“Sou casada h� 16 anos e meu marido recebeu uma proposta profissional para fora de Minas Gerais. Entrei em profundo sofrimento e ang�stia diante da mudan�a. Ajude-me!”
Clarisse, de Belo Horizonte
Apesar de fazer parte intr�nseca da natureza humana o processo de mudan�a, a maioria de n�s resiste ferrenhamente a todo processo de transforma��o. Essa resist�ncia aparece na forma de ansiedade, ang�stia e medo. Sonhamos, como nos ensinaram, com um mundo est�vel, permanente e seguro.
Mesmo quando racionalmente sabemos que a mudan�a � para melhorar nossa exist�ncia, uma trava interna nos paralisa: o medo do desconhecido.
As mudan�as s�o inevit�veis, independentemente de n�s opormos a elas. Haver� algu�m que n�o vai envelhecer, adoecer ou morrer? � obvio que, quando nosso cora��o se abre ao processo natural da mudan�a da realidade, podemos escolher quais mudan�as nos interessam, quais n�o queremos, quais s�o boas, quais n�o s�o.
Se, ao contr�rio, optarmos pelo apego, pela conserva��o, todo convite � sa�da de nossa “zona de conforto” ser� percebido como amea�ador. Isso nos causar� sofrimento e n�o vamos enxergar os novos caminhos de progresso e realiza��o pessoal. A felicidade s� � poss�vel com os p�s em movimento.
Acho linda a lend�ria hist�ria das �guias. A �guia � a �nica ave que vive 70 anos. O mist�rio de ela viver tanto tempo est� em uma crucial decis�o que ela tem de tomar por volta dos 40 anos. Nessa idade suas unhas est�o bastante compridas e fracas. Seu bico j� est� bastante curvado e gasto.

As asas n�o s�o as mesmas pois est�o envelhecidas e grossas, o que dificulta nos voos mais audaciosos, como eram antes. Nesse momento, ou ela aguarda a morte, sem nada fazer, ou encara uma mudan�a que duram cinco meses.
Optando pela vida, ela voa e se recolhe numa montanha, se aninha pr�ximo a um pared�o onde n�o precisa voar. A�, ela come�a a bater seu bico contra a rocha e prossegue sucessivamente nisso at� arranc�-lo e espera, pacientemente, que um novo bico nas�a.
Com o novo bico ela arranca impiedosamente as velhas unhas. Quando as novas unhas aparecem, � hora de arrancar as velhas penas e ela assim o faz. Somente depois de 150 dias, j� com novas penas, ela pode sair para o voo da renova��o e viver mais 30 anos.
Com o novo bico ela arranca impiedosamente as velhas unhas. Quando as novas unhas aparecem, � hora de arrancar as velhas penas e ela assim o faz. Somente depois de 150 dias, j� com novas penas, ela pode sair para o voo da renova��o e viver mais 30 anos.
Esse � um bom exemplo para a nossa trajet�ria humana. Criar novas asas de tempos em tempos, para buscar nossos sonhos, nossos desafios, nossas realiza��es. A acomoda��o, em qualquer n�vel, � lutar contra a corrente da vida.
A aceita��o incondicional de que a nossa vida e transit�ria nos fazem viajantes � procura sempre de novas paisagens, novas rela��es, novos empreendimentos. O maior risco n�s j� corremos: o ter nascido. Agora, � andar. E se eu escolher um caminho de mudan�a e n�o der certo? Mude outra vez.
A aceita��o incondicional de que a nossa vida e transit�ria nos fazem viajantes � procura sempre de novas paisagens, novas rela��es, novos empreendimentos. O maior risco n�s j� corremos: o ter nascido. Agora, � andar. E se eu escolher um caminho de mudan�a e n�o der certo? Mude outra vez.
Certa vez, um amigo, ap�s me expor algumas de suas ideias me perguntou: – Voc� acha que estou no caminho certo?
Perguntei-lhe: – Voc� est� dando algum passo novo na sua vida? Estou, respondeu-me.
– Ent�o voc� est� no caminho certo, conclui.
A vida, as coisas, os relacionamentos, a profiss�o � para serem vividas e n�o para serem conversadas. A mesmice vital � respons�vel pelas depress�es.
A vida est� para o movimento, assim como a morte est� para a in�rcia. Quando n�o mais respondermos �s solicita��es das mudan�as, estamos mortos.
A vida est� para o movimento, assim como a morte est� para a in�rcia. Quando n�o mais respondermos �s solicita��es das mudan�as, estamos mortos.