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Estado de Minas GELEIA URBANA

Quem n�o presta aten��o em cascalho nunca acha diamante

No Edif�cio JK, im�veis quase dobraram de valor em menos de 1 ano; pra entender o porqu� � preciso avaliar tudo sob a �tica do marketing e as leis do mercado


30/10/2023 06:00 - atualizado 30/10/2023 08:40
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Conjunto JK, no Centro de BH
Conjunto JK, no Centro de BH (foto: Wikipedia Commons)


Falava outro dia que o Edif�cio JK tem apartamentos � venda "a pre�o de Minha Casa Minha Vida". Falava n�o, registrava em dois ou tr�s textos ao longo do �ltimo ano.
Tenho - agora - uma not�cia boa e outra ruim.

A boa not�cia � que o Centro de Belo Horizonte continua repleto de im�veis � venda "a pre�o de Minha Casa Minha Vida". A ruim (para voc�) � que no Edif�cio JK, n�o tem mais.

No Edif�cio JK, os im�veis quase dobraram de valor em menos de 1 ano, e a explica��o � bastante interessante, mas para entender precisa ter um olho no gato e outro no peixe. Ou melhor, um olhar para o mercado imobili�rio, outro para a Arquitetura, e avaliar tudo sob a �tica do marketing e as leis da economia do mercado.
Um fato: o Edif�cio JK � �nico. �nico na volumetria, �nico na abordagem, �nico na Arquitetura. Um projeto cl�ssico e disruptivo ao mesmo tempo, e  localizado numa regi�o consolidada, rica em com�rcio, servi�os, transporte p�blico, infraestrutura, Como a cereja do bolo, a vista para a Pra�a Raul Soares.

Outro fato: com mais de mil unidades nos dois pr�dios que comp�em o conjunto, a oferta de im�veis para venda sempre � muito grande. 

Ou melhor era - at� outro dia, mas a soma dos fatores acima (excesso de oferta, pre�o baixo, localiza��o, a Arquitetura) atraiu um conjunto de investidores, muitos arquitetos, que compraram para reformar e fazer renda, atrav�s de aluguel de longo prazo ou por plataformas de aluguel de curta dura��o. Outros para morar, a um pre�o t�o baixo que o dinheiro foi suficiente para reformar o apartamento por completo.
De repente, num curto espa�o de tempo, o Edif�cio JK passou a contar com um conjunto de apartamentos revitalizados com muita qualidade e bom gosto, o que, por sua vez, atraiu um p�blico que sabe valorizar o local onde - agora - moram e se hospedam.

O fen�meno aconteceu, muito possivelmente, de forma pontual e t�mida por algum tempo, at� atingir uma "massa cr�tica", aquele ponto onde a din�mica ganha vida pr�pria e acelera os acontecimentos.

Vou explicar melhor: o ponto de "massa cr�tica" � aquele no qual muita gente se d� conta de um determinado fen�meno, uma marca ou um produto. � quando passa a ser percebido como tend�ncia, e voc� fica se perguntando como n�o viu isso antes.
Se voc� est� lendo esse texto e se perguntando o porqu� de n�o ter levado a s�rio a discrep�ncia entre o valor dos apartamentos do Edif�cio JK at� outro dia, n�o se desespere: � assim mesmo. Esses fen�menos come�am discretos e n�o emitem sinais, exceto para aquelas pessoas que est�o sintonizadas naquele assunto, pr�dio, marca ou produto.

Por outro lado, se isso fez algum sentido e voc� est�, agora, curioso para saber qual ser� a pr�xima oportunidade, o pr�ximo grande neg�cio, a pr�xima tend�ncia, eu tenho o "mapa da mina".
De longe, diamantes s�o facilmente confundidos com o cascalho mais ordin�rio, e permanecem ali, jogados, � espera de um olhar mais treinado.

O mais importante, nesse caso, � saber reconhecer a diferen�a entre um pr�dio qualquer e um pr�dio que tenha uma express�o arquitet�nica verdadeira. S� complicando? Eu explico: uma express�o arquitet�nica verdadeira � aquilo que, quando a gente olha, a gente acha muito bonito, bel�ssimo, intrigante, interessante, enfim, aquilo que te faz deter o olhar e pensar um pouco.

� aquilo que foi ousado (ou audacioso) quando concebido, o que mudou a paisagem do quarteir�o, o que prop�s uma nova abordagem sobre o que seja um edif�cio, ou sobre a forma de morar, ou materiais e acabamentos originais.

Em resumo, aquilo que pare�a digno de um registro na mem�ria, um coment�rio, um entusiasmo, aquilo que, em sua avalia��o, lhe pare�a extraordin�rio. Voc� pode, claro, recorrer a quaisquer fontes nas quais confie, desde que o filtro final continue sendo a sua pr�pria intui��o.
Facilita muito quando uma incorporadora realmente ousada e disruptiva se engaja num empreendimento de retrofit (recupera��o e remodela��o de um pr�dio antigo). Ali, a curadoria da Arquitetura e a sele��o j� foram feitas, o que aumenta muito a chance que o pr�dio re�na as caracter�sticas que fa�am dele uma tend�ncia, um empreendimento de refer�ncia que torna a compra ou o investimento um sucesso.

"Quem chega primeiro bebe �gua limpa", diz o ditado e, nesse caso, a sabedoria popular vale ouro: quem chega primeiro sempre compra mais barato (muito mais, na maioria das vezes); em oposi��o, precisa ter mais paci�ncia e aguardar um tempo maior at� que o empreendimento atinja a "massa cr�tica". 

H� tamb�m os investidores que preferem aderir ao movimento quando o "barulho" j� for aud�vel e a tend�ncia comece a tomar forma, mais facilmente percebida.

No segundo caso, qualquer erro de c�lculo (ou um suspiro, um final de semana, a d�vida) podem reduzir drasticamente a vantagem do investimento: menor risco � sempre igual a menor ganho (ou rentabilidade).
Citei os investidores, mas n�o apenas; o Edif�cio JK est� lotado de moradores que enxergaram a oportunidade e contribu�ram para que o movimento se transformasse nessa tend�ncia. Hoje, moram muito bem em im�veis pelos quais pagaram muito barato.

Quem nem se lembra que o Centro existe pode estar chutando diamante enquanto anda por a�, achando que � s� cascalho. 

E voc�?

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