“SOCORRO!!! Desde que minha m�e morreu, tenho engordado. Fa�o dieta, mas n�o consigo ir at� o fim. Me ajude!”
>> B�rbara, de Itajub�

"N�o se trata de apenas resolver a est�tica corporal, mas viver mais tranquilamente, mais saudavelmente e, portanto, ser mais feliz."
H� uma rela��o direta na forma como nos alimentamos e nossos estados emocionais. O excesso na comida deixou de ser visto apenas como o pecado capital da gula e passou a ser considerado, na maioria dos casos, como problema psicol�gico. Submetidos a intensas press�es, tanto externas quanto internas, vivemos um grau excessivo de ang�stias, ansiedades e depress�es.
E um dos mecanismos que aprendemos a adotar para aplacar esses sentimentos � recorrer � comida. Dessa forma, os sentimentos influem decisivamente na forma como nos alimentamos. Por que buscamos na comida aux�lio para nossas dores emocionais?
Aprendemos isso desde a inf�ncia. O rec�m-nascido experimenta um imenso prazer ao ser amamentado. E esse prazer � duplo: sacia a fome e oferece aconchego corporal. Esses dois prazeres acalmam a crian�a. Tanto que � comum a m�e dar peito ao nen�m apenas para acalm�-lo. A� est� a vincula��o prim�ria entre comida e afeto. Esse v�nculo, �s vezes, permanece durante a vida e o alimento passa a ser uma forma de acalmar a ansiedade, a ang�stia e a depress�o, sentimentos que demonstram a aus�ncia de afeto e de prazer.
Essa liga��o entre comida e fuga da dor � refor�ada mais tarde por n�s mesmos e por outras pessoas. Quantas vezes as m�es oferecem comida aos filhos mesmo maiores quando eles est�o tristes. Em situa��es limites, como por exemplo, na morte de algu�m, � comum a preocupa��o de que a pessoa que sofreu a perda se alimente.
Em um vel�rio recente da m�e de uma amiga minha, observei que v�rias pessoas falavam insistentemente que ela precisava comer alguma coisa. O h�bito de aplacar as dores emocionais com a comida existe tamb�m na rela��o com as drogas, com o sono, com o sexo, ou com qualquer coisa prazerosa.
Entre todos os prazeres, por�m a comida � o mais f�cil de se obter e o menos condenado socialmente. Da� o crescimento mundial na compuls�o para a comida. Estabelecido esse sistema compensat�rio, a dieta apenas n�o resolve. Com ela atacar�amos somente o sintoma de aquisi��o de peso, mas a causa continua intoc�vel. Por isso a dificuldade que as pessoas t�m de seguir um regime alimentar ou de voltarem a engordar algum tempo depois de uma dieta bem-sucedida. Um tratamento psicol�gico para resolver a ansiedade, a ang�stia ou a depress�o torna-se, nesse caso, um instrumento fundamental.
No caso espec�fico da leitora acima, um psic�logo iria ajud�-la a elaborar o fator desencadeante da sua ang�stia que foi a perda da m�e. Apesar de haver um fator fisiol�gico que leva as pessoas ao consumo de determinados alimentos como, por exemplo, o chocolate, que ajuda no equil�brio da serotonina, a quest�o fundamental da compuls�o para a comida est� na ansiedade.
Hoje, qualquer tratamento s�rio da obesidade inclui ansiol�ticos e ou antidepressivos. A ansiedade tornou-se um estilo de vida para a maioria de n�s. As press�es internas aprendidas e acumuladas durante nossa vida nos fizeram perder contato com nossa pr�pria natureza. Nossos ritmos j� n�o s�o ditados pela naturalidade. Ao contr�rio vivemos em um corre-corre incessante que nos traz desgaste e stress.Trabalhar sistematicamente a ansiedade � fundamental para acalmar nosso corpo nas suas impulsividades e, no caso, a impulsividade para a comida.
O exerc�cio f�sico, o relaxamento muscular, a dedica��o a atividades que nos tranquilizam: escutar m�sica, cuidar de plantas, trabalhos manuais, ora��es etc. podem nos ajudar nessa mudan�a. A quest�o, portanto n�o � de for�a de vontade. � mudan�a de h�bitos do estilo de vida.
O emagrecimento � um processo e uma ocasi�o para um crescimento mais global. N�o se trata de apenas resolver a est�tica corporal, mas viver mais tranquilamente, mais saudavelmente e, portanto, ser mais feliz.