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Estado de Minas

Medo da vida


postado em 13/01/2019 07:00 / atualizado em 16/01/2019 09:52

“Ant�nio Roberto, estou desesperada. Minha filha tentou o suic�dio ingerindo comprimidos. Ela tem um namorado h� 6 anos. A rela��o deles � bastante conturbada e a tentativa de suic�dio tem a ver com isso. Eles tinham brigado e ele amea�ou abandon�-la. Gostaria que voc� me explicasse: 1º) O fen�meno de algu�m desistir da vida. 2º)O que fazer nesse caso?

>> Rosa, de Belo Horizonte

O natural da pessoa � querer viver com todas as implica��es desse desejo: contato com o mundo, espontaneidade, alegria, constru��o de vida e da realidade, resolu��o dos problemas e amor ao dom da vida. Quando o sistema de conex�o com o mundo est� deteriorado, como no caso da depress�o, o desejo se inverte e a pessoa passa a desejar a morte como tentativa de fugir do sofrimento. 

Diante do medo da vida, dos problemas, das amea�as de abandono, �s vezes entramos em profunda ansiedade. Nosso corpo se prepara para uma luta e temos duas alternativas b�sicas. Ou enfrentamos ou fugimos. 

O suic�dio � um mecanismo de fuga diante da amea�a do mundo, seja real ou imagin�ria. Pessoas muito protegidas, com autoestima baixa, com a sensa��o de impot�ncia e fragilidade, tendem a fugir em vez de enfrentar. Um segundo aspecto da psicologia do suicida � que ele � um grande jogador. As rela��es humanas podem se estruturar de duas formas. Como uma brincadeira amorosa, l�dica, cheia de gra�a e alegria, voltada para o prazer, a amizade, o compartilhamento e a alian�a ou como jogo de competi��o, disputa e hostilidade. Na brincadeira n�o existe quem perde ou quem ganha. Todos ganham. Essa � a forma fundamental do amor. 

O encontro afetivo-sexual s� ser� construtivo se tiver essa caracter�stica. No jogo, ao contr�rio, h� uma tend�ncia � destrui��o, � possessividade e ao desamor, embora nele exista muita paix�o e um forte conte�do emocional. Por isso mesmo, as pessoas confundem o amor com a paix�o. Quando a leitora Rosa fala do relacionamento da filha com o namorado e diz que ele � extremamente conturbado, cheio de amea�as, desprezos, abandonos, ci�mes e rivalidades, ela est� falando que eles se relacionam jogando, e jogando pesado. E o pior e mais cruel desses jogos no relacionamento afetivo � o jogo do ci�me. Por meio dele, um dos parceiros tenta alimentar no outro o medo da perda, do t�rmino do relacionamento, da sua dispensabilidade. 

E quanto mais amea�a recebe, mais o parceiro se apega �quele que produz o medo. Isso ocorre com frequ�ncia em relacionamentos apaixonados, mas onde um deles j� � casado e n�o quer abrir m�o do casamento, enquanto mant�m a rela��o extraconjugal com muita intensidade, embora sem perspectiva de futuro. 

Dentro do processo do jogo, aquele que percebe a possibilidade de ser abandonado tenta manipular e controlar o outro para que a perda n�o se consuma. E o maior controle tentado � produzir no outro medo e, sobretudo, culpa. 

O suic�dio � um jogo extremo. � uma cartada final de uma disputa que j� se desenrola h� muito tempo. A tentativa de suic�dio, de maneira indireta, seria mais ou menos o seguinte: “Tenha pena de mim, sinta culpa por eu tentar me matar, tenha medo de eu morrer e n�o me abandone.” Nesse ato existem muitas raivas reprimidas que se voltaram para a pr�pria pessoa. N�o consentir no �dio dirigido ao parceiro leva � depress�o. A estrutura suicida � a mesma da depress�o. 

Eu me mato para matar psicologicamente a outra pessoa, por meio do remorso que ela provavelmente vai sentir. � um tapa na cara dos que ficam. Sugiro � leitora encaminhar com urg�ncia sua filha a uma terapia, em que, com rem�dios antidepressivos, ela possa reaprender a amar a si mesma, a ressuscitar para uma vida de alegria e sair de todo e qualquer jogo em que ela n�o � valorizada e corre o risco de perder.O autodesprezo e o autoexterm�nio n�o fazem sentido para aquele que aprende a viver e a ser feliz

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