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Estado de Minas ANT�NIO ROBERTO

Como manter a esperan�a diante de uma perda importante

O pesar pela perda � normal, mas n�o podemos botar em d�vida nosso valor, nossas cren�as, nossa ess�ncia, desejos, nosso lado luminoso


13/02/2022 04:00 - atualizado 13/02/2022 11:14

Ilustração
Enclausurados numa ideia rom�ntica, idealizada de como o mundo deveria ser, n�o aprendemos a �nica coisa que precisamos na viagem humana (foto: ilustra��o)

 
“Estou sem esperan�a, cansado e desesperado porque tive uma grande perda financeira. Tenho uma �tima casa, uma �tima esposa e filhos maravilhosos. Como sair, por�m, desse vazio?”
Paulo Rodrigues, de Vi�osa
 
A pergunta do leitor acima � formada de tr�s partes. A primeira parte � sombria, depressiva, impregnada de dor. A terceira parte � luminosa, afetuosa, prazerosa. No meio das duas ele se coloca na gravidade de sua afirma��o: “Estou sem esperan�a”. A esperan�a � uma forma ativa de enxergar a realidade.
 
O pessimista cronifica as perdas, v� o que falta na sua vida, se emaranha em lembran�as saudosas, guarda rancores e se culpa pelos seus limites.

O otimista nega a sombra, racionaliza o lado desastroso da exist�ncia, cindereliza a vida, s� v� o bom, se perde no mundo do “faz de conta”, e, sem saber, se prepara para a decep��o do pessimista quando eventualmente a casa cair.

O realista tem um olhar objetivo para os dois lados da moeda. Ele tem consigo o compromisso de atravessar as intemp�ries da vida. Ele j� descobriu que viver � ora descer vales, ora subir montanhas.
 
Tem jeito de vivermos (ainda mais se tivermos a gra�a de viver muitos anos) sem perdas, sem doen�as, sem abandonos, sem nos desorganizar de vez em quando, sem injusti�as ou trai��es? Neur�tica � a pessoa que n�o v� o �bvio.

Enclausurados numa ideia rom�ntica, idealizada de como o mundo deveria ser, n�o aprendemos a �nica coisa que precisamos na viagem humana.

Saber lidar com o fracasso quando ele bater na nossa porta. Acho natural que o leitor acima esteja deprimido pela sua situa��o financeira. Ningu�m � convidado a ultrapassar uma perda soltando foguetes. S� um otimista tolo faria isso. Exige-se dele apenas n�o perder a esperan�a ou ficar em um beco sem sa�da, o que � a mesma coisa.
 
Talvez n�o haja a sa�da que, na sua onipot�ncia, ele deseja: que n�o tivesse tido a perda, que ele n�o tivesse cometido erros que o levaram a perder, que n�o tivesse sido passado para tr�s. Mede-se a humildade de uma pessoa, companheira insepar�vel da esperan�a, na hora dos tombos, quando nos deparamos com a fragilidade humana.
 
Por que ser� que, diante do infort�nio, alguns elaboram e aprendem e outros se comprazem em ficar na sombra, esperando que algu�m venha salv�-los? Onde buscar for�as para a travessia? Dentro de n�s. Na reflex�o interna.
 
Muitas pessoas ficaram impressionadas com o intenso sofrimento de Jesus Cristo mostrado pelo filme de Mel Gibson. O que mais me impressionou foi a rapidez com que tudo aconteceu. Ap�s 3 dias da morte estava tudo resolvido: Ele ressuscitou.

O sofrimento faz parte da vida humana. O que n�o podemos � permanecer muito tempo na dor, transformando-a em uma forma de viver. A esperan�a � a ponte entre as atribula��es e nossa ressurrei��o de cada dia.
 
O pesar pela perda � normal, mas n�o podemos botar em d�vida nosso valor, nossas cren�as, nossa ess�ncia, nossos desejos, nosso lado luminoso. E para isso basta fechar os olhos e ouvir o cora��o. Pe�o ajuda a Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena, se a alma n�o for pequena”. Nossa alma � maior que todas as desgra�as.

Nos momentos de maior afli��o sempre h� brechas para o sol entrar. Temos, por�m, de cooperar. Conversar com os amigos, caminhar (mesmo chorando), rezar, dan�ar, agradecer as coisas boas e as pessoas amadas, expressar os sentimentos ruins s�o algumas possibilidades de quebrar a coura�a do sofrimento e deixar que um pouco da gra�a apare�a.
 
Esperan�a � saber que tem jeito. E que n�s temos jeito. Nem que seja mudar o jeito de ver a vida.

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