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Estado de Minas SA�DE

Combate ao HIV: por que redu��o nas infec��es teve pior n�mero desde 2016

Com a pandemia da COVID-19 e outras crises globais, o progresso contra o HIV enfraqueceu, os recursos para contracep��o, tratamento e conscientiza��o diminu�ram


28/07/2022 11:03 - atualizado 28/07/2022 11:03

Teste de HIV
Teste r�pido de HIV (foto: Yannick Tylle/Getty Images)
O n�mero de novos casos de infec��es por HIV mundialmente diminuiu apenas 3,6% entre 2020 e 2021, o menor decl�nio anual de novas infec��es desde 2016.

Entre as regi�es que viram aumentos nas infec��es anuais pelo v�rus est�o Am�rica Latina, Europa Oriental e �sia Central, Oriente M�dio e Norte da �frica.

Os dados s�o do relat�rio "Em Perigo", lan�ado nesta quarta-feira (27/07) pela Unaids, �rg�o da ONU para o tema, que exp�e falhas na resposta global ao HIV.

Com a pandemia da COVID-19 e outras crises globais, nos �ltimos dois anos, o progresso contra o HIV enfraqueceu, os recursos destinados a contracep��o, tratamento e conscientiza��o diminu�ram e, como resultado, milh�es de vidas ficaram em risco.

"Esses dados mostram que a resposta global � Aids est� em perigo. Se n�o estamos progredindo rapidamente, isto significa que estamos perdendo terreno, pois a pandemia de Aids acaba avan�ando em meio � COVID-19, ao deslocamento de popula��es em massa e outras crises. N�o podemos perder de vista os milh�es de mortes evit�veis que estamos trabalhando para impedir que aconte�am", diz Winnie Byanyima, diretora-executiva do Unaids.

Leia tamb�m: HIV: m�dicos anunciam 4º caso de cura no mundo.

Pelo enfraquecimento no combate ao HIV, em 2021 houve aproximadamente 1,5 milh�o de novas infec��es em todo o mundo. Isto � mais de um milh�o de infec��es al�m das metas globais estabelecidas para o mesmo per�odo.

Em m�dia, a Aids tirou uma vida a cada minuto, resultando em 650 mil mortes pelo quadro, apesar do tratamento eficaz do HIV e das ferramentas para prevenir, detectar e tratar infec��es oportunistas.


comprimido de PrEP, profilaxia pré-exposição ao HIV
No Brasil, medicamentos de profilaxia pr�-exposi��o e p�s-exposi��o ao HIV est�o dispon�veis gratuitamente no SUS (foto: nito100/Getty Images)

Brasil � ponto fora da curva

Embora o relat�rio n�o mostre dados espec�ficos da progress�o de infec��es no Brasil, de acordo com o Minist�rio da Sa�de, entre 2019 e 2020 (ano do �ltimo levantamento), houve uma queda de 20,7% (de 37.731 contra 29.917) nos casos de Aids notificados.

"O Brasil sempre foi considerado um exemplo na resposta ao HIV. O Programa de HIV e Aids [vinculado ao SUS] ï¿½ uma pol�tica de Estado e seguiu atuante nos �ltimos dois anos em que a crise de sa�de p�blica causada pela pandemia de COVID-19 centralizou a aten��o e muitos recursos. O pa�s manteve sua capacidade de aten��o � preven��o, diagn�stico e tratamento", afirma Claudia Velasquez, diretora e representante do Unaids no Brasil, � BBC News Brasil.

Durante a pandemia, o Brasil foi um dos pa�ses pioneiros a estender a distribui��o de antirretrovirais para at� seis meses para evitar riscos no recolhimento dos medicamentos e a consequente ruptura no tratamento, al�m de ter feito doa��o de medicamentos antirretrovirais para outros pa�ses em necessidade.

Mas o territ�rio nacional � extenso, e as realidades s�o diferentes a depender de cada estado e munic�pio. O fato de que exista uma oferta p�blica de servi�os de preven��o, diagn�stico e tratamento do HIV e Aids n�o significa que as pessoas efetivamente conseguir�o acessar estes servi�os.


Um exemplo disso � que 27% das pessoas vivendo com HIV no Brasil ainda n�o recebem o tratamento antirretroviral que pode salvar suas vidas.

"No Brasil, diferente do contexto global, a epidemia de Aids � mais concentrada em determinados grupos sociais, as popula��es-chave, especialmente homens que fazem sexo com outros homens e travestis e mulheres transsexuais. Al�m de sofrerem todo tipo de viol�ncia f�sica e psicol�gica por conta da transfobia, no Brasil mulheres trans t�m um risco 40 vezes maior de se infectar pelo HIV do que a m�dia da popula��o", diz Claudia Velasquez.

Leia tamb�m: Mulher com HIV � curada com novo tratamento.

Diminuir a desigualdade dentro dos pa�ses, melhorando o acesso das popula��es mais marginalizadas e perif�ricas aos servi�os, de acordo com o relat�rio do Unaids, � uma das principais formas de impedir a dissemina��o do v�rus.

