Voc� sempre fala em felicidade. A vida, por�m, est� cada dia mais complicada e isso nos dificulta muito na tentativa de sermos felizes. Qual � o segredo? A procura do prazer? Qual o valor da rela��o afetiva para uma boa qualidade de vida? Com o tempo, serei feliz?”
Fl�via, de Contagem
O maior segredo para a felicidade � compreender e aceitar algumas coisas da vida. A primeira delas � a compreens�o da transitoriedade da exist�ncia, e � da realidade humana a transforma��o, a mudan�a, a passagem e a imperman�ncia.
Lidamos mal com esses fen�menos porque nos deram um profundo desejo por seguran�a, estabilidade e perman�ncia, da� nossa resist�ncia �s mudan�as e nosso apego �s coisas e pessoas.Os grandes problemas das pessoas est�o relacionados a isso: o envelhecimento, a doen�a, as separa��es, as perdas e a morte.
Sofremos pelo fato de o mundo ser de uma forma da qual n�o gostamos, e em vez de aprender no decorrer da vida a gerenciar melhor os inevit�veis fatos negativos, gastamos uma quantidade enorme de energia para control�-los.
A depress�o � um exemplo t�pico de quem se entristeceu profundamente pela vida ser como ela �. A vida � para ser vivida, e n�o para ser mantida. O casamento, a fam�lia, o trabalho e as rela��es s�o para serem usufru�dos, e n�o para serem conservados. A autoestima � a base para a felicidade, a autoavers�o � origem de muito sofrimento. Quando nos aceitamos, h� uma grande chance de transforma��o e de crescimento pessoal.
Quanto ao prazer, temos duas possibilidades de orienta��o: ou somos orientados para a felicidade e o prazer ou para o controle e o poder. A felicidade � uma disponibilidade para a vida e, portanto, para a alegria, o prazer e a plenitude. N�o podemos, no entanto, confundir essa predisposi��o com a necessidade compulsiva para o prazer imediato, tanto o meu prazer quanto a rea- lidade fazem parte da vida e �s vezes temos de abrir m�o dele ou adi�-lo em vista das consequ�ncias.
Quando estamos dispon�veis para a vida, somos abertos ao prazer e �s dores necess�rias. O pesar, a tristeza, a raiva diante de uma morte, por exemplo, s�o necess�rios para resolu��o interna da perda, e a Fl�via pergunta ainda sobre o valor das rela��es afetivas na nossa qualidade de vida.
O homem � um ser relacional, tudo na vida humana est� inserido em relacionamentos. Sem as rela��es n�s nem saber�amos quem somos, e falar que algu�m � feliz � o mesmo que dizer que ele tem bom relacionamento consigo mesmo, com as pessoas e com as coisas. As rela��es ligadas � fam�lia e � amizade s�o tamb�m fundamentais para nosso equil�brio psicol�gico e, portanto, na qualidade de nossa vida. Todas as ou- tras rela��es, embora importantes, s�o secund�rias frente a essas.
A rela��o de trabalho se destaca por fornecer meios que viabilizam as ou- tras rela��es e por permitir a express�o do nosso potencial e pela quantidade de tempo que dedicamos a ela. A rela��o social, p�blica � perif�rica. A sociedade inverteu tudo, colocando as rela��es sociais e do trabalho em primeiro lugar e as rela��es familiares, amorosas para depois. Isso, por�m, n�o significa que as pessoas s� ser�o felizes se estiverem casadas ou namorando.
Confundimos frequentemente o amor com as molduras sociais do amor, e o que nos faz felizes � nossa capacidade de amar e sua express�o, e n�o, como nos ensinaram, possuir ou sermos possu�dos por algu�m. Com o tempo, serei feliz?
A felicidade, assim como a sabedoria, n�o � uma quest�o de tempo. Co- nhe�o pessoas idosas que n�o sabem viver bem e pessoas jovens que o sabem. O importante � a compreens�o da vida. Temos de nos dedicar a esse caminho e nos perguntar continuamente: o que podemos fazer para me- lhorar nossa qualidade de vida?. Temos de expandir nossas procuras: terapias, leituras, atividades corporais, caminhos religiosos, tudo que possa nos ajudar nessa busca.
Devemos aprender a felicidade, pois a sociedade nos ensinou a infelicidade. O sucesso pessoal (n�o o sucesso social e profissional) � poss�vel a todo mundo, e � nossa obriga��o conquist�-lo, independentemente de po- si��o social, do peso, da beleza, da altura, da origem familiar, da sa�de, do fato de estar com algu�m. Ser feliz � estar em conex�o consigo mesmo, se sentir inteiro e, sobretudo, amar.