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Estado de Minas INOVA��O

Em cirurgia in�dita no Brasil, m�dica 'queima' tumor de beb� ainda no �tero

O feto apresentava um quadro raro de tumor benigno que comprimia seus �rg�os, mas a equipe m�dica conseguiu queimar toda a massa.


22/06/2022 18:27 - atualizado 22/06/2022 21:23

"Escolhemos 'Ragnar', um nome de guerreiro, antes de saber que ele passaria por tanta coisa", diz a jornalista Polyana Resende Brant, de 34 anos, que deu � luz a seu primeiro filho no dia 18 de maio.

Quando estava no segundo trimestre de gravidez, exames indicaram a presen�a de um tumor na regi�o do t�rax do beb�. Tratava-se de quadro raro, chamado de sequestro pulmonar, no qual a massa se assemelha a um pulm�o — e � irrigada por vasos sangu�neos — mas n�o tem nenhuma fun��o espec�fica.

"Esse tumor, apesar de n�o ser maligno, ou seja, n�o ser um c�ncer, estava crescendo e comprimindo os ï¿½rg�os do beb�, al�m de 'roubar' parte do sangue do corpo e fazer com que �gua ficasse depositada na regi�o do pulm�o", diz Danielle do Brasil, m�dica cirurgi� especializada em cirurgia fetal do Hospital Santa L�cia, de Bras�lia, que foi indicada ap�s Polyana procurar por obstetras que cuidassem de casos de alto risco.


Pais do Ragnar durante ultrassom
(foto: Arquivo pessoal)

Os m�dicos avisaram � Polyana que, se a gesta��o continuasse sem qualquer medida cir�rgica, seu filho n�o sobreviveria. E mesmo que fizessem um parto de emerg�ncia, Ragnar, que s� tinha 29 semanas, idade considerada extremamente prematura, tamb�m poderia falecer.

 

 

 

"Foi desesperador descobrir isso. Tive que manter a f� e buscar os melhores especialistas. A gente tem que valorizar a ci�ncia e saber que ela pode, sim, andar de m�os dadas com a f�. Foi o que eu e meu marido, que esteve ao meu lado em todos os procedimentos, fizemos", diz a m�e.


Polyana e Tiago com a cirurgiã fetal Danielle do Brasil
M�e e beb� foram reavaliados diversas vezes depois dos dois procedimentos realizados para queimar o tumor (foto: Arquivo pessoal/Danielle do Brasil)

Conforme explica a cirurgi� Danielle do Brasil, que se especializou em casos de alto risco na King's College, em Londres, as descri��es existentes na literatura m�dica indicavam que para um caso como de Ragnar, a a��o a ser tomada seria queimar um dos vasos que abasteciam o tumor com sangue.

 

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"Assim, com uma agulha grossa que cont�m fibra de laser dentro, podemos queima esse vaso, e a massa 'morreria' e depois seria absorvida pelo corpo. A ideia tamb�m era retirar o l�quido do t�rax para ajudar os pulm�es expandirem", explica.

Polyana procurou outras opini�es, mas depois de ouvir diferentes especialistas, concordou em seguir com o procedimento.

"Queimamos o vaso perfeitamente, e toda a equipe estava bastante satisfeita. Mas infelizmente ap�s 10 dias, o tempo usual que esperamos para ver se a t�cnica ofereceu benef�cios, descobrimos circula��o do tumor fez outro caminho, fazendo com que a massa voltasse a crescer e aumentando o l�quido no t�rax", disse a m�dica.


À esquerda, médica recebe a agulha enquanto ultrassom é feito para localizar o tumor; à direita, Polyana, medicada, recebe a incisão da agulha capaz de queimar o tumor
� esquerda, m�dica recebe a agulha enquanto ultrassom � feito para localizar o tumor; � direita, Polyana, medicada, recebe a incis�o da agulha capaz de queimar o tumor (foto: Arquivo pessoal/Danielle do Brasil)

O procedimento in�dito

A cirurgi� conta que foi dif�cil compartilhar a not�cia com os pais. "Eles j� tinham escutado de n�s e de outros m�dicos que uma segunda cirurgia poderia ser necess�ria, mas a expectativa era grande. Pense em um casal que imaginou, durante boa parte da gravidez, que o beb� poderia morrer. N�o conseguiram sequer curtir todas as fases como poderiam", afirma.

"Mas do sufoco, nasceu a criatividade", diz Danielle do Brasil. A equipe decidiu n�o mais tentar queimar vaso, mas destruir, por meio da mesma t�cnica, o tumor inteiro.

Polyana e seu marido aceitaram a tentativa. "Eu fiz todos os procedimentos sorrindo, como mostram as fotos, por ter a oportunidade de salvar meu filho. De alguma forma, quanto a gente se torna m�e, nasce uma for�a colossal."

O segundo procedimento durou duas horas e meia. "Foi o mais dif�cil da minha vida. Na cirurgia fetal, nem sempre sabemos os passos de tudo que vai acontecer - n�o � para todos os casos que temos clareza do que est� l� dentro. Eu tinha um alvo m�vel que era o tumor, dentro de outro alvo m�vel que � o l�quido amni�tico - e tentando atingir a massa com uma base im�vel, que era a minha agulha", afirma a cirurgi�, que operou com a ajuda da m�dica Juliana Rezende, de m�dicas residentes e da equipe de enfermagem e anestesia.

Dessa vez, o tumor n�o voltou a crescer, e Ragnar nasceu no fim do termo da gesta��o, no dia 18 de maio. O primeiro raio-x de t�rax feito ap�s seu nascimento n�o mostrou nenhum sinal do tumor.


Imagens de ultrassom e raio-x torácico (feito após o nascimento do bebê) não indicam mais a presença do tumor
Imagens de ultrassom e raio-x tor�cico (feito ap�s o nascimento do beb�) n�o indicam mais a presen�a do tumor (foto: Hospital Santa L�cia )

"Em tr�s meses faremos uma tomografia de t�rax, um exame mais completo. Nossa expectativa encontrar �reas de fibrose por cicatriza��o do tumor que foi destru�do. E claro, que esse nen�m n�o precise mais cirurgia", afirma a cirurgi�.

Agora a equipe est� reunindo os materiais dos procedimentos para enviar um relato de caso a algumas op��es de revistas cient�ficas, e assim ter a experi�ncia reportada mundialmente para a comunidade m�dica.


Polyana e Ragnar
Ragnar nasceu no dia 18 de maio, sem sinais do tumor (foto: Arquivo pessoal)

- Este texto foi originalmente publicado https://www.bbc.com/portuguese/brasil-61737339

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