
De acordo com a pesquisa, em 2019, aproximadamente 1,1 milh�o de crian�as e adolescentes, com idade entre 4 e 17 anos, estavam fora da escola, o que representava 2,7% dessa popula��o. Esse percentual vinha caindo pelo menos desde 2016, quando 3,9% das crian�as e adolescentes n�o tinham acesso � educa��o.
Em 2020, o n�mero de crian�as e adolescentes de 6 a 17 anos fora da escola passou para 1,5 milh�o. A suspens�o das aulas presenciais, somada � dificuldade de acesso � internet e � tecnologia, entre outros fatores, fez com que esse n�mero aumentasse ainda mais. Somados a eles, 3,7 milh�es de crian�as e adolescentes da mesma faixa et�ria estavam matriculados, mas n�o tiveram acesso a nenhuma atividade escolar, seja impressa ou digital e n�o conseguiram se manter aprendendo em casa. No total, 5,1 milh�es ficaram sem acesso � educa��o no ano passado.
"O Brasil vinha avan�ando no acesso � educa��o e com redu��o progressiva da exclus�o escolar. Com a pandemia, nesse progresso, que foi alcan�ado nos �ltimos anos, de repente, vemos uma volta atr�s", diz a representante do Unicef no Brasil, Florence Bauer.
"A gente est�, cada vez mais, deixando as nossas crian�as sem v�nculo com a escola", complementa o chefe de Educa��o do Unicef, Italo Dutra. Ele ressalta que o n�mero de exclu�dos hoje � semelhante � marca do in�cio dos anos 2000, o que mostra que durante a pandemia, o Brasil corre o risco de regredir duas d�cadas no acesso de meninas e meninos � educa��o. "Estamos fazendo um alerta, como diz o t�tulo do estudo. Se a situa��o continuar como est�, a gente volta 20 anos nos nossos avan�os de acesso � escola. � muito preocupante".
Dutra explica que o estudo utiliza dados de diferentes pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), por isso a faixa et�ria de 2020 � diferente. Foram usadas a Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios (Pnad), at� 2019, e a Pnad COVID-19, referente a 2020. N�o h� dados do ano passado das crian�as de 4 e 5 anos, que podem aumentar ainda mais o n�mero de exclu�dos.
Os dados mostram outra situa��o preocupante, segundo Dutra, a maior incid�ncia de crian�as e adolescentes fora da escola ao final de 2020 est� na faixa et�ria de 6 a 10 anos, 41%. A faixa et�ria � seguida por 15 a 17 anos, com 31,2% exclu�dos e por 11 a 14 anos, com 27,8% sem aulas. "O principal grupo a ser atingido � exatamente o grupo que a gente j� tinha praticamente zerado a exclus�o escolar", ressalta.
O Brasil j� havia praticamente cumprido a meta de universalizar o acesso � educa��o nessa faixa de 6 a 10 anos, que � quando os estudantes aprendem, por exemplo, a ler e a escrever. Dos 1,1 milh�o que n�o estavam matriculados em 2019, cerca de 630 mil tinham entre 15 e 17 anos e 385 mil 4 ou 5 anos, que eram, ent�o, as faixas et�rias mais exclu�das.
Desigualdades
De acordo com o estudo, as maiores porcentagens de crian�as e adolescentes sem acesso � educa��o est�o nas regi�es Norte e Nordeste, em �reas rurais. Al�m disso, cerca de 70% daqueles sem acesso � educa��o s�o pretos, pardos e ind�genas (seguindo a classifica��o do IBGE).
Os dados mostram que 28,4% das crian�as e adolescentes de 6 a 17 anos da regi�o Norte estavam sem aulas em 2020. Na regi�o Nordeste, esse percentual chegou a 18,3%. Na outra ponta, 5,1% das crian�as e adolescentes dessa faixa et�ria na regi�o Sul estavam sem acesso � educa��o. Na regi�o Norte, em �reas rurais, a porcentagem de exclus�o chegou a quase 40%.
