“Ant�nio Roberto, por que � t�o dif�cil educar os adolescentes?”
Carolina, Belo Horizonte
Recebemos, diariamente, in�me- ras cartas de pais falando da dificuldade de educar os filhos. Queixam-se da timidez, da rebeldia, da teimosia, da agressividade das crian�as e dos adolescentes.
Educar nunca foi uma tarefa f�cil. Hoje, por�m, a rela��o educadora pais e filhos se reveste de maior complexidade e maiores desafios. N�s, pais, n�o fomos preparados para o mundo atual, globalizado, em profundas mudan�as. Antigos valores, arraigados nas nossas cabe�as, como obedi�ncia, prote��o, controle, est�o dando lugar a novos valores como autonomia, individualidade, capacidade de escolher, mobilidade.
Todos sabemos que os filhos s�o resultados dos pais. Talvez da� a preocupa��o que temos na cria��o dos filhos. Eles s�o aquilo que fizemos deles. Um exemplo vale mais que mil palavras. Os filhos aprendem com o que n�s somos, e n�o com o que n�s falamos. � um grande desafio dar exemplo dos valores que pregamos, estabelecer limites de conviv�ncia com as crian�as e jovens, criar pessoas melhores que n�s, em um mundo de profundas convuls�es e mudan�as.
A educa��o dos filhos, por�m, n�o pode ser objeto de tanta ansiedade. Para come�ar, devemos considerar a nossa imperfei��o humana e, por consequ�ncia, n�o existem pais perfeitos e nem filhos perfeitos. E como os filhos aprendem com o que n�s somos, a grande tarefa paterna e materna � o pr�prio crescimento. Algo que atrapalha consideravelmente nesse assunto � a ideia de que os pais, por serem adultos, j� nada t�m para aprender. Durante um encontro com jovens, pesquisei o que mais os incomodava na rela��o com os pais. A grande maioria respondeu que era o fato de os pais “saberem” tudo. A �nica alternativa hoje, em todos os campos, e especificamente na educa��o, � os pais se deslocarem da fixa posi��o de ensinar e viajar um pouco no espa�o do APRENDER.
S�o in�meras as publica��es hoje dispon�veis sobre o assunto. A maioria dos pais nunca leu um livro sobre educa��o e, �s vezes, nem acha que isso � importante. O resultado � que a �nica bagagem de que disp�em � a educa��o que tiveram, numa outra �poca e com pais que tamb�m n�o aprenderam a educar.
Um americano, Alvim Tofler, escreveu um livro, h� 35 anos, chamado “Choque do futuro”. Ele dizia: “Nos pr�ximos anos, haver� uma mudan- �a t�o intensa na sociedade, t�o profunda, t�o r�pida e t�o global que as pessoas ficar�o chocadas”. N�o h� uma �rea em que esse choque aconteceu com tanta intensidade quanto na educa��o. H� hoje uma verdadeira revolu��o na rela��o com as crian�as e jovens. A educa��o tradicional se baseava em duas finalidades principais: ensinar o filho a subsistir e, para isso, ensin�-lo a competir.
A nova educa��o parte de outro pressuposto. Se o objetivo fundamental da vida � a felicidade, n�o basta o sucesso social e material. Temos de educar o filho tamb�m para o sucesso pessoal. Educ�-lo enquanto pessoa significa educ�-lo para a felicidade. E, por isso mesmo, a �nfase no valor da autonomia. Ensinar o filho a escolher, em vez de escolher no lugar dele. Da� a import�ncia de valorizar o “emocional”. N�o adianta nossos filhos obterem muitas informa��es (e isso o mundo lhes oferece com muita compet�ncia atrav�s da internet e de outros meios digitais) se n�o tiverem intelig�ncia emocional.
A felicidade, o amor e a capacidade de se relacionar bem fazem parte do campo psicol�gico. Educar o filho psicologicamente para a vida � o maior desafio da educa��o hoje. Para isso, como pais, tamb�m devemos crescer emocionalmente, ou seja, aumentar nossa capacidade de nos relacionar com os filhos atrav�s do amor, da bondade e da verdade. Nossos filhos ser�o o que n�s formos no processo de nosso desenvolvimento.