
“Namorei um rapaz durante quatro anos e meio. H� dois meses, ele simplesmente me abandonou.
Como superar esta perda?
Estou sofrendo demais.”
Barbara, de Sabar�
A vida � feita de perdas, pequenas ou grandes, em maior ou menor grau, mas sempre presentes no nosso caminho humano. E o sentimento de perda � extremamente doloroso. No decorrer da nossa vida, nos deparamos com alguns eventos que s�o avassaladores. S�o os terr�veis momentos das perdas.
Se h� um fen�meno com o qual sempre teremos de lidar � com as perdas, seja pela morte de alguma pessoa querida, seja pelo t�rmino da rela��o com algu�m significativo para n�s, seja pela separa��o, mesmo que tempor�ria, de um filho, um amigo etc.
A gente se sente como se estivesse morrendo. � um vazio terr�vel, acompanhado de muita ang�stia. E, de fato, alguma coisa morre dentro de n�s quando perdemos a presen�a da pessoa amada. A aus�ncia, n�o escolhida, cria uma falta, um fosso ao qual respondemos com muita tristeza.
E � natural que nos sintamos assim. � o chamado luto, aquele momento, ainda que doloroso, muito necess�rio � elabora��o do fato e � acumula��o de for�as para prosseguir na vida. A perda por morte � terr�vel, mas ainda pior � o fim indesejado de uma rela��o amorosa.
Porque se acumulam aqui, al�m da perda em si, a sensa��o de ter sido abandonado, de fracasso, de incompet�ncia e de culpa. E, �s vezes, a pessoa que deu fim ao relacionamento aumenta o sentimento de culpa do outro, real�ando os defeitos do “abandonado”.
E isso sem contar os casos em que n�o se sabe direito o que levou a pessoa a se separar. Lidar com as destrui��es amorosas � uma tarefa dif�cil, mas necess�ria e inevit�vel. A depress�o que acompanha as perdas � provocada pela impress�o de que a vida perdeu o sentido.
As emo��es de alegria, de interesse pela vida, de entusiasmo morrem temporariamente, e d�o lugar aos sentimentos de impot�ncia, de injusti�a e de humilha��o. E talvez a forma mais sadia de lidar com todos esses sentimentos � n�o neg�-los, vivenciando-os com intensidade. Pois a vida, mais cedo ou mais tarde, voltar�.
Quando perdemos algu�m, a gente se torna como uma �rvore podada: seca, fria, aparentemente morta. Passado algum tempo, por�m, surge uma pequena folha, depois outra, depois uma outra e a �rvore se torna, �s vezes, mais frondosa e bonita que antes. A vida � maior que a tristeza. A alegria � maior que a dor. A vida n�o cessa, e tenta irromper em nossos cora��es de todas as formas. A perda � tempor�ria, a vida � definitiva.
O luto � uma quest�o de tempo, pois a noite s� escurece at� a meia- noite, depois come�a a clarear. Pode, �s vezes, demorar um pouco, dependendo da perda e do nosso treino nas vicissitudes do caminho. O sol sempre volta. Quando nos encontramos no meio de um grande sofrimento, na depress�o, por exemplo, temos a impress�o de que a dor nunca vai passar. Todos, por�m, que passaram por grandes perdas sabem que um dia o sofrimento passa.
“E a semente triste, sofrida, turva nos olhos, assim falou: Eu s� preciso de tempo para virar primavera”. Esse � um verso de esperan�a, �nica ponte entre a dor e a alegria. O sofrimento fecha temporariamente o cora��o para novas experi�ncias e novas pessoas. Sempre haver� possibilidade para novos amores e a esperan�a � que abrir� esse caminho.
A paci�ncia com a pr�pria tristeza, a espera ativa dos novos tempos amenizar�o, um pouco, o tr�gico momento da separa��o e nos far�o acreditar que “tudo passa”, o bom e o ruim. Disso � feita a vida. Naveg�-la nos seus altos e baixos � o segredo para sermos felizes.