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Estado de Minas DESEJO SEXUAL X ESTRESSE

Como a pandemia de COVID-19 mudou nossas vidas sexuais

Pesquisas indicam um decl�nio na atividade sexual dos casais em decorr�ncia do lockdown %u2014 ser� que � poss�vel reverter essa tend�ncia?


21/05/2021 06:10 - atualizado 21/05/2021 10:30

(foto: ALAMY)
(foto: ALAMY)


Antes da pandemia, muitos casais viviam como "dois navios que se cruzavam durante a noite", diz a terapeuta sexual Emily Jamea de Houston, no Texas.

Antes sobrecarregados com compromissos fora de casa, alguns viram os lockdowns impostos pela pandemia de covid-19 como uma pausa um tanto quanto necess�ria.

Ficar confinado em casa permitia aos casais desacelerar e dedicar mais tempo a momentos �ntimos juntos — pelo menos no in�cio.

"Inicialmente, a pandemia deu �s pessoas a oportunidade de... se reconectar de uma forma que antes talvez s� conseguissem fazer nas f�rias", diz Jamea.

� medida que a pandemia avan�ava, no entanto, come�ou a afetar os relacionamentos �ntimos.

"Para a maioria dos casais, o desejo sexual meio que despencou", revela.

Estudos realizados no mundo todo mostram uma hist�ria semelhante.

Pesquisas conduzidas na Turquia, It�lia, �ndia e Estados Unidos em 2020 indicam um decl�nio na atividade sexual dos casais, assim como em atos individuais, em decorr�ncia do lockdown.

"Acho que grande parte da raz�o para isso � que muitas pessoas estavam estressadas demais", avalia Justin Lehmiller, psic�logo social e pesquisador do Instituto Kinsey, que conduziu o estudo nos Estados Unidos.

Para a maioria, os lockdowns impostos pela pandemia criaram uma atmosfera de incerteza e medo.

Muitos vivenciaram uma ansiedade sem precedentes relacionada � sa�de, inseguran�a financeira e outras mudan�as significativas na vida.

O estresse causado por esses fatores — para n�o mencionar os problemas que surgem quando se passa muito tempo com outra pessoa em um espa�o fechado e apertado — contribuiu para o decl�nio not�vel na vida sexual dos casais.

De certa forma, a covid-19 provou ser t�xica para a sexualidade — mas ser� que seremos capazes de voltar ao nosso "eu" sexual depois que o estresse pand�mico se dissipar? Ou nossos relacionamentos v�o sofrer danos de longa dura��o?

Um decl�nio no desejo

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Como Jamea observou, muitos casais desfrutaram de um pequeno impulso em suas vidas sexuais no in�cio do lockdown.

Rhonda Balzarini, psic�loga social e professora assistente da Texas State University, nos Estados Unidos, descreve esse pico inicial no desejo sexual como uma fase de "lua de mel", quando as pessoas reagem de forma mais construtiva ao estresse.

"Nessa fase, as pessoas tendem a cooperar. � como quando voc� vai at� a porta da casa do seu vizinho e d� ele papel higi�nico se ele estiver em falta", diz Balzarini.

"Mas, com o tempo, � medida que os recursos se tornam mais escassos, as pessoas ficam mais estressadas, a energia se esvai, e a desilus�o e a depress�o tendem a se instalar. Quando isso come�a a acontecer, podemos come�ar a ver casais em apuros."

Balzarini observou esse padr�o em participantes — com 18 anos ou mais, provenientes de 57 pa�ses — de um estudo que ela e os colegas conduziram durante a pandemia.

No in�cio, eles observaram fatores, como a preocupa��o financeira, associados a um maior desejo sexual entre os casais.

No entanto, ao longo do tempo, conforme as pessoas relatavam o aumento de fatores de tens�o e depress�o relacionados � pandemia, incluindo solid�o, estresse em geral e preocupa��es espec�ficas com a covid-19, elas tamb�m relatavam a diminui��o do desejo sexual pelos parceiros.

A grande conclus�o deste estudo, de acordo com Balzarini, � a rela��o entre estresse, depress�o e desejo sexual.

No in�cio da pandemia, os fatores de estresse podiam n�o estar "desencadeando a depress�o" ainda. Mas quando esses fatores de estresse se tornaram prolongados, as pessoas ficaram exaustas.

O estresse est� correlacionado com a depress�o, e "a depress�o afeta negativamente o desejo sexual", diz ela.

Al�m dos fatores de estresse di�rios causados %u200B%u200Bpela pandemia, a amea�a maior do v�rus despontava, � medida que as taxas de mortalidade e hospitaliza��o aumentavam no mundo todo.

