O ex-ministro da Sa�de, Eduardo Pazuello, acusado de mentir � comiss�o na �ltima semana, participou de uma “motocada” com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Rio de Janeiro. Ambos estavam sem m�scaras faciais, se aglomeraram com apoiadores e tamb�m discursaram em um carro de som.

Os senadores que integram a comiss�o querem convocar tamb�m advogado Arthur Weintraub, ex-assessor da Presid�ncia da Rep�blica, para prestar esclarecimentos sobre a exist�ncia de um “minist�rio paralelo" de aconselhamento do presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento � pandemia.
Em discurso de agosto de 2020 no Pal�cio do Planalto e em lives nas redes sociais, Weintraub deu indica��es de que pode ter coordenado o grupo, que teria influenciado decis�es do governo no combate � doen�a. Os v�deos foram reunidos e divulgados no �ltimo s�bado (22/5), pelo portal Metr�poles.
Os requerimentos de convoca��o foram protocolados pelos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Humberto Costa (PT-PE). Como o advogado mora nos Estados Unidos, onde atua como representante do Brasil na Organiza��o dos Estados Americanos (OEA), o depoimento poder� ser feito por videoconfer�ncia.
A convoca��o ainda precisa ser aprovada pela comiss�o. Municiada de fatos novos, a CPI da COVID entra na quarta semana de depoimentos entre bate-bocas, acusa��es, sugest�es de pris�o e reagendamentos, convoca��es e reconvoca��es, onde se enquadra Pazuello e outros depoentes. Sete pessoas j� prestaram depoimento aos senadores, todos na condi��o de testemunha. e a oitava j� tem data e hora para falar com os congressistas.
Nesta ter�a-feira (25/5), a partir das 9h, Mayra Pinheiro vai depor � CPI. A comiss�o foi instalada em 27 de abril deste ano e apura poss�veis a��es e omiss�es do governo federal no enfrentamento � pandemia do coronav�rus e repasses de verbas a estados e munic�pios.
E � sob suspeita de omiss�o que o depoimento de Mayra Pinheiro se enquadra na vis�o dos senadores. A secret�ria do Minist�rio da Sa�de � conhecida por defender o tratamento precoce contra a COVID-19 a partir do uso de cloroquina e outros medicamentos sem efic�cia comprovada contra o v�rus.
Mayra Pinheiro tamb�m chegou a propor o lan�amento de um programa, chamado TrateCov, recomendando o uso da cloroquina no tratamento ao coronav�rus. O TrateCov s� n�o foi lan�ado porque foi hackeado enquanto estava em fase de testes. Pela defesa do medicamento considerado ineficaz contra a COVID-19, a secret�ria ganhou a alcunha de Capit� Cloroquina.
“Temos, agora, o segundo escal�o do Minist�rio da Sa�de, nesta etapa em que estamos fazendo a avalia��o do trabalho da pasta. Desde o in�cio, venho apontando que essas oitivas s�o muito importantes. N�o ser� surpresa se elas acabarem trazendo mais resultados, pois s�o essas figuras do segundo e do terceiro escal�o que colocam a m�o na massa. V�o poder explicar de quem receberam ordens e qual foi o processo para a tomada de decis�o. Ou seja: se houve consulta a especialistas e verifica��o daquilo que a ci�ncia determinava ou se apenas a pol�tica que fez a gest�o da sa�de no Brasil. Isso vai trazer bons resultados”, afirmou Alessandro Vieira, ao Estado de Minas. O senador � um dos congressistas que solicitaram o depoimento de Mayra Pinheiro por meio de requerimento.
Sil�ncio
A convoca��o da Capit� Cloroquina atende a um pedido comum entre outros quatro senadores: Humberto Costa (PT-PE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Rog�rio Carvalho (PT-SE) e Renan Calheiros (MDB-AL). Apesar de depor na condi��o de testemunha, Mayra Pinheiro ter� direito ao sil�ncio durante a reuni�o.
A secret�ria recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ter o direito de se calar caso seja questionada sobre fatos ocorridos entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021, per�odo que coincide com a crise de falta de oxig�nio nas unidades de terapia intensiva (UTIs) de Manaus, capital amazonense. Segundo dados da Funda��o de Vigil�ncia em Sa�de do Amazonas (FVS-AM), 3.536 pacientes morreram de COVID-19 em janeiro de 2021, contra 460 no m�s anterior e 2.077 nos 30 dias seguintes.
Os senadores buscam detalhes da compra e posterior distribui��o de cloroquina pela Sa�de, inclusive para Manaus. Outros pontos, como isolamento social, vacina��o, postura do governo federal, estrat�gia de comunica��o e omiss�o de dados tamb�m devem ser colocados pelos parlamentares. Mayra Pinheiro iria depor na �ltima quinta-feira, mas teve o depoimento adiado ap�s nova presen�a de Eduardo Pazuello, que dep�s pelo segundo dia.
Requerimentos
A reuni�o de quarta-feira da CPI n�o vai contar com a presen�a de depoentes e focar na vota��o de requerimentos. V�rios deles dizem respeito a convoca��es e at� reconvoca��o, como no caso de Pazuello. At� a manh� da �ltima sexta-feira, eram 343 pedidos pendentes de aprecia��o. Desse total, 188 requerimentos sugerem a convoca��o de testemunhas.
Outra reconvoca��o esperada � a de Marcelo Queiroga, atual ministro da Sa�de e sucessor de Pazuello. J� a reuni�o de quinta-feira ainda � uma inc�gnita. Contudo, a possibilidade de convoca��o de alguma testemunha para este dia � alta. A defini��o vai depender da reuni�o do dia anterior.