Antes da pandemia, em 2019, a regi�o Norte, tinha 4,3% das crian�as e adolescentes de 4 a 17 anos fora da escola, e a regi�o Centro-Oeste, 3,5%. Essas regi�es tinham os maiores percentuais de exclus�o. O Nordeste tinha 2,7%. A regi�o Sudeste apresentava a menor porcentagem, com 2,1% fora das salas de aula.
"As causas da exclus�o escolar n�o est�o apenas ligadas �quilo ao que o setor educacional pode dar resposta, � preciso fortalecer o sistema de garantia de direitos, [que inclui] assist�ncia social, cultura, esporte, sa�de, que contribuem para que a gente tenha as causas que levam � exclus�o escolar mitigadas e para que os estudantes possam de fato estar na escola aprendendo", defende, Dutra.
O estudo faz recomenda��es para reverter essa exclus�o, como realizar a busca ativa de crian�as e adolescentes que est�o fora da escola; garantir acesso � internet a todos, em especial os mais vulner�veis; realizar campanhas de comunica��o comunit�ria, com foco em retomar as matr�culas nas escolas; mobilizar as escolas para enfrentarem a exclus�o escolar; e fortalecer o sistema de garantia de direitos para garantir condi��es �s crian�as e adolescentes para que permane�am na escola, ou retornem a ela.
Reabertura de escolas
De acordo com Florence, a medida mais urgente � a reabertura das escolas. Isso deve ser feito, segundo ela, seguindo protocolos de seguran�a e de acordo com a situa��o de cada localidade, suspendendo as aulas presenciais quando necess�rio, usando metodologias como a h�brida, misturando aulas presenciais e remotas. Isso deve ser combinado a busca ativa daqueles que est�o fora da escola, para evitar que eles deixem os estudos.
"Estamos vendo o resultado com o aumento da exclus�o escolar, al�m de de outros impactos que o fechamento das escolas t�m no desenvolvimento das crian�as, na aprendizagem, mas tamb�m na nutri��o, na sa�de mental, na socializa��o e na prote��o contra a viol�ncia. Por isso � fundamental reabrir. [As escolas] t�m que fechar por momentos pontuais", diz.
Professores e outros trabalhadores em educa��o, ressaltam no entanto, que � preciso garantir condi��es seguras para retomar as aulas presenciais. Em nota, F�rum Nacional Popular de Educa��o (FNPE) ressalta que o Brasil est� entre as na��es com maior letalidade na pandemia.
"� preciso garantir condi��es sanit�rias, exames de diagn�stico sistem�ticos em massa, celeridade na vacina��o da popula��o, investimento na infraestrutura f�sica e acesso universal aos recursos tecnol�gicos e de conex�o digital de qualidade em todas as unidades educacionais", diz a nota. Os professores e trabalhadores em educa��o est�o entre os grupos priorit�rios de vacina��o de acordo com o Plano Nacional de Operacionaliza��o da Vacina contra COVID-19, elaborado pelo Minist�rio da Sa�de.o Plano Nacional de Operacionaliza��o da Vacina contra a COVID-19,
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O que � um lockdown?
Saiba como funciona essa medida extrema, as diferen�as entre quarentena, distanciamento social e lockdown, e porque as medidas de restri��o de circula��o de pessoas adotadas no Brasil n�o podem ser chamadas de lockdown.
Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil
- Oxford/Astrazeneca
Produzida pelo grupo brit�nico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa). No pa�s ela � produzida pela Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz).
- CoronaVac/Butantan
Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmac�utica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a libera��o de uso emergencial pela Anvisa.
- Janssen
A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidi�ria da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do �nico no mercado que garante a prote��o em uma s� dose, o que pode acelerar a imuniza��o. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.
- Pfizer
A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Minist�rio da Sa�de em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autoriza��o para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.
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Como funciona o 'passaporte de vacina��o'?
Os chamados passaportes de vacina��o contra COVID-19 j� est�o em funcionamento em algumas regi�es do mundo e em estudo em v�rios pa�ses. Sistema de controel tem como objetivo garantir tr�nsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacina��o imp�em desafios �ticos e cient�ficos.
Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarreia
Em casos graves, as v�timas apresentam
- Pneumonia
- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus.
Entenda as regras de prote��o contra as novas cepas
Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.Para saber mais sobre o coronav�rus, leia tamb�m:
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