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Estado de Minas COMPORTAMENTO

A trai��o traz sofrimento, mas nos prepara para atravessar outras dores

Somos ensinados a gastar uma enorme energia para evitar o inevit�vel e pouco investimos no aprendizado de como lidar com os infort�nios


postado em 13/10/2019 04:00 / atualizado em 11/10/2019 17:48


 
“Ant�nio Roberto, eu tinha 11 anos de namoro e noivado e descobri que minha noiva estava me traindo havia seis meses com um colega de faculdade dela. Terminei o noivado. N�o a quero mais. S� que gosto dela e estou sofrendo muito. Fico abafado e n�o acho um caminho para esquec�-la. Gostaria de uma ajuda sua.”

Roberto, de Belo Horizonte
 
N�o � poss�vel, a qualquer um de n�s, atravessar a exist�ncia sem perdas, abandonos, trai��es e desilus�es. O envelhecimento, a doen�a, a morte, a perda ocorrer� a todos n�s, devido �s circunst�ncias humanas, que s�o de limites, conting�ncias e imperfei��es. Somos ensinados a gastar uma enorme energia para evitar o inevit�vel e pouco investimos no aprendizado de como lidar com os infort�nios. Independentemente do reconhecimento da “injusti�a” a que o leitor acima se diz submetido, das an�lises generosas a seu favor, o fato � que o que ocorreu, ocorreu.
 
A liberdade, o querer, a autonomia da pessoa, marca indel�vel da nossa constitui��o �, h� um tempo, raiz de intenso prazer e, por vezes, fonte de dor e sofrimento. Sartre dizia: “Meu inferno � o outro”. Resta a todos n�s o dever e a incumb�ncia de lidar com o fen�meno da contrariedade. Muitas e muitas vezes, o mundo ocorrer� diferentemente do nosso desejo e a capacidade de atravessar nossa dor ser� uma salva��o. N�o perder n�o � poss�vel. Ultrapassar a perda � poss�vel. Isso vai nos exigir, primeiramente, muita paci�ncia.
 
Consentir no sofrimento, no choro, no abafamento, na raiva, no ressentimento � o primeiro passo. Expressar esses sentimentos para si mesmo e para os �ntimos � o segundo caminho. Elaborar a realidade � o terceiro portal. O que �, �. Ser feliz � trilhar a trajet�ria da dor. Consente-se no seu sofrimento e aguarde o tempo da esperan�a. Seu cora��o se abrir� a novas oportunidades, � clareza da realidade e voc� ver� com certeza que o mundo, independentemente de sua ex-noiva e de seus comportamentos, est� convidando-o �s mudan�as e � alegria.
 
Somos muito ansiosos e muito controladores. Queremos, com pressa, que as coisas sejam do jeito que imaginamos ser. N�o s�o as circunst�ncias que nos fazem infelizes, mas como lidamos com essas circunst�ncias. Nas mesmas circunst�ncias, uns s�o felizes e outros infelizes.
 
Dizer que � bom ser tra�do, ser injusti�ado, ser desprezado � fugir ao real. Permanecer, por�m, nesse avassalador patamar de comodidade � n�o resolver o problema. A vida � infinita, ao mesmo tempo em que � relativa. � um convite � travessia. Sofra tudo o que voc� tem direito, n�o rejeite nada, mas saiba que, al�m de todas as vicissitudes, h� um amanhecer esperando por voc�. Essa rea��o de persist�ncia, essa teimosia de que a �nica pessoa digna de ser amada e de amar � sua ex-noiva atrasa o caminhar para novos horizontes. Nada � fixo. A natureza do mundo � a flexibilidade. S�o as amorosas possibilidades. “Nada do que foi ser� de novo do jeito que j� foi um dia, tudo passa, tudo sempre passar�” (Lulu Santos).
 
Se o cora��o se abrir, apesar do sofrimento normal e natural, estaremos diante do desconhecido e do inesperado. E descobriremos o verdadeiro mundo, em que as coisas e os fatos ocorrer�o, n�o na ordem em que desejar�amos, mas na ordem das possibilidades.
 
E, com sabedoria, as aproveitaremos com a vis�o final�stica de sermos felizes, �nico mandamento da vida. O que passou, passou e n�o volta nunca mais, mesmo porque: “Hoje � o primeiro dia do resto nossas vidas”. 

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