela primeira vez em sua hist�ria. Normalmente, o n�mero de mortes s� excede o de nascimentos em pa�ses muito desenvolvidos. � o caso do Jap�o, por exemplo, onde a taxa de natalidade � extremamente baixa.
Proje��es do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) apontavam que a popula��o brasileira s� alcan�aria esse patamar e pararia de crescer em 2047. Nesse ano, daqui a 26 anos, o Brasil - prev� o instituto - chegar� a 233 milh�es de pessoas.
Hist�rico
O fen�meno, no entanto, j� foi registrado de forma excepcional e pontual em momentos de trag�dia e profunda desestrutura��o social. Foi o que ocorreu com a Segunda Guerra Mundial, a epidemia de Aids em alguns pa�ses da �frica e o colapso da antiga Uni�o Sovi�tica.
No caso atual do Brasil, al�m das mortes provocadas diretamente pela pandemia, h� uma eleva��o do n�mero de �bitos por outras causas. Isso acontece diante do colapso do sistema de sa�de, causado pela pandemia. Para especialistas, � normal tamb�m que as pessoas tenham menos filhos em um momento de crise.
"Evidentemente, o eventual decrescimento vegetativo atual � excepcional e se deve ao agravamento da pandemia", afirmou o dem�grafo Jos� Eust�quio, funcion�rio aposentado do IBGE. "Controlar o v�rus e reduzir as mortes � essencial para que as pessoas possam decidir ter filhos em um ambiente saud�vel e para que a transi��o demogr�fica possa seguir o seu ritmo menos traum�tico."
Proje��o
Na an�lise de Miguel Nicolelis, neurocientista e professor catedr�tico da Duke University (EUA), o n�mero total de mortos pode superar o de nascimentos em abril. O total de �bitos causados pela COVID-19 pode ultrapassar os 500 mil em julho, avalia. "No pico da primeira onda j� houve um crescimento enorme de mortes", disse. "Agora, em mar�o, chegaram a 174 mil. A expectativa de �bitos de abril j� passa de 100 mil no m�s. Nas minhas contas poderemos ter 200 mil ou mais mortes totais, somando todas as causas. Nesse sentido o Brasil estaria no negativo. Est� dif�cil fazer previs�o, mas falar em 500 mil mortos at� julho talvez seja conservador agora."
Eust�quio concorda com o colega. "N�o � improv�vel que em algum m�s de 2021 o n�mero de �bitos supere o de nascimentos. Isso seria um fato absolutamente in�dito na hist�ria brasileira, que � marcada por um crescimento muito consistente e acelerado ao longo dos tempos", afirmou. "Embora as taxas de fecundidade estejam caindo desde a d�cada de 1960, as proje��es do IBGE e da ONU indicam que o n�mero de habitantes do Brasil vai continuar crescendo at� a d�cada de 2040 e s� deve come�ar a diminuir na segunda metade do s�culo."
A dem�grafa M�rcia Castro, do Centro de Estudos para Popula��o e Desenvolvimento da Universidade de Harvard, n�o acredita que v� haver redu��o da popula��o no Brasil. Considera, por�m, que os n�meros s�o muito significativos. "N�o � que a popula��o v� diminuir, claro que � algo tempor�rio", afirmou. "Mas � uma mudan�a in�dita, algo que nunca tinha acontecido, considerando o nosso est�gio de transi��o demogr�fica. Mas nunca t�nhamos visto um crescimento do n�mero de mortes desse jeito e quando comparamos com os anos anteriores, e olhamos para os Estados, vemos claramente rela��o com a pandemia."
Por causa dessas altera��es das din�micas demogr�ficas, diz M�rcia Castro, mais do que nunca seria importante a realiza��o do censo, que o governo pretende adiar mais uma vez. Para Nicolelis, mudan�as demogr�ficas de longo prazo poder�o ser sentidas no futuro, com a redu��o da popula��o economicamente ativa, por exemplo. Segundo os especialistas, um lockdown rigoroso e mais longo � necess�rio para deter a escalada das mortes.
O que � um lockdown?
Saiba como funciona essa medida extrema, as diferen�as entre quarentena, distanciamento social e lockdown, e porque as medidas de restri��o de circula��o de pessoas adotadas no Brasil n�o podem ser chamadas de lockdown.
Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil
- Oxford/Astrazeneca
Produzida pelo grupo brit�nico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa). No pa�s ela � produzida pela Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz).
- CoronaVac/Butantan
Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmac�utica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a libera��o de uso emergencial pela Anvisa.
- Janssen
A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidi�ria da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do �nico no mercado que garante a prote��o em uma s� dose, o que pode acelerar a imuniza��o. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.
- Pfizer
A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Minist�rio da Sa�de em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autoriza��o para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.
Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades
Como funciona o 'passaporte de vacina��o'?
Os chamados passaportes de vacina��o contra COVID-19 j� est�o em funcionamento em algumas regi�es do mundo e em estudo em v�rios pa�ses. Sistema de controel tem como objetivo garantir tr�nsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacina��o imp�em desafios �ticos e cient�ficos.
Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarreia
Em casos graves, as v�timas apresentam
- Pneumonia
- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus.
Entenda as regras de prote��o contra as novas cepas
Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.Para saber mais sobre o coronav�rus, leia tamb�m:
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