(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas COLUNA

Seria amor o que sinto por ele?

O prazer m�tuo, partilhado gratuitamente e aliado ao amor, expande a rela��o e a eleva a n�veis cada vez melhores


16/08/2020 04:00 - atualizado 12/08/2020 14:38


“Estou namorando h� dois anos com um rapaz que sempre afirma me amar. No entanto, ele me trata mal, vive falando dos meus defeitos e determina tudo. Encontra comigo quando quer, �s vezes some, depois volta. Sofro muito com isso. Como � poss�vel algu�m amar e fazer isso com o outro?” 
Margarida, de Pouso Alegre

A atra��o entre as pessoas se d� em v�rios n�veis, gerando aproxima��es diferentes. Existem verbos diversos para classificar as intera��es entre as pessoas. A confus�o come�a quando todos eles s�o reduzidos genericamente ao verbo AMAR. N�o existe palavra mais banalizada nas nossas rela��es que o amor.

Essa palavra � usada indiscriminadamente e serve a todos os prop�sitos. Chega-se, �s vezes, a verdadeiros absurdos, como, por exemplo, na famosa frase do marido paranoico que “matou a esposa por amor” (sic).

Compreender a rela��o afetivo-sexual come�a por entender a diferen�a brutal entre o verbo “gostar” e o verbo “amar”. O verbo gostar, que originalmente se aplica �s coisas, como no ingl�s I like, se refere � autossatisfa��o: Eu gosto de chocolate, de cinema, de transar, de ser elogiado etc. � um verbo egoc�ntrico, ligado ao prazer que sentimos na rela��o com o mundo.

O verbo amar, por outra forma, extrapola o conceito do nosso prazer imediato e contempla tamb�m a exist�ncia da outra pessoa, sobretudo nos seus direitos e desejos como pessoa humana, incluindo o principal deles que � viver em plenitude, ou seja, ser feliz. 

No amor voc� deseja a felicidade do outro, se empenha nisso, se interessa por tudo o que possa ajud�-lo a estar bem consigo mesmo. Quando uma rela��o � baseada no “gostar” m�tuo as pessoas s�o coisificadas e a rela��o � sempre de uso e explora��o.

A rela��o ciumenta e possessiva � exatamente isso. O ciumento n�o est� interessado no crescimento do parceiro, tanto que n�o hesita em proibi-lo de trabalhar, estudar, ter amigos, se divertir (a n�o ser com ele), mesmo que essas coisas sejam essenciais para o processo de sua felicidade. Ao contr�rio, deseja a submiss�o do outro � sua vontade, ainda que isso produza sofrimento e perda da autonomia.

Imaginem uma rela��o em que os dois s� conseguem conjugar o verbo gostar. � uma competi��o constante para ver quem manda em quem, quem deve se submeter, quem � o principal.

Acreditar que isso � amor pode levar os parceiros a um pacto diab�lico, que, ali�s � muito comum, no af� de provarem que se amam: � ren�ncia m�tua dos pr�prios desejos, objetivos, da pr�pria felicidade para satisfazer o outro, aplacando-lhe os medos e as inseguran�as.

O resultado � um relacionamento cheio de conflitos, tristezas, choros e cobran�as cont�nuas por mais ren�ncias, julgando-se erroneamente que n�o s�o felizes porque � pouco o que fazem um pelo outro. O prazer m�tuo, partilhado gratuitamente e aliado ao amor, expande a rela��o e a eleva a n�veis cada vez melhores.

Construir uma rela��o � cada um crescer na capacidade de amar.
O gostar simplesmente � um convite ao sofrimento e � destrui��o. Voc�s j� perceberam o vazio presente naquela afirma��o: “Na cama, a nossa rela��o � �tima, mas no relacionamento somos p�ssimos”?

A verdade � que ningu�m pode fazer algu�m feliz. O processo da felicidade � pessoal, inalien�vel e intransfer�vel. E quem n�o der conta de trilhar esse caminho, n�o conseguir� amar e tentar� resolver sua infelicidade �s custas da infelicidade do outro.

A leitora tem raz�o de estar confusa. O namorado afirma amor a ela e, ao mesmo tempo, trata-a mal, desqualifica-a, abandona-a, imp�e sempre a pr�pria vontade, ignorando-a como alteridade. E tudo isso com um prop�sito, ainda que n�o consciente: ter o controle total e absoluto sobre ela para n�o perder seu objeto de prazer, seja sexual, seja emocional, seja de qualquer natureza.

Com certeza o namorado n�o a ama, apesar de gostar muito dela. Ele a deseja demais, tanto que dela ele quer n�o s� o corpo, mas tamb�m a alma. E por que ela se submete a ele? Ser� que ela o ama ou somente gosta dele?

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)