“Vivo para o meu marido! Fa�o tudo por ele e tudo o que for determinado. S� n�o entendo por que n�o tenho o seu reconhecimento e nossa rela��o n�o � boa. Explique-me!”
Fabiana, de Belo Horizonte

O verdadeiro casamento n�o anula essa individualidade, mas ao contr�rio preserva-a, acrescentando mais um espa�o, o da rela��o. Cada um continua sendo ele e, al�m disso, participa ativamente de um mundo comum. S�o, portanto, tr�s realidades: a do marido, a da mulher e a do casal.
No exerc�cio da pr�pria individualidade, cada parceiro busca energia e alegria para fortalecer a parte em comum.
Quando se perde essa autonomia, em nome do amor ao outro, estabelece-se uma rela��o de dominador e dominado, de escravid�o que, mais cedo ou mais tarde, se traduz em hostilidades, depress�o, cobran�as e m�goas. Ningu�m em s� consci�ncia quer ter prazer �s custas do sofrimento e da submiss�o do outro.
Quando se perde essa autonomia, em nome do amor ao outro, estabelece-se uma rela��o de dominador e dominado, de escravid�o que, mais cedo ou mais tarde, se traduz em hostilidades, depress�o, cobran�as e m�goas. Ningu�m em s� consci�ncia quer ter prazer �s custas do sofrimento e da submiss�o do outro.
Aprendemos que amar � renunciar pelo outro, e esse � um grande problema do casamento tradicional, pois provoca a infelicidade e as dificuldades tanto para os parceiros quanto para a rela��o.
Integrar a minha vida pessoal com a vida conjugal � o grande desafio. Viver por algu�m ou viver de algu�m � o que nos ensinaram. Viver com algu�m � o que temos de aprender para termos rela��es saud�veis e nutrientes.
Integrar a minha vida pessoal com a vida conjugal � o grande desafio. Viver por algu�m ou viver de algu�m � o que nos ensinaram. Viver com algu�m � o que temos de aprender para termos rela��es saud�veis e nutrientes.
Uma certa depend�ncia � natural entre as pessoas, principalmente se est�o pr�ximas, vivem juntos e t�m objetivos comuns, n�o existe casamento sem interdepend�ncia.
Os parceiros pensam um no outro constantemente e gostam de fazer coisas em comum. Isso, por�m, n�o pode ser desculpa para a perda da autonomia de cada um no trabalho, nos gostos pessoais, nas amizades etc. N�o � o que ocorre frequentemente nos casamentos.
Os parceiros pensam um no outro constantemente e gostam de fazer coisas em comum. Isso, por�m, n�o pode ser desculpa para a perda da autonomia de cada um no trabalho, nos gostos pessoais, nas amizades etc. N�o � o que ocorre frequentemente nos casamentos.
A grande fantasia � querer que o companheiro pense, sinta e haja em sintonia total e absoluta com o desejo do outro. A raiz dessa expectativa � acreditar que um completar� o outro. O que � imposs�vel. A rela��o misturada, simb�lica, de dono e escravo, al�m de tumultuada e dolorosa, encerra perigos reais.
Quantas viol�ncias ocorrem entre casais em nome desse falso amor. H� pouco temos, vimos pela imprensa o caso de um rapaz que, por n�o aceitar o t�rmino de um relacionamento, matou sua noiva, matando-se em seguida.
Quantas viol�ncias ocorrem entre casais em nome desse falso amor. H� pouco temos, vimos pela imprensa o caso de um rapaz que, por n�o aceitar o t�rmino de um relacionamento, matou sua noiva, matando-se em seguida.
Podemos deduzir sem nenhuma d�vida que era uma rela��o que, durante algum tempo, um vivia pelo outro, em fun��o total do outro, esquecendo-se do pr�prio crescimento, das pr�prias necessidades e da pr�pria autonomia.
A rela��o de depend�ncia funciona como t�xico e as pessoas envolvidas tornam-se viciadas uma na outra. Quando uma delas percebe a insanidade da rela��o e se cansa do sofrimento e resolve se separar, o outro que continua insano n�o aceita o rompimento e � capaz de loucuras.
A rela��o de depend�ncia funciona como t�xico e as pessoas envolvidas tornam-se viciadas uma na outra. Quando uma delas percebe a insanidade da rela��o e se cansa do sofrimento e resolve se separar, o outro que continua insano n�o aceita o rompimento e � capaz de loucuras.
A rela��o afetiva n�o � para resolver problemas emocionais como ang�stia, inseguran�a, inferioridades, medos infantis, afirma��o de identidade, desejos de dominar ou se submeter. A rela��o afetiva � apenas para partilharmos com o outro nossa capacidade de sermos felizes. Cada um tem de desenvolver essa compet�ncia independentemente do outro.
Quando acreditamos que nossa felicidade depende do outro, ca�mos na tenta��o de controlar o companheiro, atrav�s do mando ou da submiss�o. Nesse momento, a rela��o amorosa que � l�dica, por natureza, torna-se competitiva e, em vez da brincadeira, � o jogo que a determina.
A leitora acima n�o entende por que o jogo de abrir m�o dela pr�pria em fun��o do outro n�o est� funcionando: “Ele n�o tem reconhecimento pelo que eu fa�o”. A quest�o � simples. Ele tamb�m est� jogando. Ele percebeu que toda a “bondade” dela � para ter reconhecimento, � para submet�-lo.
A leitora acima n�o entende por que o jogo de abrir m�o dela pr�pria em fun��o do outro n�o est� funcionando: “Ele n�o tem reconhecimento pelo que eu fa�o”. A quest�o � simples. Ele tamb�m est� jogando. Ele percebeu que toda a “bondade” dela � para ter reconhecimento, � para submet�-lo.
Ele tem medo de mostrar reconhecimento e ela resolver sair da escravid�o. Mulheres que “amam” demais s�o complementares a homens que “amam” de menos.
Para manter a trama perversa ele joga o jogo da indiferen�a, do dif�cil, do que pode abandon�-la a qualquer hora. E ela sedenta de reconhecimento, de afeto, aumenta a submiss�o e ele aumenta a dist�ncia. � um jogo sem fim... E todos perdem.
Para manter a trama perversa ele joga o jogo da indiferen�a, do dif�cil, do que pode abandon�-la a qualquer hora. E ela sedenta de reconhecimento, de afeto, aumenta a submiss�o e ele aumenta a dist�ncia. � um jogo sem fim... E todos perdem.
Imaginem um outro cen�rio: Ela, centrada na pr�pria individualidade, cuidando do pr�prio desenvolvimento, com amizades pr�prias, alegre, amando a si mesma e querendo dele apenas um companheiro para sua alegria.
E ele, da mesma forma, aprendendo a ser feliz sem precisar dominar ningu�m e dispondo a compartilhar sua felicidade com ela. A�, ter�amos o verdadeiro casamento, ou seja, a alegria e n�o as neuroses. Uma boa raz�o tinha o psic�logo Fritz Pearls quando escreveu:
E ele, da mesma forma, aprendendo a ser feliz sem precisar dominar ningu�m e dispondo a compartilhar sua felicidade com ela. A�, ter�amos o verdadeiro casamento, ou seja, a alegria e n�o as neuroses. Uma boa raz�o tinha o psic�logo Fritz Pearls quando escreveu:
Eu sou eu e voc� � voc�.
Eu fa�o minhas coisas e voc� faz as suas.
N�o estou neste mundo para atender �s suas expectativas e nem voc� atender �s minhas.
Eu sou eu e voc� � voc�.
Se nos encontramos assim, � o amor.
Se n�o, o que eu posso fazer?