Mulher cientista analisando algo no microscópio

Estudo indica efeitos terap�uticos dos psicod�licos est�o mais relacionados � neuroplasticidade

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Uma pesquisa recente da Universidade de Helsinque, na Finl�ndia, trouxe novas perspectivas sobre o uso de subst�ncias psicod�licas na medicina, especialmente no tratamento da depress�o. O estudo, liderado por Eero Castr�n e com a participa��o do brasileiro Plinio Casarotto, foi publicado na revista Nature Neuroscience e envolveu tamb�m os pesquisadores brasileiros Caroline Biojone e Cassiano Diniz.

Os experimentos realizados em roedores apontam que os efeitos terap�uticos dos psicod�licos est�o mais relacionados � neuroplasticidade, ou seja, � forma��o de novas conex�es cerebrais, do que � pr�pria experi�ncia psicod�lica. Al�m disso, os pesquisadores observaram que esses efeitos parecem ser independentes entre si.
Nos �ltimos anos, testes cl�nicos com psilocibina, presente nos cogumelos 'm�gicos', e dimetiltriptamina (DMT), encontrada na ayahuasca, t�m demonstrado resultados promissores no tratamento da depress�o. Antes da proibi��o dessas subst�ncias nos anos 1970, elas j� eram investigadas para tratar transtornos mentais e depend�ncia qu�mica.

A equipe de pesquisa da Universidade de Helsinque focou nos receptores neuronais de serotonina e BDNF (fator neurotr�fico derivado do c�rebro) em camundongos. A serotonina, conhecida como 'horm�nio da felicidade', atua sobre receptores da classe 5HT, e os psicod�licos se assemelham a ela, interagindo principalmente com o receptor 5HT2a, respons�vel por desencadear a altera��o da consci�ncia. J� o BDNF atua na forma��o de conex�es entre neur�nios, processo conhecido como neuroplasticidade, que � considerado o mecanismo bioqu�mico prov�vel por tr�s do efeito terap�utico dos psicod�licos.

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O estudo mostrou que subst�ncias psicod�licas como LSD e psilocibina n�o s� agem sobre o receptor TrkB de BDNF, como tamb�m o fazem de forma mais eficiente do que antidepressivos convencionais, como fluoxetina e cetamina. Essa descoberta sugere que seria poss�vel desenvolver medicamentos inovadores que promovam a neuroplasticidade sem causar a experi�ncia psicod�lica, o que poderia ser uma alternativa para pacientes que n�o desejam ou n�o podem passar por essa experi�ncia.

No entanto, os pesquisadores ressaltam que ainda n�o est� claro se essa separa��o entre efeitos antidepressivos e alucinog�nicos tamb�m ocorre em humanos. Al�m disso, � importante lembrar que o uso de psicod�licos ainda � experimental e n�o deve ser praticado sem orienta��o m�dica ou terap�utica.

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