
“Sou gerente de uma grande
empresa. Tenho um �timo conceito profissional, mas tenho um problema. Sofro terrivelmente quando cometo
algum erro no trabalho e tenho pavor de ser criticado. At� mesmo em casa, nas rela��es familiares”
Alexandre, de Belo Horizonte
Numa sociedade das apar�ncias, a imagem de perfei��o � cultivada de todas as formas. Aprendemos, desde crian�a, atrav�s exatamente da cr�tica, duas grandes falsidades: primeiro, que � poss�vel ser perfeito; segundo, que n�s o devemos ser. A raiz de muito sofrimento psicol�gico e de muitos problemas nos relacionamentos adv�m disso.
A forma infantilizada com que lidamos com o erro nos coloca constantemente em um beco sem sa�da. De um lado, queremos ter sucesso profissional, e para isso queremos ser criativos, inovadores, empreendedores, destemidos.
De outro lado, queremos realizar uma imagem de aceitar sempre. A capacidade de arriscar � incompat�vel com o medo de errar.
De outro lado, queremos realizar uma imagem de aceitar sempre. A capacidade de arriscar � incompat�vel com o medo de errar.
Com o avan�o da psicologia social, o primeiro e mais importante papel gerencial � a capacidade decis�ria. Ser gerente � ser um decision maker. Nisso reside a efic�cia gerencial. Fazer as coisas certas, como diria Peter Drucker. O que � diferente da efici�ncia, que � fazer de maneira certa as coisas.
Um gerente, possu�do pelo dem�nio do perfeccionismo, do medo de errar, ter� enormes dificuldades em tomar decis�es e se encaminhar� automaticamente para uma postura processual, entr�pica, execut�ria, eficiente, mas nem sempre alinhada com os resultados finais da empresa.
O sentimento que nos faz sofrer quando cometemos um erro � o sentimento de culpa. � a tristeza por constatarmos nossa fragilidade humana, a nossa verdadeira natureza de seres limitados e fal�veis. O engra�ado � que todos n�s aceitamos imediatamente o aforisma “errar � humano”.
O sofrimento vem da dificuldade de aceitar que somos humanos. O erro seja de que natureza for, revela quem realmente somos, o nosso tamanho e tamb�m as nossas possibilidades. Desde que queiramos aprender com ele.
O sofrimento vem da dificuldade de aceitar que somos humanos. O erro seja de que natureza for, revela quem realmente somos, o nosso tamanho e tamb�m as nossas possibilidades. Desde que queiramos aprender com ele.
A pessoa culposa, no entanto, rejeita o erro como se n�o devesse existir. V� no erro seu inimigo e uma grande amea�a � sua imagem. Por isso mesmo, em vez de transformar as falhas em mestres, gastam enorme energia em encobrir o erro ou culpar o mundo externo pelos seus deslizes.
H� uma cren�a falsa de que a admiss�o dos erros desmerece as pessoas. O contr�rio � verdade. O que desabona algu�m � a justificativa constante dos pr�prios erros, pois todo mundo sabe que quando algu�m “justifica”, n�o vai mudar.
H� uma cren�a falsa de que a admiss�o dos erros desmerece as pessoas. O contr�rio � verdade. O que desabona algu�m � a justificativa constante dos pr�prios erros, pois todo mundo sabe que quando algu�m “justifica”, n�o vai mudar.
Quando reconhecemos um erro, aumenta a nossa credibilidade. Sabemos que haver� esfor�o no sentido de n�o repeti-lo. H� uma rela��o direta, por isso mesmo, entre compet�ncia e capacidade de admitir o pr�prio erro. O erro faz parte de n�s em todos os aspectos de nossa vida.
Crescer � exatamente tomar consci�ncia de nossa falhas, compreend�-las e mudar. O contr�rio nos leva � acomoda��o e nos coloca o tempo todo em guarda com medo de errar, com a dor de errar, com a culpa de ter errado e com a vergonha de ser descoberto por um erro que queremos esconder.
� claro que as pessoas, em geral, n�o s�o tolerantes com nossos erros, E isso cria um clima desmotivador em muitas organiza��es. Empresas onde o erro � visto como algo absoluto, como algo imperdo�vel, onde as pessoas t�m verdadeiro pavor quando n�o aceitam ou que s�o punidas por isso, por incr�vel que pare�a acumular�o mais erros, mais fracassos e mais perdas.
O motivo � simples: as pessoas ali sofrem com o erro e n�o aprendem com ele, e tendem � repeti��o deles. Quanto mais se treme, mais se erra o alvo.
O motivo � simples: as pessoas ali sofrem com o erro e n�o aprendem com ele, e tendem � repeti��o deles. Quanto mais se treme, mais se erra o alvo.
O medo de errar leva a errar mais. Na educa��o dos filhos, nota-se bem isso. Na rela��o marido e mulher tamb�m. A sugest�o � que n�s sejamos tolerantes com nossos erros. Assim, a cr�tica, fruto, �s vezes, da intoler�ncia alheia, n�o nos atingir� no sentido da culpa. Ser respons�vel pelos erros � diferente de ser culpado por esses.
Responsabilizar-se pela falha cometida significa assumir o erro, tentar reparar o mal cometido e aprender com isso. Culpabilizar-se � apenas sentar e chorar amargamente o leite derramado. Por mais que tenhamos sido condenados a ser perfeitos, ainda � tempo de mudar nossa estreita concep��o moralista.
Estamos na vida para construir ou para n�o errar? Se voc� deseja viver, sem errar, s� h� uma possibilidade: morrer, que, por sinal, � o maior de todos os erros.