
O realista tem um olhar objetivo para os dois lados da moeda. Ele tem consigo o compromisso de atravessar as intemp�ries da vida. Ele j� descobriu que viver � ora descer vales, ora subir montanhas.
Tem jeito de vivermos (ainda mais se tivermos a gra�a de viver muitos anos) sem perdas, sem doen�as, sem abandonos, sem nos desorganizar de vez em quando, sem injusti�as ou trai��es? Neur�tica � a pessoa que n�o v� o �bvio. Enclausurados numa ideia rom�ntica, idealizada de como o mundo deveria ser, n�o aprendemos a �nica coisa que precisamos na viagem humana.
Talvez n�o haja a sa�da que, na sua onipot�ncia, ele deseja: que n�o tivesse tido a perda, que ele n�o tivesse cometido erros que o levaram a perder, que n�o tivesse sido passado para tr�s. Mede-se a humildade de uma pessoa, companheira, insepar�vel da esperan�a, na hora dos tombos, quando nos deparamos com a fragilidade humana.
Nossa alma � maior que todas as desgra�as. Nos momentos de maior afli��o sempre h� brechas para o sol entrar. Temos, por�m, de cooperar. Conversar com os amigos, caminhar (mesmo chorando), rezar, dan�ar, agradecer as coisas boas e as pessoas amadas, expressar os sentimentos ruins s�o algumas possibilidades de quebrar a coura�a do sofrimento e deixar que um pouco da gra�a apare�a.