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Estado de Minas AM�RICA FEMININA

Mariana Sanchez: 'Cada autora trabalha um tema de forma original'

Tradutora e uma das curadoras da cole��o Nos.Otras, da Relic�rio Edi��es, ela ressalta que h� pouca semelhan�a entre as escritoras da Am�rica Latina


11/02/2022 04:00 - atualizado 11/02/2022 00:56

A tradutora Mariana Sanchez, da Relicário Edições
(foto: Elisandro Dalcin/Divulga��o. )
A curitibana Mariana Sanchez � jornalista, tradutora e pesquisadora da literatura latino-americana, em particular da produ��o contempor�nea do Cone Sul. Ela integra a curadoria e coordena��o editorial da Cole��o Nos.Otras, da Relic�rio Edi��es. Entre as obras traduzidas est�o “Salvatierra” (Todavia), romance do argentino Pedro Mairal, o mesmo de “A uruguaia”; “O nervo �ptico” (Todavia), contos de Mar�a Gainza, e “Imposs�vel sair da Terra” (Moinhos), de Alejandra Costamagna. A pr�xima publica��o traduzida por Sanchez, no prelo, � a n�o fic��o “A irm� ca�ula” (Relic�rio), ensaio de Mariana Enriquez, dos romances “As coisas que perdemos no fogo” e “Este � o mar”, sobre a escritora Silvina Ocampo (1903-1993), autora de “A f�ria”.
O que une e o que diferencia as autoras latinas?
Na verdade, as �nicas coisas que as unem s�o o fato de serem mulheres e de escreverem neste territ�rio gigantesco que � a Am�rica Latina. Fora isso, praticamente tudo as diferencia; afinal, autoria liter�ria � feita disso, de singularidades. Cada autora trabalha seus temas e formas de um modo bastante original, e � isso que nos interessa em rela��o a elas. H� muitos modos de produzir literatura, assim como h� muitos modos de ser mulher na Am�rica Latina. No caso da cole��o Nos.Otras, nosso recorte � o de n�o fic��o, por isso � natural que privilegiemos um g�nero como o ensaio. Mas at� nisso as autoras da cole��o se diferenciam, porque cada uma tem seu estilo e sua sensibilidade pr�prios ao abordar os assuntos e as est�ticas de suas obras.
Como � o seu processo de tradu��o? 
Depende muito do projeto em quest�o, mas geralmente fa�o uma primeira tradu��o mais r�pida, preservando o ritmo e a musicalidade que me chegaram do original. Depois, vou trabalhando o texto num n�vel mais “fino”, atenta aos detalhes que passaram e a problemas de estilo, coer�ncia e eufonia. Essa � a parte mais deliciosa da tradu��o, porque � quando voc� verdadeiramente se sente como autor do texto.
Voc� entende que h� diferen�as na tradu��o de escritores homens e de escritoras mulheres?
Nenhuma. Homens e mulheres podem escrever sobre o que quiserem e em qualquer registro, at� porque uma das maravilhas da literatura � precisamente esta: a possibilidade de ser outro, de viver a alteridade. Sara Gallardo, autora de “Eisejuaz”, contava que seu pai costumava elogiar seus livros porque “n�o pareciam escritos por uma mulher”. Um elogio bastante torto e machista, induzido pelo velho estere�tipo de uma certa autoria feminina confessional, d�cil, contida, menos experimental – e que espelhava o espa�o reduzido da mulher na sociedade de d�cadas atr�s. Mas nem esse estere�tipo condiz com a realidade, pois sempre houve escritoras radicais, audazes, brilhantes, com tanto ou mais arrojo liter�rio do que alguns escritores – penso em Ursula K. Le Guin, Clarice Lispector, na uruguaia Armon�a Somers, na argentina Silvina Ocampo. N�o acredito que um tradutor – ou qualquer leitor – possa diferenciar a autoria masculina da feminina, porque isso nem existe. Autoria � autoria e ponto final. (MMC)


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