Sem efic�cia contra a COVID-19, procura por hidroxicloroquina cresce 58,5%

A procura dos brasileiros pela hidroxicloroquina cresceu 58,5% neste ano, em rela��o a 2020. Entre as regi�es do pa�s, o sudeste lidera no ranking das buscas pelo medicamento, que n�o possui efic�cia comprovada contra a COVID-19.  

Por outro lado, houve uma queda de 95,1% na procura por ivermectina. Medicamento tamb�m sem efic�cia no tratamento do coronav�rus. 

O levantamento foi realizado com a base de dados da Medipre�o, startup parceira do painel de monitoramento de produtos controlados da Anvisa (Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria). 

A pesquisa apontou, ainda, que a hidroxicloroquina foi pesquisada, no aplicativo da startup, 763.134 vezes no primeiro semestre de 2021. Enquanto em 2019, a droga foi buscada somente seis vezes na plataforma. Desde 2019, a procura pelos dois medicamentos aumentou 15 mil vezes no pa�s. 

Em mar�o do �ltimo ano, ainda no in�cio da pandemia, a hidroxicloroquina entrou no rol de medicamentos com potencial de tratamento da COVID-19. No entanto, em poucas semanas a teoria foi derrubada pela comunidade cient�fica. Atualmente, a Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS) se posiciona contra o uso da droga para este fim. 

Segundo o levantamento, o Sudeste foi respons�vel por 661.154 das buscas pela hidroxicloroquina no aplicativo da Medipre�o. Em seguida est� a regi�o Sul, com 468.798 buscas pelas droga. 

No nordeste, 177.364 pessoas procuraram pelo medicamento na plataforma. No Centro-Oeste, 170.272. O menor volume de buscas foi na regi�o Norte, com 48.680. 

Al�m disso, na base de dados da startup, o pre�o da hidroxicloroquina variou, em m�dia, 265% em 2021. Essa varia��o acontece devido ao aumento da procura. Al�m disso, os pre�os mudam de acordo com a regi�o e formato de distribui��o dos medicamentos”, explica Alexandre M�ximo, CEO da Medipre�o. 

Em 2020, a Ivermectina foi procurada 748.779 vezes no aplicativo. Enquanto em 2021, o n�mero caiu para 36.328 buscas. 

Desta vez, quem liderou as buscas foi a regi�o Sul, com 12.288 vezes. Seguida do Nordeste, com 10.820 pessoas que procuraram a droga. O Sudeste, neste caso, ficou em terceiro lugar, respons�vel por 8.656 buscas. 

Com rela��o ao pre�o, o valor do medicamento subiu 108% em 2021. 

O kit COVID ï¿½ uma das alternativas defendidas em abril deste ano, inclusive pelo presidente Bolsonaro. No entanto, a ci�ncia j� alertou para o perigo no uso dos medicamentos. 

Nenhum dos f�rmacos preconizados para o "tratamento precoce" da infec��o pelo coronav�rus interfere positivamente no controle da infec��o pelo coronav�rus – ao contr�rio, representa riscos graves de efeitos adversos.

Entre as f�rmulas do kit Covid, ivermectina, azitromicina, hidroxicloroquina, cloroquina, corticoides, f�rmacos usados contra o HIV, antibi�ticos, anticoagulantes, anti-inflamat�rios, vitam�nicos e outros

Uma pr�tica que tamb�m foi considerada de alto risco � a nebuliza��o com hidroxicloroquina. Segundo pneumologistas, a nebuliza��o com comprimidos pode inflamar o pulm�o e piorar a condi��o de pacientes com a doen�a. 

 

Al�m disso, um painel de especialistas da OMS divulgou, em mar�o deste ano, uma recomenda��o contr�ria ao uso da hidroxicloroquina como m�todo de preven��o para a COVID-19. 

A recomenda��o foi baseada em evid�ncias de alta certeza obtidas em seis estudos randomizados e controlados com 6 mil participantes. 

Em mar�o de 2020, a discuss�o sobre o uso da hidroxicloroquina no tratamento da COVID-19 percorreu espa�os pol�ticos, universidades e departamentos de sa�de. 

� �poca, na corrida em busca de minimizar os impactos da doen�a, ainda pouco conhecida pelas organiza��es de sa�de, apostas de tratamento come�aram a surgir. O novo v�rus que chegava ao Brasil, a fragilidade social frente ao desconhecido, somado � crescente das fake news nas redes sociais deu espa�o para as teorias e tratamentos sem embasamento cient�fico. 

Frente ao cen�rio, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), entre falas pretensiosas no Pal�cio do Planalto e coment�rios na contram�o da ci�ncia, tornou- se o principal porta-voz do uso da hidroxicloroquina no Brasil. 

Em julho de 2020, ap�s testar positivo para COVID-19, Bolsonaro postou um v�deo nas redes sociais em que apareceu engolindo um comprimido, segundo ele, de hidroxicloroquina. Meses depois, o presidente admitiu ter pressionado seu m�dico para prescrever o medicamento.

Ciente das recomenda��es da OMS e do posicionamento da comunidade cient�fica, Bolsonaro segue defendendo o uso da droga em suas falas para apoiadores e em suas redes sociais. 

O presidente, como l�der do pa�s, possui milhares de seguidores na internet, al�m de ser um forte formador de opini�o para milh�es de brasileiros. 

 

* Estagi�ria sob supervis�o da subeditora Ellen Cristie.