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Idade cronol�gica

Fomos acostumados a enxergar a vida atrav�s da quantidade, e n�o da qualidade. N�o importa quantos anos voc� j� viveu. Importa como voc� est� vivendo"


19/12/2021 04:00











“N�o concordo com a perda de minha vitalidade.Tenho 72 anos e n�o me sinto velha. Ajude-me.”

Joana, de Betim

 Toda luta contra a realidade nos leva ao sofrimento. O que caracteriza a vida � a transitoriedade, a passagem. Ela � o essencial da exist�ncia e nela experienciamos a vitalidade humana, traduzida em fatos, sentimentos, a��es e situa��es que se sucedem no tempo. Viver, portanto, � envelhecer. N�o � � toa que no dia do nosso anivers�rio, dia sagrado do nosso nascimento, os amigos nos desejam “muitos anos de vida”.

Cumprir esse desejo maravilhoso dos que nos amam � envelhecer. Tenho percebido que h� uma grande diferen�a entre envelhecer e ficar velho. Envelhecer � apenas seguir a trajet�ria natural do rio, fluindo no seu destino e no seu caminho. Nesse sentido, todas as pessoas est�o envelhecendo: minhas netas, meus filhos, meus amigos, minha mulher, eu.
 
 
desenho de uma senhora com vários relógios na sua frente
 
Ficar velho � resistir � passagem do tempo � querer o imposs�vel: ser eterno, � desdenhar do transit�rio, querendo a perman�ncia, a seguran�a, o definitivo. Ficar velho � lutar contra a realidade humana, cujo valor fundamental est� no fato de que tudo passa e que tudo deve ser usufru�do. Sempre gosto de repetir que a vida � para ser vivida e n�o para ser conservada. N�o � o envelhecer que d�i ou � ruim. O que nos provoca sofrimento � a ideia que temos do envelhecimento, � a resist�ncia a esse processo, que, no fundo, � uma resist�ncia � vida, � espontaneidade, � beleza do viver.

Outra considera��o que poder� ajudar todos n�s � que envelhecer � f�cil, n�o depende de n�s e, por isso todos envelhecemos, inclusive os animais. O dif�cil, e que � uma escolha, � o crescimento. O verdadeiro prazer da exist�ncia vem do desenvolvimento do nosso potencial.

Pessoas que fizeram um pacto com o crescimento e o aprendizado envelhecem felizes. Aqueles, no entanto, que optaram por observar passivamente a trajet�ria do tempo, cumprindo apenas o processo biol�gico, acabam se emaranhando nas teias da acomoda��o e do medo de morrer. A chave da felicidade � utilizar a vida, desenvolvendo os pr�prios talentos, ao inv�s de lamentar seu curso. A idade avan�ada n�o nos d� o direito de sermos rabugentos, de reclamar, queixar, acomodar ou justificar a pouca vontade de viver. O tempo � sempre nosso aliado e n�o nosso inimigo. Da� minha insist�ncia no fato de que “hoje � o primeiro dia da nossa vida”, nos convidando � celebra��o e ao recome�o.

Aumentar a nossa compet�ncia de viver o momento presente � outro ant�doto contra a ignor�ncia ao envelhecer. Com a passagem dos anos, somos tentados a nos concentrar no passado, principalmente atrav�s da saudade e da culpa. Saudade das coisas boas e culpa pelas coisas ruins. Ou ent�o no futuro, com medo da morte e das perdas.

Um velho s�bio � o que aprendeu, mais do que ningu�m, que a melhor forma de viver � viver no presente, no agora, apenas aprendendo com o passado e olhando em paz para o futuro. O velho est�pido � o que morreu ou est� morrendo antes de morrer, e a melhor forma disso � fixar-se no retrovisor ou no amanh�.

No desenvolvimento humano � natural a perda da vitalidade f�sica, dos movimentos, da sa�de, da disposi��o para muitas coisas. O que n�o � natural � a perda da vitalidade emocional, espiritual, da esperan�a.

Fomos acostumados a enxergar a vida atrav�s da quantidade, e n�o da qualidade. N�o importa quantos anos voc� j� viveu. Importa como voc� est� vivendo. E o que caracteriza a qualidade � a inteireza, a totalidade. Se vivermos com amor, crescendo, batalhando com intensidade, apesar de todos os limites, buscando a felicidade, h� qualidade de vida.

Se, ao contr�rio, vivemos apenas para manter a vida, buscando seguran�a e estabilidade, e medindo quantos anos vivemos ou vamos viver, fomos contaminados pelo processo social do TER, da quantidade, o que nos traz medo e inseguran�a, porque, ainda que n�o queiramos, sabemos que a vida humana � finita e vai-se acabar. J� que vamos morrer, vivamos com entusiasmo e plenitude.

E, finalmente, podemos resumir toda a quest�o do sofrimento ao envelhecer no processo da autoestima. Como nossa sociedade � narcisista, baseada em imagens idealizadas, embarcamos no mito da beleza e da juventude, como se a imagem fosse mais importante que a vida presente no nosso corpo. Que diferen�a faz a idade, se meu cora��o est� batendo, se estou respirando, se posso escutar os sons, apalpar o mundo e celebrar a vida? A felicidade est� na forma de lidar com o mundo e n�o na perfei��o. Autoestima � nos amarmos sem nenhuma exig�ncia ou condi��o. � nos amarmos tal qual somos, com nossas fraquezas, nossas dificuldades, nossas rugas.

Quanto mais envelhecemos, mais gratid�o deve povoar nosso cora��o, como ensinam as antigas tradi��es espirituais, pois que a idade avan�ada nos mostra apenas uma coisa: fomos os escolhidos de Deus para testemunhar, durante longo tempo, a vida que nos foi dada de gra�a. Viv�-la com gra�a e com sabedoria � o que temos de aprender.
    
  Envelhecer � f�cil. O dif�cil � crescer, aprender, amar, apesar do tempo...

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