
A TV Brasil, canal p�blico de televis�o ligado ao Minist�rio das Comunica��es, planeja incluir na sua grade de programa��o um telejornal que ir� exibir apenas "boas not�cias".
No momento em que o Pa�s se aproxima da marca de 500 mil mortes por covid-19, a ideia ser� levar ao ar apenas fatos considerados "leves" sobre temas como sa�de, comportamento e entretenimento.
A atra��o tem sido negociada diretamente pelo ministro das Comunica��es, F�bio Faria, com a diretora de jornalismo da Empresa Brasil de Comunica��o (EBC), estatal respons�vel pela TV, Sirlei Batista. Ainda n�o h� data para estreia.
O presidente Jair Bolsonaro e seus auxiliares s�o cr�ticos da cobertura da imprensa sobre a pandemia e defendem um notici�rio que se concentre no n�mero de curados da covid-19. No novo telejornal, mortes pela doen�a, infla��o, desemprego, aumento da pobreza, nada disso � pauta.
Um dos ministros mais pr�ximos do presidente, o ministro da Casa Civil, general Luiz Eduardo Ramos, costuma reclamar que "s� tem caix�o" na TV. "No jornal da manh� � caix�o, corpo; na hora do almo�o, � caix�o novamente. No jornal da noite � caix�o, corpo e n�mero de mortos", disse Ramos em entrevista no Pal�cio do Planalto no ano passado.
O nome do telejornal de "boas not�cias" j� est� definido: "Bom de Ver". As grava��es do piloto, esp�cie de vers�o de teste, j� foram feitas. A exibi��o ser� ancorada pelos jornalistas Katiuscia Neri, que hoje apresenta o Rep�rter Brasil, principal telejornal da emissora, e Tiago Bittencourt.
Em cerim�nia no Pal�cio do Planalto, na ter�a-feira (15/6), Faria defendeu o uso da TV p�blica para combater "narrativas erradas". "No fim da linha, presidente, � onde sua voz chega", afirmou Faria, dirigindo-se a Bolsonaro. Na plateia formada por donos de emissoras de televis�o e r�dio, Faria fez uma convoca��o: "Tenho certeza que todos voc�s, a partir de agora, v�o conseguir atingir mais a voz que � necess�ria chegar nos lugares onde at� hoje chegam informa��es equivocadas e narrativas erradas".
O ministro disse mais: "que a verdade possa chegar onde o povo quer ouvir. A gente, infelizmente, muitas vezes, � obrigado a ficar combatendo fake news, perdendo tempo, deixando de trabalhar, deixando de fazer os nossos deveres aqui para desmistificar as not�cias enganosas. Vamos levar a verdadeira comunica��o para o restante do Pa�s".
Mas a divulga��o de fake news tem sido uma pr�tica do atual governo. O pr�prio Bolsonaro teve v�deos retirados do ar pelo Facebook e pelo Google sob a alega��o de que propagava informa��es falsas ou sem comprova��es. Por conta disso, o governo prepara uma decreto para limitar a atua��o das redes sociais no Brasil. No Supremo Tribunal Federal, um inqu�rito investiga a dissemina��o de fake news por parte de aliados do governo. No Congresso, tamb�m h� uma Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito para apurar a participa��o de nomes ligados ao Pal�cio do Planalto na produ��o deste tipo de conte�do.
Na ter�a-feira, a Associa��o Brasileira de Imprensa (ABI) pediu ao Minist�rio P�blico Federal que investigue o uso do canal p�blico para divulga��o pessoal do presidente. O motivo foi a transmiss�o de um culto religioso, no �ltimo dia 9, que teve a participa��o de Bolsonaro. Para a entidade, a veicula��o representou um atentado � Constitui��o Federal, que, em seu artigo 37, pro�be a promo��o pessoal.
O plano de investir na TV p�blica como um contraponto ao notici�rio da pandemia contraria promessa de campanha de Bolsonaro. Antes mesmo de ser eleito, o presidente afirmou que privatizaria a EBC, passando a empresa respons�vel pela emissora para a iniciativa privada. A estatal chegou a ser inclu�da no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), mas a ideia nunca saiu do papel.
Ao assumir o cargo de ministro das Comunica��es, no ano passado, Faria adaptou o discurso e tem repetido desde ent�o que antes de vender a EBC, � preciso "enxug�-la". O argumento � de que a empresa � deficit�ria e, por isso, n�o haveria interessados na compra.
Em abril, por�m, o governo pagou R$ 3,2 milh�es pelos direitos de exibi��o da novela Dez Mandamentos, de cunho religioso, que foi produzida pela Record TV, emissora ligada � Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). O bispo Edir Macedo, l�der da Universal, � aliado de Bolsonaro. O gasto foi contestado por opositores ao governo sob o argumento de que deturpa o conceito de comunica��o p�blica.
Em outro investimento contestado, o governo transmitiu a partida de futebol entre Brasil e Peru, em outubro do ano passado, v�lida pelas eliminat�rias da Copa do Mundo. Na ocasi�o, ap�s falta de acordo entre a TV Globo, que costuma transmitir o campeonato, e a Confedera��o Brasileira de Futebol (CBF), integrantes do governo entraram em campo para negociar a exibi��o.
Durante o jogo, o narrador mandou "abra�o especial" a Bolsonaro e propagandas favor�veis ao governo foram exibidas no intervalo. Nas redes sociais, a oposi��o classificou a iniciativa como uso pol�tico da TV p�blica.
A TV Brasil foi criada em 2007, no governo de Luiz In�cio Lula da Silva, sob argumento de fomentar a comunica��o p�blica no Pa�s. Em pa�ses como no Reino Unido e no Jap�o, por exemplo, canais p�blicos de TV, como a BBC e a NHK, respectivamente, s�o refer�ncias.
O aparelhamento pol�tico da EBC nas gest�es petistas, por�m, fez com que a iniciativa fosse contestada. Na campanha eleitoral, Bolsonaro costumava dizer que a estatal se tornou um "cabide de empregos". Na sua gest�o, a empresa foi comandada pelo general do Ex�rcito Luiz Carlos Pereira Gomes, sem experi�ncia na �rea, antes de o publicit�rio Glen Lopes Valente assumir o cargo, em setembro. Valente � ex-diretor do SBT, de Silvio Santos, sogro do atual ministro das Comunica��es.
Funcion�rios da empresa, sindicatos e outras entidades criaram um movimento para denunciar casos de censura e uso pol�tico da estatal. Entre os exemplos citados pela "Frente em Defesa da EBC e da Comunica��o P�blica" est�o ordens internas para que programas jornal�sticos n�o abordem temas como os assassinatos da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL), e de Jo�o Alberto Silveira Freitas, homem negro morto em uma unidade do Carrefour de Porto Alegre, em novembro do ano passado, na v�spera do dia Consci�ncia Negra. O crime suscitou um debate nacional sobre racismo.
Procurada, a EBC afirmou "desconhecer" informa��es sobre o novo programa. O Minist�rio das Comunica��es e Faria n�o se manifestaram at� a publica��o desta mat�ria.
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