Desaven�as do casal: � preciso olhar para as emo��es de cada um

Jociane, de Uberaba

O casamento encerra v�rias dimens�es. A dimens�o social e perif�rica, diz respeito �s obriga��es: criar filhos, ganhar dinheiro, sustentar a casa, desenvolver as tarefas dom�sticas. � a base material da institui��o.

A dimens�o emocional, amorosa e prazerosa se localiza no desenrolar das rela��es que ali acontecem. Muitas vezes essas dimens�es n�o andam juntas, ocorrendo que o casamento se torna apenas um espa�o material de sustenta��o financeira e pouco esfor�o � despendido na melhoria do relacionamento.

A consequ�ncia � a deteriora��o da conviv�ncia, que � marcada, ent�o, pelas brigas, hostilidades e sofrimento.

 

O relato do casal acima ilustra esse modelo de desprezo pelo aprendizado psicol�gico das rela��es. A maioria das pessoas que se casam imagina que j� sabe se relacionar. Relacionar, � verdade, todo mundo sabe. Relacionar-se bem � outra hist�ria. Qual � a base para uma rela��o? S�o os sentimentos que cada pessoa desenvolveu individualmente na sua vida.

Quando as pessoas que se relacionam s�o ansiosas, angustiadas, depressivas, por exemplo, tendem a rela��es negativas, violentas, ruins. Se, em contrapartida, s�o pessoas que desenvolveram sentimentos de afeto, de respeito, de paz e simpatia, as rela��es estabelecidas seguir�o esses sentimentos.

Dessa forma, � muito importante para o �xito do casamento que o casal tenha bastante consci�ncia das emo��es que est�o prevalecendo em cada um. Normalmente, isso n�o ocorre. Os conflitos s�o vistos, em geral, como provocados pelos atos que cada um fez e n�o pelos sentimentos adoecidos dos participantes do palco conjugal.

N�o raras vezes, as brigas acontecem por fatos banais. Na verdade, o que cada um faz � usado para extravasar sentimentos que j� estavam presentes: raiva, m�goa e irrita��o.

Sem elabora��o do mundo subjetivo de cada um, � imposs�vel um casamento harmonioso e construtivo. A estrutura fundamental do casal acima � de competi��o. Por essa raz�o, durante as brigas eles se ofendem, abusam dos defeitos de cada um e se hostilizam. O sentimento que se localiza atr�s desse comportamento � a inveja.

Os dois disputam para ver quem � superior ao outro, colocam-se como inimigos e se tornam destrutivos. N�o t�m consci�ncia disso, por�m, e assim a rela��o se torna sem sa�da e cada dia pior.

Uma terapia conjugal poderia ajud�-los a localizar o verdadeiro problema e encontrar uma solu��o. N�o existem casais perfeitos. A melhoria cont�nua, no entanto, da maneira como se relacionam, � essencial para que o casamento seja um espa�o de alegria, de crescimento e de coopera��o.

Em todo relacionamento haver� conflitos. Nem sempre o desejo de uma pessoa corresponde ao desejo do outro. Os interesses m�tuos podem ser divergentes. Quando, por�m, a rela��o � presidida por um sentimento amoroso, as pessoas est�o emocionalmente do mesmo lado e procuram negociar uma forma que preserve a rela��o.

O grave � quando a competi��o coloca cada membro do casal em lados opostos e as discuss�es ou brigas n�o t�m por finalidade resolver as quest�es, mas, ao contr�rio, provar superioridade de um sobre o outro. Da� as ofensas, as desqualifica��es e as hostilidades. A� a rela��o realmente se desgasta, provoca outros sentimentos negativos e o sofrimento cont�nuo leva o casal a um desejo de separa��o.

O casamento, que tem por objetivo estabelecer um clima em que cada um separadamente e o casal em conjunto possam expressar seu potencial amoroso, acaba-se tornando um lugar de tristeza, de dor e de desilus�o.

O casamento � uma institui��o essencialmente emocional, e nesse campo � que est� a sa�da para a felicidade a dois.