Na minha coluna de ontem, quarta-feira (23/6), antecipei o potencial explosivo do esc�ndalo do superfaturamento, digo, super-hiper-ultra-mega-blaster-faturamento de 1.000 % da vacina indiana Covaxin. Afinal, n�o � todo dia que um governo nos brinda com o recorde universal de imoralidade na administra��o p�blica.
Em se tratando do governo do amig�o do Queiroz - o miliciano que abasteceu a conta da primeira-dama com 90 mil reais em cheques e que pagava at� a escola dos filhos do senador das rachadinhas e da mans�o de seis milh�es de reais - � que a cobra fuma de verdade, j� que se autoproclama como incorrupt�vel.
PERGUNTAS SEM RESPOSTAS
devoto da cloroquina escalou Onyx Lorenzoni - sim, aquele que recebeu ‘doa��o de campanha’ da Odebrecht pelo ‘caixa 2’, leia-se, dinheiro sujo, para defender o governo. Al�m do ilibado deputado, os pimpolhos Dudu Bananinha e Carlucho se posicionaram nas redes sociais. Mas o Mito, caladinho estava, caladinho ficou.
Acuado, nas cordas, e zonzo por tanta pancada que levou no queixo de cristal, oBem, � at� compreens�vel. Mesmo para um mit�mano cara de pau. Afinal, como responder a:
Por que comprar uma vacina muito mais cara que as demais j� testadas e em uso por todo o mundo, como as da Pfizer e Astrazeneca, por exemplo?
Por que tanta pressa na compra de uma vacina que nem sequer ainda fora aprovada pela Anvisa, para uso emergencial, como as outras?
Por que somente a Covaxin mereceu da Anvisa uma regra especial que permitiu sua importa��o, atrav�s de lei espec�fica - a 14.124 - criada ap�s Medida Provis�ria assinada pelo presidente?
Por que ao contr�rio das demais vacinas (Pfizer, AstraZeneca e Coronavac) o governo federal n�o negociou diretamente com o fabricante, mas sim com uma empresa intermedi�ria?
Por que a ‘press�o descomunal’ exercida sobre o servidor do Minist�rio da Sa�de - irm�o do deputado que afirmou que avisou Jair Bolsonaro sobre o caso - para agilizar o processo?
Por que este mesmo servidor, Luis Ricardo Miranda, sofreu retalia��es no seu trabalho, e por que seu irm�o, Luis Miranda, o deputado descrito acima, foi afastado de seus afazeres legislativos para o governo?
CRONOLOGIA DO CASO
O site O Antagonista apresentou uma cronologia detalhada do caso, onde se pode verificar toda a sua atipicidade. Traduzindo: a enorme mancha de batom na cueca. Acompanhem:
5 de janeiro: Governo Bolsonaro edita medida provis�ria para facilitar compra de vacinas contra a Covid.
7 de janeiro: Executivos da Precisa Medicamentos, representante no Brasil do laborat�rio indiano que produz a Covaxin, participam de reuni�o na embaixada brasileira em Nova D�li.
8 de janeiro: Jair Bolsonaro informa, por carta, ao primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que a Covaxin estar� entre as vacinas escolhidas pelo Brasil para a imunizar a popula��o.
12 de janeiro: Representantes da Precisa formalizam, pela primeira vez, a oferta da vacina Covaxin ao governo federal.
20 de janeiro: Representantes da Precisa se re�nem com t�cnicos da Anvisa.
29 de janeiro: Deputado federal Luis Miranda se re�ne com Jair Bolsonaro, no Pal�cio do Planalto, e diz que “est�o acontecendo algumas coisas no Minist�rio da Sa�de e o senhor vai precisar agir”. O deputado � irm�o do servidor do minist�rio que denunciou o esquema.
30 de janeiro: Deputado Luis Miranda passeia de moto com Jair Bolsonaro e, na ocasi�o, volta a fazer alertas sobre “coisas estranhas” no Minist�rio da Sa�de relacionadas �s negocia��es para compra da Covaxin.
3 de fevereiro: Ricardo Barros, l�der do governo Bolsonaro na C�mara, apresenta emenda para flexibilizar a medida provis�ria sobre compra de vacinas, facilitando as negocia��es para aquisi��o da Covaxin.
11 de fevereiro: �lcio Franco, ent�o secret�rio-executivo do Minist�rio da Sa�de, afirma que a compra poderia ser feita antes da apresenta��o de “dados da vacina de efic�cia geral maiores do que 50%”.
19 de fevereiro: Publicado no Di�rio Oficial da Uni�o (DOU) o extrato de dispensa de licita��o para a compra da Covaxin.
