S�O PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A universit�ria Patr�cia Linares, 45, registrou um boletim de ocorr�ncia por inj�ria e difama��o contra as tr�s jovens que gravaram um v�deo em que praticam discrimina��o et�ria contra ela. O documento foi feito na Delegacia de Bauru, no interior de S�o Paulo, na �ltima segunda-feira (20). Nele, Patr�cia argumenta ter sido profundamente insultada e sofrer at� hoje as consequ�ncias da ofensiva realizada por Giovana Cassalatti, Beatriz Pontes e B�rbara Calixto, que teriam causado um alvoro�o em sua vida. H�, agora, seis meses para apresenta��o de uma queixa-crime.
A grava��o em que Patr�cia Linares � atacada viralizou nas redes sociais h� dez dias. Nela, uma das jovens ironiza: "Gente, quiz do dia: como 'desmatricula' um colega de sala?". Em seguida, outra diz: "Mano, ela tem 40 anos j�. Era para estar aposentada". "Realmente", declara uma terceira.
"Gente, 40 anos n�o pode mais fazer faculdade. Eu tenho essa opini�o.", completa a estudante que segura a c�mera.
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Reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que as declara��es s�o, em teoria, pass�veis de enquadramento como crime de inj�ria.
De acordo com Marcos Flor�ncio, professor de direito penal da Universidade Presbiteriana Mackenzie, isso dependeria da comprova��o de expl�cito interesse das alunas em ofender a dignidade da mulher. O crime de inj�ria, que significa ofensa contra a dignidade ou o decoro, � punido com deten��o de um a seis meses ou multa.
Tamb�m � poss�vel, na avalia��o do especialista, compreender a conduta sob a lei nº 9459/1997, que pune crimes resultantes de discrimina��o ou preconceito de ra�a, cor, etnia, religi�o ou proced�ncia nacional, al�m de homofobia. Nesse caso, a pena prevista � de reclus�o de um a tr�s anos e multa.
Apesar das teses, o professor diz acreditar n�o ser criminal a melhor resposta para o caso. "Pode acontecer um processo criminal. Mas, a meu ver, estamos falando de algo socialmente reprov�vel, n�o criminalmente conden�vel. Tudo dependeria de certa maleabilidade ou boa vontade do julgador para enquadrar as falas em algo ilegal, e a lei n�o deve ser reinterpretada", declara.
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Na �ltima quinta-feira (16), o trio autor da grava��o deixou a gradua��o de biomedicina. A informa��o foi confirmada pelo centro universit�rio Unisagrado, onde as envolvidas estudavam, em Bauru.
Com a desist�ncia, um processo disciplinar sobre a conduta das estudantes, instaurado pela universidade, foi encerrado.
Em nota publicada nas redes sociais, o advogado de uma das agressoras afirma que o caso ganhou tamanha propor��o "que as jovens passaram a ser alvo de amea�as de morte e agress�o, o que lhes impede de retornar �s suas vidas cotidianas".
C�sar Augusto Silva, que representa Giovanna Cassalatti, afirma que ela est� com sequelas psicol�gicas. Sobre o v�deo, ele diz que foi compartilhado com um restrito grupo de amigos e que n�o citava o nome de Patr�cia Linares - n�o atentando, segundo a nota, contra a imagem da mulher.
Outra que j� havia se pronunciado sobre o caso foi B�rbara Calixto. Ela afirmou estar arrependida e declarou que o v�deo foi uma brincadeira de mau gosto. "Nunca foi na inten��o de dizer que pessoas de mais idade n�o podem adquirir uma gradua��o, pois n�o tenho esse pensamento. Foi uma fala imprudente e infeliz que tomou uma propor��o que n�o imagin�vamos", disse.
Beatriz Ponte, a terceira autora, n�o se manifestou. Sem sucesso, a reportagem tenta contato com Ponte h� uma semana.