mesa posta de café da manhã

De acordo com o estudo, comer apenas no per�odo ativo resultou em perda de peso dos roedores

Holding Comunica��es/Divulga��o


Mais de 80% dos pacientes de Alzheimer apresentam altera��es no ciclo circadiano, o "rel�gio biol�gico" que regula as fun��es do organismo. Algumas das implica��es s�o a ins�nia e a piora cognitiva � noite, problemas que n�o s�o abordados pelos tratamentos da doen�a, nem mesmo pelas novas drogas voltadas especificamente a ela. Cientistas da Universidade da Calif�rnia, em San Diego (UCSD), apostam em uma nova abordagem — testada, por enquanto, em modelos animais. Trata-se de um jejum alimentar que n�o restringe a quantidade de comida ingerida, mas limita a janela alimentar di�ria.

doen�a de Alzheimer afeta 55 milh�es de pessoas globalmente, segundo a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS). No Brasil, o Minist�rio da Sa�de estima 1,2 milh�o de pacientes, com 100 mil novos casos ao ano. Atualmente, h� poucas op��es de tratamento. Embora novas drogas tenham conseguido uma modesta redu��o do decl�nio cognitivo, elas s�o apenas para o in�cio da doen�a e, por enquanto, custam milhares de d�lares ao m�s.

No estudo, publicado, nesta segunda-feira (21/08), na revista Cell Metabolism, os autores alimentaram camundongos no esquema de jejum intermitente e notaram que, al�m de uma melhora na mem�ria, o c�rebro dos animais tinha menos ac�mulo de prote�nas amiloide. O agregado dessa subst�ncia � apontado como uma das principais causas da doen�a, al�m dos emaranhados neurofibrilares, quando os neur�nios s�o destru�dos e formam estruturas disfuncionais.

Segundo os autores, os resultados obtidos foram t�o positivos que, em breve, o estudo deve ser reproduzido em humanos. Paula Desplats, autora s�nior e pesquisadora do Departamento de Neuroci�ncias, explica que, at� agora, os cientistas acreditavam que as disfun��es no rel�gio biol�gico observado em pessoas com Alzheimer, como a falta de sono � noite, eram resultados da degenera��o do c�rebro. "Mas, agora, estamos entendendo que pode ser o contr�rio", diz. "A interrup��o circadiana pode ser um dos principais impulsionadores da patologia da doen�a." Assim, abordagens com esse foco s�o promissoras para a busca de tratamentos, afirma.

Leia:
 Jejum intermitente realmente funciona? Essa pr�tica � segura para todos?

Segundo a pesquisadora, as interrup��es circadianas na doen�a de Alzheimer s�o a principal causa de interna��o em asilos, pois os cuidadores familiares n�o conseguem acompanhar o ritmo do paciente. "Qualquer coisa que possamos fazer para ajudar os pacientes a restaurar seu ritmo circadiano far� uma enorme diferen�a em como lidamos com a doen�a de Alzheimer na cl�nica e em como os cuidadores os ajudam a lidar com a doen�a em casa."

14 horas

A estrat�gia testada na UCSD foi controlar o ciclo circadiano por meio da alimenta��o. O modelo de animal usado tinha uma neurodegenera��o semelhante � doen�a de Alzheimer em humanos, e as cobaias s� podiam comer em um intervalo de seis horas por dia. Em pessoas, isso equivaleria a 14 horas de jejum di�ria. N�o houve redu��o na quantidade de comida oferecida aos camundongos. 

 

Em compara��o aos animais do grupo de controle, que recebiam comida o tempo todo, os alimentados com hor�rio restrito mostraram ter melhor mem�ria, eram menos hiperativos � noite, seguiam um hor�rio de sono mais regular e apresentavam menos interrup��es durante o sono. Eles tamb�m tiveram melhor desempenho em avalia��es cognitivas do que os demais. Isso demonstra que o jejum foi capaz de ajudar a mitigar os sintomas comportamentais da doen�a de Alzheimer, afirmam os autores do artigo.

Leia: Ci�ncia investiga os benef�cios e cuidados com o jejum intermitente.

Os pesquisadores tamb�m observaram melhorias nos camundongos ao n�vel molecular. Em animais alimentados em um hor�rio restrito, v�rios genes associados � doen�a de Alzheimer e � neuroinflama��o eram expressos de maneira diferente. Os cientistas descobriram, al�m disso, que o controle da alimenta��o ajudou a reduzir a quantidade de prote�na amiloide acumulada no c�rebro.

Novos h�bitos

Como o cronograma de alimenta��o com restri��o de tempo alterou o curso da doen�a de Alzheimer nos camundongos, os pesquisadores acreditam que os resultados possam ser facilmente traduzidos para ensaios cl�nicos, especialmente porque a nova abordagem de tratamento depende de uma mudan�a de estilo de vida, e n�o de um medicamento. "A alimenta��o com restri��o de tempo � uma estrat�gia que as pessoas podem integrar f�cil e imediatamente em suas vidas", acredita Desplats. Segundo a neurocientista, se for poss�vel reproduzir os resultados em humanos, a abordagem pode ser uma maneira simples de melhorar a vida das pessoas que vivem com Alzheimer e de seus cuidadores.

A diretora executiva de pesquisas da organiza��o Alzheimer's Research UK, no Reino Unido, comemorou o resultado. "O efeito do jejum em diferentes aspectos da sa�de e da doen�a continua sendo uma �rea de interesse de pesquisa. Estudos em est�gio inicial sugeriram que o jejum pode ter um impacto em diferentes tipos de dem�ncia, como a doen�a de Alzheimer, mas as pesquisas, at� o momento, n�o foram conclusivas. Agora, esse estudo descobriu que, em modelos de camundongos com a doen�a, restringir a janela de tempo para comer melhorou os sintomas de sono interrompido, a cogni��o e os n�veis reduzidos de amiloide no c�rebro", disse Susan Kolhaas.

Leia: Morre influenciadora vegana depois de anos se submetendo a dieta extrema.

Por�m, ela destaca algumas limita��es. "Como a pesquisa foi realizada em camundongos, n�o sabemos se os efeitos ben�ficos de uma dieta restrita ser�o os mesmos em humanos, quanto tempo durariam quaisquer benef�cios ou quanto tempo precisaria ser a janela de restri��o alimentar para mostrar benef�cios", diz. "Mas s�o estudos como esse que contribuem para a nossa compreens�o fundamental da dem�ncia, o que nos d� pistas importantes sobre como podemos lidar com a doen�a".