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Estado de Minas ANTONIO ROBERTO

Lixo de vida

A tarefa de construir a pr�pria felicidade exige muita paci�ncia, muito trabalho, muito aprendizado e, sobretudo, muita responsabilidade


10/01/2021 04:00 - atualizado 08/01/2021 13:49



“Minha vida � um lixo, puro fracasso! Preciso mudar urgentemente! Meu casamento est� um desastre, v�rios problemas profissionais e passo por grandes dificuldades financeiras. Tenho buscado por todos os lados melhorias, mas quando meu destino vai melhorar?”


Adriano, de Manhua�u
 
  
A base do fracasso humano � acreditar na sorte e no azar. Numa sociedade supersticiosa, � bastante difundida a cren�a no destino. Quase todas as pessoas acreditam nisso. E a consequ�ncia principal dessa vis�o fatalista da exist�ncia � n�o assumir responsabilidade pela pr�pria vida.

Tudo, absolutamente tudo, que nos acontece tem, em maior ou menor escala, nossa participa��o. Isso obviamente n�o significa que podemos controlar todos os acontecimentos e que a vida ser� totalmente como a queremos. Significa apenas que somos respons�veis pela nossa vida e podemos melhor�-la, aprender com nossos erros e ter uma exist�ncia cada vez mais feliz.
 
A tarefa de construir a pr�pria felicidade exige muita paci�ncia, muito trabalho, muito aprendizado e, sobretudo, muita responsabilidade.

O que significa responsabilidade? A palavra vem do latim: respondere. Respons�vel � aquele que responde pelos seus pensamentos, pelos seus sentimentos, pelas suas a��es. Ningu�m � encarregado de me fazer feliz e nem eu sou respons�vel pela felicidade de outrem. Cada um � respons�vel por ele pr�prio, e esse � o primeiro e definitivo sinal de maturidade. A crian�a, por n�o deter ainda os principais instrumentos do viver, n�o pode evidentemente ser dona de todas as suas a��es. � medida, por�m, que vai crescendo ela vai assumindo n�o s� o direito de escolher seus caminhos como de responder por eles.

A formula��o da pergunta do leitor revela uma personalidade infantil, imatura, que culpabiliza “a vida” e “o mundo” pelo que lhe acontece. Algu�m me fazer seguro e feliz � imposs�vel se se acreditar que depende unicamente dos outros a concretiza��o do nosso bem-estar. Transferir para outrem a pr�pria realiza��o gera muita cobran�a e controle nos relacionamentos.

Acabamos tentando controlar as a��es dos filhos, da esposa, do marido, dos pais para que sejamos felizes. N�o seria muito mais f�cil e vis�vel que cada um conquiste sua felicidade e depois v� desfrut�-la na companhia dos outros, que tamb�m a conquistaram por eles mesmos? Assim eu penso o amor. A uni�o de alegrias.

Quando esperamos fora de n�s a felicidade, nos esquecemos de n�s mesmos, colocamos nossas necessidades em segundo lugar e perdemos o autoamor. A postura de “v�tima” � n�o acreditar que podemos mudar nossas vidas, exatamente por acreditar no destino. Os acontecimentos exteriores de nossa vida s�o resultados diretos de nossas atitudes internas. Cada um faz seu pr�prio caminho, ainda que n�o tenha consci�ncia disso. Acreditar nisso � o primeiro passo para uma vida melhor.

Viver � escolher o tempo todo. Nossa estrada � constru�da atrav�s de uma sucess�o de escolhas. E cada ato, por mais insignificante que seja, tem uma consequ�ncia. Assim, os pr�prios erros e aprender com eles � que garantem uma vida de aperfei�oamento cont�nuo. Sempre erramos e sempre vamos errar. Ningu�m � perfeito. Podemos, por�m melhorar a qualidade de nossa trajet�ria na nossa vida em todos os sentidos. Isso s� acontece, no entanto, se pararmos de acusar o mundo e outras pessoas pelos nossos problemas.

A maioria das pessoas, no entanto, se julgam perseguidas pelo azar e censuram todos, menos a si pr�prias. Recusam a responsabilidade de seus relacionamentos malsucedidos, dos seus problemas, vivem se queixando de tudo e de todos e n�o reconhecem a estreita liga��o entre o que lhes acontece e as suas atitudes mentais. S�o pessoas que n�o delimitaram o pr�prio espa�o na vida. Na verdade, n�o existem enquanto indiv�duos e s�o totalmente “misturadas” com os outros.

A prote��o excessiva aos filhos cria neles esta incompet�ncia de ser donos da pr�pria exist�ncia, das pr�prias escolhas. Atr�s de todo filho irrespons�vel h� pais que protegem e que “escolhem” no lugar do filho. Os limites s�o a porta de relacionamentos sadios. O limite nos faz firmes e conscientes de nos relacionarmos com os outros sem sufoc�-los com nossos controles. Confian�a em si mesmo � apenas saber que, apesar de imperfeitos, respondemos pela nossa vida.

Sem autonomia, � imposs�vel ser feliz. Ser respons�vel � ter a humildade de assumir nossas quedas, nossos erros, nossas dificuldades. � escolher novos caminhos se a vida n�o estiver boa.

N�o existem v�timas do destino. N�s somos sujeitos da nossa hist�ria e podemos transmutar as dores da exist�ncia humana. Sorte � estar de olho aberto e aproveitar as oportunidades. Azar � esperar que a felicidade caia do c�u. Feliz de quem acredita, no fundo do cora��o, na sabedoria da antiga can��o: “Quem sabe faz a hora, n�o espera acontecer”.

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