Contra a enxaqueca: conhe�a op��es de tratamentos n�o medicamentosos

A enxaqueca cr�nica � coisa s�ria. O problema j� foi apontado como uma das quatro doen�as cr�nicas mais incapacitantes, segundo a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS). Os tratamentos mais comuns incluem o uso de medicamentos, geralmente de uso cont�nuo e que podem causar efeitos colaterais. Deve-se evitar ao m�ximo o uso excessivo de medicamentos, inclusive os analg�sicos. O pr�prio abuso de analg�sicos pode ser respons�vel tamb�m por dores de cabe�a. Pacientes que apresentam uma frequ�ncia grande de crises de enxaqueca s�o candidatos a fazerem tratamento preventivo para que possam ter uma melhor qualidade de vida.

"Mas o tratamento n�o � apenas medicamentoso - envolve tamb�m mudan�as no estilo de vida, como uma alimenta��o equilibrada, boa qualidade de sono e pr�tica de atividades f�sicas regulares, al�m de evitar os poss�veis gatilhos para as dores. Al�m disto, existe o tratamento cir�rgico e os injet�veis para os pacientes que n�o conseguem um controle adequado do quadro com medica��es e altera��es comportamentais", destaca Paolo Rubez, cirurgi�o pl�stico membro da Sociedade de Cirurgia de Enxaqueca (EUA). O m�dico explica mais sobre os tratamentos:

Alimenta��o e enxaqueca

Segundo o m�dico, existem diversos gatilhos para as crises de enxaqueca e muitas pessoas t�m dores dependendo de como se alimentam. "Uma dieta equilibrada e que evite alimentos que desencadeiam as crises, como por exemplo bebidas alco�licas, auxilia no controle da doen�a e em uma melhor qualidade de vida", explica.

Toxina botul�nica X enxaqueca

A toxina botul�nica � um dos tratamentos para pacientes que t�m enxaqueca cr�nica. Segundo estudo publicado na Plastic and Reconstructive Surgery, a revista m�dica oficial da Sociedade Americana de Cirurgi�es Pl�sticos (ASPS), um corpo crescente de evid�ncias apoia a efic�cia das inje��es de toxina botul�nica na redu��o da frequ�ncia das crises de enxaquecas cr�nicas.

O tratamento com a toxina botul�nica foi autorizado pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (ANVISA) desde 2011 e j� foi alvo de diferentes pesquisas cient�ficas no Brasil e exterior comprovando a efici�ncia do m�todo. "Na t�cnica, � utilizada a toxina botul�nica em aplica��es que s�o realizadas em diferentes �reas da cabe�a e da regi�o cervical (pesco�o). Ela age como um bloqueador neuromuscular, impedindo a contra��o muscular e, por consequ�ncia, a compress�o dos nervos sensitivos perif�ricos", afirma o m�dico.

"Uma vez que uma das causas da enxaqueca � a compress�o dos ramos dos nervos trig�meo ou occipital, a toxina botul�nica impede que isto aconte�a. Trata-se de mais uma alternativa medicamentosa e que deve ser aplicada a cada tr�s meses em diversos pontos da cabe�a e do pesco�o. A resposta � muito individual. Existem pacientes que se beneficiam e outros que n�o t�m boa resposta", destaca.

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Lipoenxertia

Com a epidemia do uso de analg�sicos opioides (que podem causar v�rios efeitos colaterais) e a busca de formas de evitar narc�ticos (medicamentos que adormecem ou eliminam a sensibilidade), os m�dicos est�o buscando outras modalidades para o tratamento da dor neurop�tica, como a lipoenxertia (enxerto de gordura), que foi apontada em um estudo publicado no Plastic and Reconstructive Surgery - Global Open, como um tratamento de resultados promissores.

"Nos �ltimos anos, os cirurgi�es exploraram v�rios caminhos cir�rgicos para melhorar os resultados. E um deles tem rela��o com a lipoenxertia, que vem sendo usada para aliviar os sintomas da dor neurop�tica e enxaqueca", afirma o cirurgi�o pl�stico. "O fator de crescimento das c�lulas adiposas e o efeito regenerador das c�lulas-tronco derivadas do tecido adiposo promovem a angiog�nese (forma��o de novos vasos) e isso melhora a inflama��o, al�m de estimular o reparo de nervos danificados", explica o m�dico. A gordura � do pr�prio paciente e � retirada anteriormente, por meio da lipoaspira��o. "O m�dico eliminar� partes desnecess�rias para que a gordura fique limpa e pronta para ser enxertada no local desejado", aponta Paolo.

Fisioterapia � uma op��o?

Segundo o m�dico, a fisioterapia � uma alternativa de tratamento tamb�m sobretudo para pacientes com dores na regi�o occipital (nuca). "No entanto, em geral � indicada associada a outros tratamentos como o medicamentoso", diz Paolo.

Biofeedback ajuda a controlar a doen�a

O biofeedback � outra alternativa de tratamento que em geral � feito associado aos medicamentos e mudan�as no estilo de vida. "A resposta � muito individual e o tratamento � feito atrav�s do uso de equipamentos eletr�nicos ligados ao corpo do paciente. Ele � tamb�m utilizado no tratamento de outras patologias como ansiedade, s�ndrome do p�nico, depress�o e transtornos do humor", esclarece o m�dico.

Cirurgia pode ser a solu��o

A cirurgia para enxaqueca existe h� 20 anos nos Estados Unidos e foi desenvolvida pelo cirurgi�o pl�stico Bahman Guyuron, de Cleveland. "Os procedimentos s�o pouco invasivos e superficiais e consistem na descompress�o dos nervos que d�o sensibilidade para a cabe�a e o pesco�o, a depender de onde s�o as dores do paciente, e de maneira semelhante ao que � feito para tratamento de dores em outras partes do corpo. De acordo com as pesquisas, em torno de 80% a 90% dos pacientes que operam apresentam sucesso com o tratamento, sendo que em torno de 30% a 40% ficam totalmente livres de dores", diz Paolo.

Al�m de melhorar os sintomas de dor de cabe�a conforme demonstrado em diversos estudos, o procedimento tamb�m est� associado a uma redu��o significativa no uso de medicamentos, principalmente no caso de pacientes que sofrem com dores cr�nicas e debilitantes, segundo conclus�o de um estudo recente do Harvard Medical School, publicado no Plastic and Reconstructive Surgery.

A cirurgia hoje � realizada pelas principais universidades americanas, por exemplo em Harvard, e em diversos pa�ses no mundo, assim como no Brasil. Existem sete tipos de cirurgia, sendo que alguns deles podem ser feitos com anestesia local e outros com anestesia geral. "A cirurgia trata apenas os nervos relacionados � sensibilidade, n�o afetando a movimenta��o do corpo. A dura��o da cirurgia, para cada nervo, � de cerca de uma a duas horas, e o paciente tem alta no mesmo dia para casa", finaliza Paolo.