
Em tempos incertos de pandemia, tem sido comum sentir um misto de nostalgia e expectativa pelo futuro. Um dia desses uma amiga me ligou e relembramos bons momentos do per�odo em que trabalhamos juntos. Era um ambiente muito agrad�vel e f�rtil para a execu��o de ideias inovadoras, com um time coeso mesmo diante de situa��es complexas. Intuitivamente cada pessoa exercia sua autogest�o e o modelo cl�ssico de comando e controle tinha um cheirinho de mofo pra n�s. Ao final da conversa, minha ex-colega perguntou: ser� que um dia vou fazer parte de uma equipe semelhante �quela?
Sua indaga��o ecoou na minha mente e, nos dias seguintes, me desafiei a descrever o que tornava aquele contexto t�o singular. E pouco a pouco algumas pistas foram aparecendo.
Sua indaga��o ecoou na minha mente e, nos dias seguintes, me desafiei a descrever o que tornava aquele contexto t�o singular. E pouco a pouco algumas pistas foram aparecendo.
A import�ncia da seguran�a psicol�gica
A maioria dos processos de trabalho nos dias de hoje s�o interdependentes. Mesmo um profissional altamente talentoso s� conseguir� desenvolver o seu pleno potencial se souber atuar em equipe. E � nessas horas que o conceito de seguran�a psicol�gica faz toda a diferen�a. A professora Amy Edmondson dedicou grande parte da sua carreira estudando o tema e escreveu o livro A Organiza��o sem Medo, em que mostra a import�ncia das pessoas se sentirem � vontade para expor suas ideias e serem elas mesmas, sem temer o julgamento dos colegas ou superiores.
Durante o desenvolvimento de um processo criativo, � essencial eliminar o julgamento pr�vio e tamb�m a autocensura para que haja fluidez na colabora��o. Os melhores resultados dependem disso e, antes de come�ar, vale a pena fazer um acordo com todos os participantes. Parece dif�cil, mas, praticando com regularidade, as pessoas v�o se despindo desses filtros sociais que minam a inova��o.
Outro exerc�cio muito importante no trabalho em equipe � a escuta ativa. Toda fala tem seu valor e precisa ser considerada. Este � um elemento-chave da Comunica��o N�o-Violenta (CNV), ferramenta t�o apreciada nos dias de hoje. Me lembro bem de uma oportunidade que tive de conversar com Dominic Barter, um dos maiores pesquisadores de CNV. Tentando entender mais sobre o tema, perguntei a ele qual seria o oposto de comunica��o n�o-violenta. A resposta at� hoje me inspira: “O contr�rio da CNV � a submiss�o ao medo”.
A seguran�a psicol�gica amplifica nossa coragem e mitiga o risco da opress�o nas rela��es interpessoais.
Vulnerabilidade � pot�ncia
Foi-se o tempo do profissional onipotente que n�o demonstrava suas fragilidades. Em um mundo t�o din�mico, os protagonistas s�o aqueles que reconhecem que n�o t�m todas as respostas, que sabem pedir apoio e que est�o abertos a aprender continuamente. E isso vale tamb�m no campo emocional, principalmente em per�odos que exigem uma sobrecarga de resili�ncia para se manter produtivo no trabalho. Precisamos ser tolerantes com nossos limites e nos aceitar. E exercer a alteridade com quem convivemos, pois realmente n�o est� f�cil.
� interessante perceber como a vulnerabilidade gera conex�es fortes. Quando algu�m transparece uma falha ou um erro, nos reconhecemos como humanos. Ao final, isso gera confian�a. E nada melhor do que acordar cedo para trabalhar junto de quem a gente confia.
Mais humor, por favor
Esta semana li um artigo do psic�logo Adam Grant, em que ele define que o sentimento dominante de 2021 � o definhamento. Uma falta de alegria e de objetivo. Uma estagna��o e um vazio. Tudo isso causado pelo prolongamento da pandemia. Respirei fundo e mirei l� na frente, quando todos estivermos vacinados.
E pra fechar a lista, me lembrei de como o bom humor contribui para o clima de uma equipe. Muitas vezes ele � at� um ref�gio para lidar com situa��es desafiadoras. Levar o trabalho � s�rio n�o significa sisudez, pois ambientes mais leves reduzem o stress e favorecem a produtividade.
E pra voc�? O que faria o dia-a-dia de trabalho ser memor�vel?