Ouvidos at� agora
Os depoimentos � CPI da COVID tiveram in�cio em 4 de maio, com Luiz Henrique Mandetta, ministro da Sa�de de janeiro de 2019 a abril de 2020. No dia seguinte, Nelson Teich, chefe do Minist�rio entre abril e maio do ano passado, foi ouvido. Queiroga dep�s em 6 de maio. Diretor-presidente da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa), Antonio Barra-Torres dep�s em 11 de maio.
No dia seguinte, Fabio Wajngarten, secret�rio de Comunica��o da Presid�ncia da Rep�blica, prestou depoimento � CPI e teve a pris�o sugerida por, segundo Renan Calheiros, mentir na reuni�o. Carlos Murillo, presidente regional da Pfizer na Am�rica Latina, fechou a rodada de depoimentos na semana retrasada. Na �ltima ter�a-feira (18/5), Ernesto Ara�jo, ex-ministro das Rela��es Exteriores, dep�s. O ex-chanceler brasileiro precedeu o depoimento de Pazuello, que durou dois dias e, mesmo assim, desagradou alguns dos senadores.

“Estamos no fim de uma pandemia”
Acompanhado pelo ex-ministro da Sa�de Eduardo Pazuello, pelo ministro da Infraestrutura, Tarc�sio Gomes de Freitas, e por pelo menos mais 10 apoiadores – todos eles sem m�scaras e sobre um carro de som apertado – o presidente Jair Bolsonaro (sem pratido) discursou no fim da manh� desse domingo, para milhares de apoiadores no Aterro do Flamengo.
E, assim como havia dito em dezembro de 2020, voltou a falar que o Brasil est� no fim da pandemia. Mesmo com quase 450 mil mortos, e com a vacina��o andando a passos lentos, Bolsonaro disse ontem que "estamos no final de uma pandemia, se Deus quiser", disse o presidente.
Em visita ao Rio Grande do Sul, em dezembro do ano passado, quando o Brasil tinha quase 180 mi mortos pela COVID-19, o presidente disse que o Brasil j� caminhava para o fim da pandamia.
“Me permite falar um pouco do governo, que ainda estamos vivendo o finalzinho de pandemia. O nosso governo, levando-se em conta outros pa�ses do mundo, foi aquele que melhor se saiu, ou um dos que melhores se sa�ram na pandemia”, disse, em um discurso em Porto Alegre.
Um m�s depois, em janeiro de 2021, estourou a crise de oxig�nio em Manaus. V�rias unidades hospitalares ficaram sem o produto na capital amazonense, provocando a morte de v�rios pacientes, em decorr�ncia da COVID-19.
Referindo-se ao Supremo Tribunal Federal (STF) – que permitiu que estados e munic�pios adotem medidas contra a pandemia, mas mantendo o poder federal coordenando a��es de combate � COVID-19 – o presidente voltou a fazer amea�as: “Se preciso for, vamos tomar todas a medidas necess�rias para garantir a liberdades de voc�s. Infelizmente, sentimos o que � um poder delegar a outro poderes inalien�veis”, disse.
“N�o � uma amea�a. Jamais amea�arei qualquer poder, mas, como disse, acima de n�s, dos Tr�s Poderes, est� o primeir�ssimo poder, que � o povo brasileiro”, complementou.
Al�m disso, ele criticou prefeitos e governadores que decretaram confinamento durante a pandemia e afirmou que jamais colocar� o ex�rcito, que chamou de seu, nas ruas para fazer lockdown. “Eu lamento cada morte no Brasil, n�o importa a motiva��o da mesma. Mas n�s temos que ser fortes, temos que viver e sobreviver", disse Bolsonaro, para depois criticar medidas de distanciamento social.
“Desde o come�o eu disse que t�nhamos dois grandes problemas: o v�rus e o desemprego. Muitos governadores e prefeitos simplesmente ignoraram a grande maioria do povo brasileiro, e sem qualquer comprova��o cient�fica, decretaram lockdown, confinamento e toque de recolher” afirmou o presidente. Estudos j� mostraram, contudo, que o lockdown diminui a chance de transmiss�o do coronav�rus.
“Fique bem claro: o meu ex�rcito brasileiro jamais ir� �s ruas pra manter voc�s dentro de casa”, prosseguiu o presidente, descartando a hip�tese de em algum momento decretar medidas de isolamento. O presidente tamb�m criticou Fernando Haddad (PT), com quem Bolsonaro disputou o segundo turno das elei��es para presidente em 2018, sem citar o nome do petista. “Imaginem se o poste tivesse sido eleito presidente da Rep�blica. Como estaria o nosso Brasil no dia de hoje?” disse.
Motos
A fala de poucos minutos encerrou um passeio de moto que percorreu diversos bairros do Rio. � frente de um batalh�o formado por milhares de motociclistas, Bolsonaro iniciou pouco depois das 10h um passeio que percorreu mais de 30 quil�metros pelas ruas do Rio
Ao todo, mil policiais militares de quatro batalh�es do Rio atuam no esquema de seguran�a.A manifesta��o foi convocada por apoiadores do presidente. O grupo come�ou a se concentrar por volta das 8h, e o presidente chegou em helic�ptero minutos ap�s as 9h30.
Ele posou para fotos com alguns motociclistas no Parque Ol�mpico, local de in�cio do ato. Na passagem pela orla de Copacabana, apoiadores paravam para aplaudir a passagem do presidente, enquanto dos pr�dios moradores promoviam um panela�o na passagem da comitiva.