Esse perigo constante certamente ajudou a acabar com o clima entre os casais.

"Voc� vai ouvir terapeutas sexuais dizerem algo como: 'Duas zebras n�o acasalam na frente de um le�o'", diz Jamea.

"Se houver uma amea�a enorme bem ali, isso enviar� um sinal para nossos corpos de que agora provavelmente n�o � um bom momento para fazer sexo."

Por esse motivo, "o estresse acentuado leva ao baixo desejo ou dificuldade de excita��o", acrescenta.

Excesso de conviv�ncia

Embora Balzarini tenha ouvido falar de casais tomando banho ou nadando juntos no meio da tarde no in�cio da pandemia, essas experi�ncias mais sensuais do que o normal acabaram "perdendo seu encanto", diz ela.

E deram lugar �s crescentes demandas di�rias, como casas mais bagun�adas, e os casais come�aram a se criticar.

Lehmiller descreve isso como "efeito da superexposi��o", que oferece a oportunidade para "pequenos h�bitos do parceiro come�arem a te irritar".

Balzarini se lembra de algu�m contar a ela que nunca havia percebido quanto barulho seu parceiro fazia ao mastigar at� que come�aram a fazer todas as refei��es juntos durante o lockdown.

Esse tempo maior juntos tamb�m pode diminuir seriamente o apetite sexual.

"Um dos segredos para manter o desejo em um relacionamento no longo prazo � ter algum senso de mist�rio em rela��o ao parceiro e alguma dist�ncia", diz Lehmiller.

"Quando voc�s se veem o tempo todo... a sensa��o de mist�rio vai embora."

Afastadas de suas vidas sociais e profissionais pr�-pandemia, as pessoas tamb�m podem come�ar a perder o senso de identidade, o que pode afetar a confian�a e o desempenho sexual.

As mulheres, sobretudo, tiveram que deixar suas carreiras em segundo plano durante a pandemia, uma vez que as tarefas dom�sticas, a cria��o dos filhos e as demandas do ensino remoto reca�ram desproporcionalmente sobre elas.

"Isso foi muito, muito dif�cil para muitas mulheres", afirma Jamea.

"(As carreiras) s�o uma grande parte da identidade, e levamos tudo o que somos para o quarto. Se n�o sabemos quem somos, de repente, pode parecer que n�o h� nada para levar."

H� salva��o?

Mas o sexo n�o est� necessariamente condenado. Pesquisadores do Instituto Kinsey sugerem um comportamento espec�fico para melhorar a vida sexual dos casais: sacudir as coisas.

Um em cada cinco participantes do estudo experimentou algo novo na cama e isso ajudou a reacender o desejo e a intimidade.

"Pessoas que tentaram coisas novas eram muito mais propensas a relatar melhorias", diz Lehmiller.

Entre as atividades que ajudaram a melhorar a vida sexual dos casais, estavam "experimentar novas posi��es, realizar fantasias, praticar BDSM (sigla em ingl�s para bondage, disciplina, domina��o, submiss�o, sadismo e masoquismo) e fazer massagem", de acordo com o estudo.

Mas para aqueles em relacionamentos em que a atividade sexual diminuiu durante o ano passado e n�o foi retomada, haver� danos duradouros? Depende, dizem os especialistas.

Alguns podem n�o se recuperar "porque tiveram uma falta de conex�o t�o prolongada", avalia Lehmiller.

A pesquisa dele tamb�m mostrou que algumas pessoas tra�ram seus parceiros pela primeira vez durante a pandemia — uma indiscri��o da qual os parceiros podem ter dificuldade de se recuperar.

Outros continuar�o a sofrer com as perdas de emprego relacionadas � pandemia, assim como com fatores de estresse financeiro que pairam sobre os relacionamentos e podem causar atritos.

Mas, para muitos, h� esperan�a. Com cada vez mais pessoas sendo vacinadas, as empresas est�o reabrindo, e alguns profissionais est�o voltando ao escrit�rio.

"As pessoas est�o come�ando a voltar � sua velha rotina", diz Jamea.

Ela est� vendo os efeitos positivos disso nos casais que frequentam sua cl�nica.

Qualquer tipo de retorno � "normalidade" � um bom indicador para parceiros cujas dificuldades come�aram durante a pandemia.

"� poss�vel que alguns desses casais, assim que a pandemia estiver sob controle... voltem a ser como eram antes", diz Lehmiller.

"Quando esse fator de estresse for removido, sua vida sexual vai melhorar."

Leia a vers�o original desta reportagem (em ingl�s) no site BBC Work Life.

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