
“Gostaria de sua ajuda em um problema: minha timidez. Tenho perdido in�meras oportunidades, pois sou totalmente inibido. Tem jeito? Obrigado.”
Ivair
A palavra timidez vem do latim timor, que significa medo. � o medo do que os outros v�o pensar de n�s. � o medo de desagradar, de errar, de nos comprometer. � o medo dos outros.
A timidez nos atrapalha em todos os n�veis de nossa vida. No campo profissional, h� uma exig�ncia, cada vez maior, de pessoas desinibidas, capazes de “vender” algumas ideias, de falar em p�blico, fazer confer�ncias etc.. Na vida escolar, h� sempre apresenta��es de trabalho para os colegas. Na vida amorosa, a abordagem da outra pessoa � o come�o de tudo.
Para o t�mido, tudo isso � um supl�cio. A ansiedade, com todas as suas desagrad�veis consequ�ncias – cora��o disparado, pernas tr�mulas, m�os frias, desconforto geral – vai a mil quando o t�mido se sente observado ou tem que tomar uma iniciativa p�blica. � o medo do “palco”.
Para evitar esse constrangimento, a pessoa se retrai do conv�vio social, das festas, do namoro, limitando extremamente a sua vida. A exist�ncia humana se define pela rela��o com o mundo. O sentimento de inclus�o e de partilhamento nos faz sentir a plenitude da vida. A timidez � exatamente o contr�rio disso e tem por objetivo nos “excluir” das coisas mais importantes: sexo, amor, alegria, brincadeiras.
Mas, qual a causa da timidez? A primeira delas e mais importante � a Vaidade. Na nossa cultura competitiva, somos muito condescendentes para com os t�midos, na medida em que n�o nos importunam e n�o vemos, � primeira vista, o grau de orgulho e vaidade que comp�em a timidez.
A vaidade do t�mido consiste no seu perfeccionismo, na inaceita��o de natureza humana, no medo de errar. � o medo do rid�culo, de dar um fora, de receber um n�o, de “n�o saber”, de ser malvisto que nos levam ao retraimento. Quem aceitou, com humildade a sua condi��o de ser imperfeito, sempre passivo de erros, quedas, inadequa��es e fracassos, arrisca muito mais, n�o temendo excessivamente o julgamento das outras pessoas.
Nossa sociedade � narcisista e, por isso mesmo, somos profundamente apegados �s nossas imagens e temos muito medo das cr�ticas.
Crian�as muito protegidas ou muito criticadas desenvolvem, desde cedo, o processo da timidez.
A segunda causa da timidez, relacionada com a primeira, � a autoestima baixa. Pessoas muito r�gidas consigo mesmas, que exigem o m�ximo de perfei��o, ao esbarrar com sua condi��o humana e, portanto, com seus defeitos e fragilidades, acabam n�o gostando de si pr�prias. A timidez, nesse caso, aparece como uma prote��o, para que os outros n�o percebam “o absurdo” de quem n�s somos.
O t�mido projeta nos outros a pr�pria inaceita��o. Todos n�s somos rid�culos, todos n�s damos fora, todos escorregamos, todos, de vez em quando, fazemos papel de bobos. A autoestima elevada vem da aceita��o de n�s mesmos como somos, e n�o da realiza��o da imagem idealizada que fazemos de n�s.
O t�mido projeta nos outros a pr�pria inaceita��o. Todos n�s somos rid�culos, todos n�s damos fora, todos escorregamos, todos, de vez em quando, fazemos papel de bobos. A autoestima elevada vem da aceita��o de n�s mesmos como somos, e n�o da realiza��o da imagem idealizada que fazemos de n�s.
E a terceira causa da perman�ncia na timidez � acreditar que devemos primeiramente venc�-la para depois agir. � exatamente o contr�rio. Temos de enfrentar os nossos medos, for�ando nossa participa��o social, indo ao encontro do “outro”, falando em p�blico, apesar de tudo.
Com o tempo, as situa��es que nos amea�am e que s�o desconfort�veis v�o-se tornando pouco a pouco mais agrad�veis. N�o � poss�vel acabar com a timidez para depois enfrentar a vida. Por�m, � medida que vamos nos aventurando em situa��es para n�s embara�osas, mesmo for�ando um pouco, o medo vai diminuindo.
Com o tempo, as situa��es que nos amea�am e que s�o desconfort�veis v�o-se tornando pouco a pouco mais agrad�veis. N�o � poss�vel acabar com a timidez para depois enfrentar a vida. Por�m, � medida que vamos nos aventurando em situa��es para n�s embara�osas, mesmo for�ando um pouco, o medo vai diminuindo.
Pode at� haver uma certa gradua��o nesse enfrentamento, mas sem ele jamais sairemos da redoma constru�da pelo nosso orgulho. A zona de conforto, na qual se instala o t�mido, � uma grande prote��o para seus medos, mas o impede de viver em plenitude seus desejos e sua liberdade. Todo esfor�o, nesse sentido, ser� recompensado por uma exist�ncia mais rica e mais satisfat�ria.