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Estado de Minas

O ci�me pode acabar com um relacionamento

M�es dominadoras, possessivas, excessivamente protetoras, criaram homens com medo de amar


postado em 18/08/2019 04:00 / atualizado em 17/08/2019 21:49


 
 
“Ant�nio Roberto, terminei um relacionamento de sete anos por causa de briga e ci�mes. Nosso casamento estava marcado para mar�o. Estamos separados h� dois meses. Quando estou com amigos ou outra garota, fico bem. Quando estou sozinho e sabendo que ela agora pode ter um novo relacionamento com outra pessoa, fico louco e com medo de perd�-la para sempre. O que ser� isso?” 

Marcelo, de Belo Horizonte

S�o in�meros os casos de relacionamento como o de Marcelo: namoros ou noivados que se desfazem depois de um per�odo aparentemente amoroso, ao surgir a necessidade de uma maior defini��o do relacionamento. Esses t�rminos, em geral, s�o provocados pelos homens, gerando nas mulheres um grau excessivo de sofrimento, demonstrado, sobretudo, por uma enorme perplexidade e ang�stia, traduzidas pelas perguntas e observa��es diante do abandono: “Mas ele parecia me amar tanto”. “Ele tinha tanto ci�me de mim”. “Eu fiz tudo por ele”. “A gente se dava t�o bem na cama!”.
O que est� por tr�s desse comportamento? O medo de amar, a incapacidade de amar. Na nossa cultura, os homens, em geral, foram treinados para um verdadeiro pavor de envolvimento. Adoram sexo, o prazer imediato do relacionamento, a sedu��o espor�dica, mas tremem diante de qualquer coisa que signifique compromisso.
 
M�es dominadoras, possessivas, excessivamente protetoras, criaram homens com medo de amar. O que, na realidade, � o medo do abandono. Assim � a manifesta��o do ci�me masculino na nossa sociedade. A indiferen�a masculina � uma defesa preventiva � possibilidade do abandono, da domina��o, da trai��o feminina. O ci�me, ou seja, o medo de perder inviabiliza o amor, que � sempre risco, confian�a e entrega. Da� o fato de o Marcelo ter terminado um relacionamento de sete anos ao se aproximar da possibilidade do casamento. � a chamada s�ndrome do la�o no pesco�o. Ali�s, � comum falar do casamento como forca, pris�o etc.
 
Quando, por�m, ele fica sabendo que ela est� em outro relacionamento, fica “louco de ci�me” e tenta se aproximar. E, se ela aceita a aproxima��o, ele a despreza novamente. E, �s vezes, relacionamentos movidos por essa estrutura ficam anos nesse jogo do vai e volta e com muito sofrimento para ambos. Por isso, a ideia de que o ci�me n�o faz parte do amor, como muitos pensam, mas, ao contr�rio, � uma doen�a do amor. � a erva daninha que, se n�o tratada, sufoca o amor.
A incapacidade de amar � o seguinte: quero todas as vantagens prazerosas do relacionamento (gosto dela), mas meu medo de perder me faz n�o querer os riscos poss�veis do compromisso. E, como sempre, quem tudo quer, tudo perde. Perde, sobretudo, a viv�ncia gostosa do amor, representada pelo companheirismo, sensa��o de inclus�o e pela paz dos que se relacionam com afeto e ternura.
 
Como em todo relacionamento, a m�o � dupla, e essa dificuldade masculina � refor�ada e alimentada pela contrapartida da mulher. Ao contr�rio do homem, em polo oposto, as mulheres, em geral, s�o extremamente carentes. Car�ncia provocada pela aus�ncia ou frieza paterna, realimentada continuamente pela falsa cren�a cultural de que a mulher s� ser� feliz se tiver “algu�m”, se se casar e tiver filhos.
 
Da� o ci�me feminino ser traduzido em um controle excessivo do namorado, ou marido, em um desejo de estarem juntos o tempo todo, sufocando e oprimindo a individualidade do outro. Aqui, a s�ndrome � a do la�o na m�o, pronto para la�ar o homem.
 
Imagine a impossibilidade de um relacionamento em que a mulher, dada a sua inseguran�a e car�ncia, faz de tudo para prender e segurar um homem cuja neurose principal � ter pavor de ficar preso. Relacionamentos dessa natureza, mesmo quando as pessoas se casaram, terminam sempre de maneira traum�tica e, mesmo antes do t�rmino, s�o permeados por brigas constantes, ci�mes, viol�ncias verbais ou f�sicas, constantes t�rminos e voltas e muito sofrimento.
 
O pano de fundo de tudo isso � o ci�me, ou seja, o medo de perder, o medo do abandono, o medo de amar, o medo da solid�o ou o medo do compromisso. Ainda que o ci�me apare�a com v�rias caras, � sempre ele o respons�vel pelo sofrimento na rela��o amorosa. E, em vez de as pessoas tratarem desse sentimento que t�o mal faz �s constru��es amorosas, elas preferem terminar o relacionamento, achando que o pr�ximo ser� melhor.
 
De fato, cada relacionamento � a prepara��o para o pr�ximo, desde que eu cres�a e aprenda a partir das minhas limita��es, sobretudo a partir do meu ci�me, principal inimigo do amor.

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