Biles foi muito corajosa, mas, sobretudo, humilde, ao anunciar ao mundo todo que ela n�o � Deus, � fal�vel, � humana e n�o tem voca��o para hero�na"
“O que voc� tem a falar sobre o comportamento da atleta americana, que largou a competi��o, sendo que ela � a mais importante atleta da Olimp�ada de T�quio?
Vanessa, de Belo Horizonte
Existem dois tipos de sucesso. O sucesso social, representado pelo prest�gio, pelo dinheiro, pelo p�dio profissional, pela imagem que a pessoa tem perante a sociedade. Este sucesso � cobrado a cada um de n�s, na medida em que nossa cultura � narcisista, voltada excessivamente para a imagem perante aos demais e, sobretudo, pelo dinheiro que a fama acarreta.
A maioria das pessoas s� conhecem e d�o valor a esse sucesso, que nos oprime e pelo qual dedicamos toda a nossa vida, ainda que soframos muito para consegui-lo.
Existe, por�m, um outro sucesso: o sucesso pessoal, menos valorizado e esquecido pela grande maioria. Esse sucesso pode ser traduzido pela paz interior, pela alegria de viver, pela felicidade.
Esses dois tipos de sucesso n�o s�o contradit�rios entre si, a n�o ser quando um deles se torna absoluto e estabelece um desequil�brio na forma de viver. � quando eles se tornam inimigos, desequilibrando a alma.
Na nossa sociedade, o perigo maior que n�s corremos � da supremacia da obriga��o sobre a devo��o, do sucesso social sobre o sucesso pessoal. Nos casamentos, as mulheres, em geral, se queixam que os maridos se preocupam apenas com o trabalho e menosprezam o lazer, finalidade �ltima do casamento: administrar a alegria do casal. Uma hist�ria do Evangelho:
Jesus tinha duas amigas, as irm�s Marta e Maria. Elas eram bem diferentes. Marta era muito voltada para o trabalho e vivia atarefada com os afazeres dom�sticos, enquanto Maria era mais contemplativa, mais voltada para a natureza, menos estressada.
Uma vez, Jesus estava visitando as duas e enquanto Marta trabalhava, Maria, sentada aos p�s de Jesus, conversava com Ele e curtia as palavras do Mestre. Marta foi reclamar com Jesus: – Senhor, s� eu trabalho nesta casa. Maria � muito folgada. Jesus respondeu: – Marta, Marta, voc� se preocupa com muitas coisas. Maria escolheu a melhor parte e esta nunca lhe ser� tomada.
Simone Biles escolheu cuidar de sua sanidade emocional, em vez de ceder �s enormes press�es que recaem sobre os atletas ol�mpicos. Vi uma entrevista dela, na qual ela diz: “Voc�s est�o falando que eu desisti. N�o desisti de nada. Apenas percebi que meu corpo e minha sanidade mental n�o estavam sintonizadas. Neste momento preciso cuidar de mim e dane-se a minha imagem”.
Depois da entrevista, foi para Arquibancada torcer para a Rebeca. Simone Biles apenas escolheu a sua prioridade naquele momento. Entre se sacrificar (do latim, tornar-se sagrada) preferiu o auto-amor e cuidar da coisa mais preciosa da nossa vida, que � o mundo emocional, que determina o nosso bem-estar no mundo).
Biles foi muito corajosa, mas, sobretudo, foi muito humilde, ao anunciar ao mundo todo que ela n�o � Deus, � fal�vel, � humana e n�o tem voca��o para hero�na.
Foi um comportamento fora da normalidade ol�mpica.A representa��o ol�mpica deu lugar verdadeiro para o corpo e para a sanidade.
Pelo seu exemplo, acho que ela merece uma outra medalha, acima da medalha de ouro: uma medalha de DIAMANTE.