23 de fevereiro: C�mara aprova a medida provis�ria sobre a compra de vacinas, com a emenda apresentada por Ricardo Barros.
25 de fevereiro: Minist�rio da Sa�de fecha contrato com a Precisa Medicamentos, no valor de R$ 1,614 bilh�o, para a compra de 20 milh�es de doses da Covaxin, que ainda n�o tinha aval da Anvisa. Contrato com a Precisa � fechado antes dos contratos com a Pfizer e a Janssen e com o maior valor por dose.
26 de fevereiro: Adriana Ventura e Tiago Mitraud, deputados do Novo, enviam requerimento ao Minist�rio da Sa�de pedindo informa��es sobre o contrato para a compra da Covaxin.
2 de mar�o: Senado tamb�m aprova a medida provis�ria sobre a compra de vacinas, com a emenda apresentada por Ricardo Barros.
10 de mar�o: Com a MP aprovada na C�mara e no Senado, e a emenda de Ricardo Barros contemplada, � oficializada a legisla��o que permite a importa��o da Covaxin.
20 de mar�o: Luis Miranda envia mensagens a um assessor presidencial dizendo que “est� rolando um esquema de corrup��o pesado na aquisi��o das vacinas dentro do Minist�rio da Sa�de. Tenho provas e as testemunhas”. No mesmo dia, Luis Miranda leva o irm�o servidor do Minist�rio da Sa�de e denunciante do esquema da Covaxin, Luis Ricardo Fernandes Miranda, ao encontro de Jair Bolsonaro, e ambos apresentam documentos ao presidente.
22 de mar�o: Luis Miranda envia novas mensagens ao assessor presidencial: “Pelo amor de Deus, isso � muito s�rio. Meu irm�o quer saber do presidente da Rep�blica como agir”.
23 de mar�o: Luis Miranda volta a enviar mensagens ao assessor presidencial perguntando: “O PR est� chateado comigo? Algo que eu fiz?” O assessor respondeu: “Negativo, deputado. S�o muitas demandas”.
31 de mar�o: Anvisa rejeita primeiro pedido para importar Covaxin. Ag�ncia reguladora fala em documenta��o incompleta e aponta outros problemas.
6 de maio: Pal�cio do Planalto veta o nome de Luis Miranda para relatar a reforma tribut�ria.
4 de junho: Anvisa aprova segundo pedido de importa��o da Covaxin, mas com “condicionantes”: a vacina s� poder� ser aplicada em at� 1% da popula��o brasileira, assim como a russa Sputnik V, e somente em “centros especiais”, para caso de rea��es adversas.
22 de junho: Minist�rio da Sa�de informa que n�o efetivou a compra da vacina Covaxin e que ainda n�o fez qualquer pagamento ao laborat�rio.
23 de junho: O Antagonista noticia que Jair Bolsonaro havia sido alertado de poss�veis irregularidades na compra da Covaxin. O deputado Luis Miranda, em entrevista exclusiva a este site, detalha os alertas que deu pessoalmente ao presidente.
23 de junho: CPI da Covid aprova convite para que o deputado Luis Miranda e seu irm�o sejam ouvidos na comiss�o em 25 de junho.
E AGORA?
O Tribunal de Contas da Uni�o (TCU), a Controladoria Geral da Uni�o (CGU) e o Minist�rio P�blico Federal (MPF), al�m da CPI da Covid, mergulharam de cabe�a na hist�ria mais mal contada dos �ltimos anos.
Os pr�ximos dias, ao que tudo indica, n�o ser�o nem um pouco f�ceis para o Cl� das Rachadinhas, sobretudo para o man�aco do tratamento precoce, Jair Messias Bolsonaro. Ele e os seus ter�o muito a explicar.
Nenhum ser pensante fora da bolha id�latra que ainda sustenta a popularidade do ‘mito’ acredita na lisura da segunda ‘alma mais honesta deste Pa�s’ - a primeira, � claro, e autor da frase, � o meliante de S�o Bernardo, aquele cujo o nome n�o se pronuncia, hehe.
Contudo, for�oso reconhecer, e digno de se comemorar, at� ent�o n�o havia nada que desabonasse este desgoverno homicida no tocante (falem a verdade: existe express�o mais brega do que essa?) � corrup��o. Mas agora, h�. E ‘de com for�a’ como se diz nas minhas Minas Gerais.
O marid�o da ‘Micheque’ perdeu de vez sua �nica (e fict�cia!) bandeira. E se o rolo for mesmo desse tamanho todo que parece que �, deixar� o Petrol�o do PT com vergonha pela mod�stia dos percentuais de superfaturamento. Como diz o velho ditado: ‘quem fala demais d� bom dia a cavalo’.