"As m�ltiplas desigualdades, potencializadas pela discrimina��o e pelo estigma, s�o efetivamente uma barreira de acesso aos servi�os de HIV e Aids por parte das popula��es em situa��o de maior vulnerabilidade, que encontram dificuldades ou se veem impedidas de ter acesso aos servi�os de HIV que podem lhes garantir uma vida saud�vel e produtiva."

"A crise econ�mica impacta mais fortemente as pessoas vivendo em situa��o de pobreza extrema ou mis�ria. Muitas vezes elas se veem for�adas a tomar decis�es dif�ceis, entre se alimentar ou cuidar da sa�de, por exemplo. O resultado � que veem diminu�da drasticamente sua capacidade de buscar o diagn�stico ou dar continuidade ao tratamento do HIV. As popula��es-chave para o HIV t�m, ainda, de lidar com o estigma e discrimina��o, os quais amplificam sua situa��o de vulnerabilidade."

Por essas raz�es, Velasquez aponta que os programas de aten��o ao HIV e � Aids precisam ser baseados em uma perspectiva multisetorial, abrangendo n�o apenas os aspectos biom�dicos, mas envolvendo tamb�m outros servi�os de prote��o social e de desenvolvimento e sustenta��o econ�mica das popula��es mais vulner�veis.

O relat�rio tamb�m mostra que os esfor�os para garantir que todas as pessoas vivendo com HIV tenham acesso ao tratamento antirretroviral que salva vidas est�o falhando. O n�mero de pessoas em tratamento de HIV cresceu mais lentamente em 2021 do que nos 10 anos anteriores.

Enquanto tr�s quartos de todas as pessoas que vivem com HIV t�m acesso ao tratamento antirretroviral, ainda h� aproximadamente 10 milh�es de pessoas sem acesso aos medicamentos. Apenas metade (52%) das crian�as que vivem com HIV em todo o mundo t�m acesso a medicamentos que salvam vidas. A lacuna na cobertura do tratamento do HIV entre crian�as e adultos est� aumentando em vez de diminuir.

O intuito do levantamento, de acordo com o Unaids, � chamar a aten��o dos governos para a urg�ncia de dar uma resposta corajosa �s desigualdades, ao estigma e � discrimina��o.


Pote pequeno com sangue
Se a trajet�ria atual persistir, o n�mero de novas infec��es de HIV pode chegar a 1,2 milh�o em 2025, ano no qual os estados membros da ONU estabeleceram uma meta de menos de 370 mil novas infec��es por HIV (foto: Douglas Sacha/Getty Images)

Desafios para o futuro do cen�rio global

O relat�rio exp�e as consequ�ncias devastadoras que podem resultar da falta de a��o imediata para combater as desigualdades que impulsionam a pandemia.

Se a trajet�ria atual persistir, o n�mero de novas infec��es de HIV pode chegar a 1,2 milh�o em 2025, ano no qual os estados membros da ONU estabeleceram uma meta de menos de 370 mil novas infec��es por HIV. Isto significaria n�o apenas perder a meta, mas ultrapass�-la em mais de tr�s vezes.

De acordo com a Unaids, o momento pede solidariedade internacional e um novo fluxo de financiamento, mas muitos pa�ses de alta renda est�o cortando a ajuda.

O documento tamb�m aponta que o financiamento dom�stico para a resposta ao HIV em pa�ses de baixa e m�dia renda caiu por dois anos consecutivos. Os choques globais, incluindo a pandemia de covid-19 e a guerra na Ucr�nia, exacerbaram ainda mais os riscos para a resposta ao HIV.

O pagamento da d�vida dos pa�ses mais pobres do mundo atingiu 171% de todos os gastos com sa�de, educa��o e prote��o social combinados, sufocando suas capacidades de responder � Aids.

A guerra na Ucr�nia aumentou drasticamente os pre�os globais dos alimentos, amplificando os efeitos negativos da falta de seguran�a alimentar das pessoas que vivem com HIV em todo o mundo, tornando-as muito mais propensas a sofrer interrup��es no tratamento do HIV.

Leia tamb�m: Anvisa aprova medicamento para beb�s e crian�as que vivem com HIV.

Com isso, os recursos para a sa�de global est�o sob s�ria amea�a. Em 2021, os recursos internacionais dispon�veis para o HIV foram 6% menores do que em 2010. A assist�ncia ao desenvolvimento no exterior para o HIV proveniente de doadores bilaterais, que n�o os Estados Unidos, despencou 57% na �ltima d�cada.

Os passos para acabar com a Aids at� 2030, de acordo com a organiza��o, incluem: servi�os liderados e centrados nas comunidades; a defesa dos direitos humanos e a elimina��o de leis punitivas e discriminat�rias e o combate ao estigma e � discrimina��o; o empoderamento de meninas e mulheres; igualdade de acesso aos servi�os de preven��o, diagn�stico e tratamento, incluindo �s novas tecnologias de sa�de; e servi�os de sa�de, educa��o e prote��o social para todas as pessoas, especialmente as afetadas ou vivendo com HIV e Aids em situa��o de maior vulnerabilidade.


- Este texto foi publicado originalmente em
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-62313331

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