
“O motivo pelo qual estou escrevendo � que estou em p�nico com essa pandemia. Estou tomando medicamentos e parece que n�o est� resolvendo.Tenho p�nico quase todos os dias. Me ajude!”
Maria Aparecida, de Ribeir�o das Neves
A s�ndrome do p�nico, que tem acometido um n�mero cada vez maior de pessoas, � na verdade um descontrole da ansiedade. A ansiedade � um estado corporal de medo, quando o organismo se prepara para lutar ou fugir. � um estado de emerg�ncia. Quando o perigo � real e iminente a ansiedade � uma defesa natural. Quando, por�m, ela � provocada pelos perigos imagin�rios, ela � uma resposta a um estilo de vida pautado por expectativas, cada vez maiores, no que se refere � vida pessoal, profissional, financeira e outras.
A frustra��o decorrente dessas expectativas irrealistas faz parte da desordem do p�nico. Muitas vezes n�o conseguimos alcan�ar nossos desejos: nossos relacionamentos afetivos n�o s�o est�veis ou felizes como gostar�amos e a situa��o financeira nem sempre � t�o boa, agravada pelo desemprego, separa��es e perdas que aparecem constantemente. Tudo isso aliado a uma mente perfeccionista e, portanto, exigente, faz da nossa vida um perigo iminente.
O nosso corpo entra em alerta m�ximo, provocando um dist�rbio generalizado como sensa��o de cansa�o, de estar no �ltimo furo, sensa��o constante de fadiga, dificuldade para concentrar, irritabilidade, tens�o muscular e dist�rbios do sono. Esse quadro de desordem da ansiedade pode evoluir para o chamado ataque do p�nico. Isso significa que a base � a ansiedade. O p�nico � a manifesta��o dessa ansiedade de maneira intensa, de curta dura��o com outras manifesta��es corporais como taquicardia, palpita��es, sudoreses, tremores, sensa��o de desmaio, dor no peito, n�useas, sensa��o de tonteira, desmaio e outras.
A s�ndrome do p�nico, portanto, � um grande sinal de alerta para o estilo de vida que voc� tem levado. Excesso de obriga��es, o desejo de atender a tudo e todos, a incapacidade de dizer N�O, o medo de ser ego�sta, a culpa, o rigor consigo mesma s�o tra�os comportamentais que nos levam � situa��o-limite: p�nico. Sob este aspecto, ele vem com um grande objetivo: nos chamar para uma mudan�a de vida.
Tem-se disto constantemente que a nossa �poca se caracteriza pela ansiedade, pelo corre-corre, pela acentuada pressa em tudo, pela mudan�a avassa- ladora. Culpar o mundo, a sociedade, a cultura pelos nossos problemas emocionais n�o � de muita valia, a n�o ser um certo al�vio imediato. E tem a desvantagem de nos paralisar no caminho de nossas mudan�as pessoais. O primeiro passo para os que sofrem ou est�o no caminho para sofrer o p�nico � assumir integralmente a verdade fundamental de que n�o s�o as circunst�ncias que nos oprimem, mas a minha rela��o com essas circunst�ncias.
Pior que a press�o externa, � a press�o interna provocada por nossa onipot�ncia de querermos ser perfeitos em tudo. Na verdade, a s�ndrome do p�nico vem dizer algo extremamente simples: voc� precisa parar um pouco, relaxar, divertir-se, cuidar de voc�, descansar, brincar e viver, apesar do grave momento que estamos vivendo com o coronav�rus.
Em vez de n�s mesmos nos protegermos, no sentido de atender �s nossas pr�prias necessidades, n�s nos desdobramos em atender �s necessidades alheias para que protejam e nos amem. Para as pessoas ansiosas � urgente mudar algumas cren�as e valores da nossa cultura que provocam a ansiedade.
A primeira � a cren�a no valor da PERFEI��O. A segunda � a cren�a que para amarmos devemos AGRADAR SEMPRE.
O “N�O” faz parte do amor. Se quisermos ser felizes e compartilhar nossa alegria com os outros, temos de dar um “SIM” a n�s e procurar uma vida mais tranquila, mais divertida, menos respons�vel e, portanto, mais prazerosa. Amar o pr�ximo como a si mesmo! A terceira � querermos controlar aquilo sobre o qual n�o temos o menor controle, como, por exemplo, essa pandemia.