Pandemia e parque fechado: ambulantes da Pampulha relatam dificuldades
Fechamento do Parque Guanabara fez ambulantes mudarem de lugar na pandemia da COVID-19. Eles falam em obst�culos para o com�rcio e problemas financeiros
S�bado na Pampulha: pessoas ainda circulam sem m�scara (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
A pandemia da COVID-19 e o fechamento do Parque Guanabara seguem impactando as vendas dos ambulantes que trabalham na orla da Lagoa da Pampulha e entorno, em Belo Horizonte. Alguns classificaram a movimenta��o no feriado prolongado como “razo�vel”, mas relatam dificuldades.
O Estado de Minas registrou a movimenta��o no ponto tur�stico na manh� deste s�bado (5/6), feriado prolongado de Corpus Christi. Em alguns pontos, o n�mero de pessoas era maior, seja de ciclistas, corredores e fam�lias a passeio. Como ocorre em diferentes pontos da cidade, ainda era poss�vel encontrar frequentadores sem m�scara ou usando a prote��o de forma incorreta.
De m�scara e com dois vidros de �lcool no carrinho, a pipoqueira Maria das Dores Pires, de 64 anos, se protege como pode para continuar trabalhando. “Tem pouca gente ainda. Ontem n�s n�o vendemos nada. Mais cedo tinha mais gente, mas n�o � nem metade do que vinha pra c�”, contou.
Maria das Dores Pires, de 64 anos, 50 deles trabalhando em frente ao Parque Guanabara, fechado por causa da pandemia (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
A vendedora diz que trabalha na Pampulha h� 50 anos. “Trabalho mesmo na porta do Parque Guanabara, mas a situa��o financeira est� muito triste. Estou aqui desde que abriu a pra�a. N�o tem como ficar em casa. Estava dependendo de irm�os para a cesta b�sica, �gua e luz. O pessoal da Newton Paiva, onde eu trabalhei, me ajudou. Juntou uma turma para me dar coisas de comer. O parque (fechado) atrapalhou demais”, conta.
Segundo ela, muitos colegas que tamb�m vendiam alimentos pr�ximo ao parque tiveram de mudar de atividade durante a pandemia, j� que n�o h� autoriza��o para colocar carrinhos na orla, como os de cachorro-quente, por exemplo.
Ela conta que alguns deles acabam com materiais apreendidos pela fiscaliza��o da PBH. “Eles (autoridades) t�m que procurar saber se temos condi��es de ficar dentro de casa, se �gua e luz n�o v�o obrigar a gente a pagar”, reivindicou. Maria das Dores diz, com orgulho, que ajudou a criar 11 irm�os com as vendas na Pampulha, um deles faleceu recentemente. “Estamos pedindo socorro para abrir esse parque, para ter a vida digna que a gente tinha”, pontuou.
Maria In�s Pires, de 58 anos, questiona a fiscaliza��o (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Cabeleireira e maquiadora de forma��o, Maria In�s Pires, de 58 anos, precisou virar ambulante h� alguns anos ap�s um problema em um dos p�s que a obrigou a deixar a profiss�o. Ela tamb�m trabalhava perto do Parque Guanabara e precisou migrar para a orla comercializando brinquados.
Ela classificou o movimento das vendas como “razo�vel”, e questionou a a��o dos fiscais. “A fiscaliza��o cai em cima da gente aqui”, disse a mulher, que tamb�m mora na Regi�o da Pampulha. “Pago aluguel de R$ 800, minha fam�lia est� me ajudando. Cheguei a receber aux�lio (emergencial) no ano passado, mas neste ano nem eu e nem meu filho. Tem muitas m�es de fam�lia (com uma situa��o) igual � minha”, destacou.
Andrielle Soldati, de 31 anos, diz que movimento do feriado prolongado � razo�vel (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
“O movimento ainda est� razo�vel, porque n�o est� mais igual antes. Muita gente est� com medo de sair de casa. Mas, n�o est� ruim, d� para pagar as contas”, avalia Andrielle Soldati, de 31 anos, que vende �gua de coco na Pra�a dos Esportes. Do Bairro Ipiranga, na Regi�o Nordeste de BH, e trabalhando na Pampulha h� 16 anos, ela diz que o maior movimento nos �tlimos dias foi no pr�prio dia de Corpus Christi, na quinta-feira (3/6).
Segundo ela, ainda h� muita gente sem m�scara no entorno, mas que quem se aproximada do carrinho costuma usar. Ela tamb�m oferece �lcool em gel 70% aos clientes. Ela aproveitou a reportagem para fazer uma reivindica��o.
“Deviam colocar um banheiro aqui (na pra�a), todo mundo reclama. E (quero) pedir que as pessoas se cuidem, usem m�scara, para viver um pouco normal, n�o voltar igual antes (na fase restrita). � bom para todo mundo. A gente tem que pensar no futuro, da gente ficar bem, nossos pais, filhos, amigos”, disse.
Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmac�utica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a libera��o de uso emergencial pela Anvisa.